Uma semana depois da estreia de Deadpool os cinemas continuam tendo grandes filas para as compras de ingressos do filme, pelo menos onde eu fui estava assim. Quer saber por que das filas? Acompanhe a crítica.

Imagem: IMDB
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Deadpool não é um membro dos filmes de grande investimento (verba) das adaptações da Marvel, passa um pouco longe deles na verdade. Em muitos momentos parecia que seria um desafio fazer um ótimo filme com pouco dinheiro, e o fato da verba ser mais curta que o habitual causaria em Deadpool uma simplicidade que não somos acostumados a ver nos filmes de Captão América, Thor Homem de Ferro, que esbanjam grandes efeitos visuais. Mas o Sr. Pool fez seus efeitos serem simples e ao mesmo tempo maravilhosos.

O filme fugiu completamente dos clichês de primeiro filme de um personagem de quadrinho, digo isso porque a preocupação é mostrar como ele foi criado, como ele era, o que ele fazia e o que ele faz, isso geralmente é uma via de mão dupla porque a personalidade do personagem tende a mudar durante a sua transformação. Em Deadpool não, Wade Wilson é aquilo ali, é o babaca, o fanfarrão, o boca suja e tudo mais.

Mesmo com Deadpool sendo um “teste” para a FOX saber se o filme emplacaria, Pool, foi muito subestimado por quem o fez, era certo que o sucesso dessa vez iria chegar, afinal é um dos personagens de quadrinhos mais famosos e adorados pelo público. Além disso foi a provável última chance de Ryan Reynolds de emplacar um papel do gênero em sua carreira. Depois do fiasco que ele fez em X-Men – Origens: Wolverine ,Reynolds, precisava fazer a atuação da vida dele. Haviam duas opções: se consagra de vez, ou seja massacrado pelo resto da vida e condenado a fazer filmes pequenos de pouca visibilidade. Sendo realista ele entrou para hall dos melhores atores em filmes derivados de HQ, mesmo que o Deadpool anterior e o Lanterna Verde sejam dignos do esquecimento.

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Sobre Ryan Reynolds, o ator teve uma atuação maravilhosa durante o filme, mas fora das gravações o marketing feito por ele mesmo, os vídeos, as fotos e as frases contribuíram muito para Deadpool ser um dos melhores filmes de um ano com Batman VS Superman, Esquadrão Suicida, X-Men, Doutor Estranho, entre outros longas que prometem.

A linguagem utilizada no roteiro foi perfeita, ela realmente foi retirada dos balões de falas dos quadrinhos e colocada no roteiro de Rhett Reese e Paul Wernick. Além do humor negro, Pool, era cheio de referências, principalmente ao próprio Pool de X-Men que citei e ao Lanterna Verde. Dentro dessa linguagem algo que chamou bastante a atenção foi o personagem bater na tecla de que ele até pode ser super, mas não é herói. Isso se deve pelas tentativas frustradas de Reynolds em fazer papel de herói, então “por favor, não me chame de herói, eu não quero estragar o papel da minha vida”.

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Fora das referências tivemos a participação colossal do Colosso (feito em um CGI maravilhoso) e da Míssil Adolescente Megassonico, que trouxeram um tom um pouco mais sério e ao mesmo tempo mais leve, tipo, nós queremos fazer o bem, da maneira certa, e os nosso filmes dos X-Men precisam de uma leve dose de humor e você, Deadpool, seria o cara certo para isso. Essas tiradas para tentar levar o Pool para o lado dos X-Men é algo que talvez não venha a acontecer, foi para saber se os fãs querem um tom de humor em X-Men, mas sinceramente os filmes dos mutantes já estão bem adiantados e mesmo que o motivo fosse o alivio cômico, não faria muito sentido colocar o Deadpool nos filmes só para isso.

Mas o filme não foi feito apenas por Ryan Reynolds, no elenco ainda tivemos a brilhante participação de Stan Lee, que aos 93 anos não perde nenhum filme da Marvel. Morena Baccari, a brasileira natural do Rio de Janeiro, teve uma atuação boa, a atriz que é conhecida da série de Gotham não brilhou tanto, mas teve boa participação durante a evolução da história. Outros personagens como a dupla de vilões foram bem, Francis (Ed Srkein, participou da 3ª temporada de Game of Thrones) teve o destaque maior pela sua importância na história, trazendo um vilão “com sotaque britânico” que serviu para um primeiro filme.

Em si, Deadpool, é um dos melhores filmes solo de um personagem de HQ já feito no cinema e trouxe também uma das melhores adaptações para as telonas por motivos simples e diretos, por exemplo, apresentar todas as características do seu principal de uma forma rápida, sem precisar de duas horas e meia para dizer “este é o Deadpool”.

Imagem: Adoro Cinema
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Não vou dar nota máxima nessa crítica por um único motivo, pode ser um detalhe nada a ver, mas os flashbacks foram muito bem construídos, e encaixados, mas o último ficou muito comprido, poderia ter um intervalo que fizesse o filme ter um ato a mais para desenvolver melhor os coadjuvantes. Fora isso é maravilhoso começar o ano de 2016 com um filme tão bom, muito bem feito, com efeitos visuais simples, mas que na prática ficaram impecáveis. Tim Miller pode se sentir de missão comprida em sua estreia fora das animações, ele fez os 60 milhões do seu orçamento valerem muito mais do que qualquer valor de outros grandes filmes.

Nota: 4,5 (de 5,0)
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.