Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado
Imagem: Arquivo Pessoal/ Matheus Machado

The Walking Dead trouxe-nos uma season finale tensa, tentando carregar uma apreensão que nem sempre pôde ser sentida, mas além disso mostrou novamente alguns pecados em sua história. O que deveria ter sido o melhor episódio da série por simplesmente ter que inserir o personagem mais icônico da sua HQ, acabou sendo um episódio normal, um pouco cansativo, mas que no fim trouxe quase tudo que os fãs (incluindo eu) queríam ver. Essa review pode ser um pouco diferente das outras e ficarei extremamente feliz em conversar com quem tiver uma opinião diferente da minha.

Desde que Negan foi anunciado na série da AMC a internet veio abaixo, muitos surtaram pela notícia, fato que aconteceu de novo quando o ator Jeffrey Dean Morgan foi escalado para o papel. Negan seria um personagem muito complicado de se colocar na televisão por causa da censura, mas pelo que assistimos não foi e nem será.

Todos nós sabemos que The Walking Dead é baseada em uma história em quadrinhos, de mesmo nome, e todos sabemos que ser igual a HQ não seria muito legal, pois não haveria novidade nenhuma e as chances de algo assim dar certo seriam bem menores. Por isso a série se aproveita em permear linhas em seu roteiro, onde a HQ é uma linha reta e a série é uma linha ondular que passa por cima e por baixo de sua história original, causando obviamente altos e baixos na sua trama. O drama zumbi tem condições e capacidade de ser muito, muito, muito melhor e superior do que sempre foi, não estou dizendo que a série é ruim, mas como fã cabe a mim dizer que nem sempre a série é uma maravilha. Muitas vezes, como foi agora, a série decai um pouco no momento em que deveria levantar ainda mais o seu voo.

Agora sim vamos falar sobre o último dia na terra. O episódio tinha a obrigação de ser maravilhoso, mas não foi. Também não foi ruim, apenas vimos um episódio normal que em seus últimos 15 minutos ficou fantástico, mas dentro de quase uma hora que poderia ter sido alucinante. Mesmo assim valeu a pena esperar para assistir quase que um monologo de Jeffrey Dean Morgan.

O episódio começou bem, mostrando apreensão e tensão, que seriam o carro chefe durante a maior parte do tempo, até o climax chegar. O problema foi que essas duas intenções citadas a cima não se sustentaram durante os 45 minuto normais do episódio, elas acabaram ficando um pouco cansativas e enjoativas, mas não foi tão ruim como vocês devem estar achando. Só que é complicado sustentar algo bom e igual o tempo todo, foi uma sacada inteligente colocar grupos dos Salvadores durante o caminho para impedir a passagem, mas uma hora a gente cansa. O gás dessas cenas na estrada conseguiu se renovar quando o dia estava acabando e eles deram de cara com o maior grupo de Salvadores e também quando uma corrente de zumbis bloqueavam o caminho.

Com o grupo caindo completamente na armadilha dos Salvadores, o encontro com Negan tornou-se inevitável. Em meio a alguns pecados ainda podemos tirar bons elementos que apareceram durante o episódio: o primeiro foi a guarnição do Padre e o seu compromisso com Rick para proteger Alexandria; o segundo foi o próprio Rick sendo o líder que esperam que ele seja (em parte da season finale); a insistente coragem de Eugene, que ainda não deixou de ser um pouco chato, mas está progredindo; e para finalizar o grande momento do Morgan que buscou sua redenção em meio a queda de Carol.

Imagem: SpoilerTV
Imagem: SpoilerTV

Enfim, no meio disso, talvez para dar um pouco mais de apreensão, tivemos a continuação do arco da Carol, com Morgan indo atrás dela e aquele membro dos Salvadores que não tinha morrido seguindo o rastro da dupla. Na minha humilde opinião esse plot começou com um buraco, de acordo com o que falei na review anterior, e terminou do mesmo jeito. Carol é de longe uma das melhores e mais importantes personagens que temos na série e fazer ela passar por toda essa crise existencial nesse momento e da maneira que ela está agindo me incomoda muito. É justificável? Sim, com certeza, não tenham dúvidas disso, mas por favor gente é a Carol, eu senti a personagem completamente rebaixada, se é que me entendem. O único ponto positivo que podemos tirar disso é a “redenção” do Morgan, mas que vinha sendo muito chato ao longo de toda a temporada. Vocês devem concordar comigo que demorou muito pra ele puxar o gatilho, foi muito mi-mi-mi. Espero profundamente que isso tenha acabado de vez, porque ele vai ter que matar pessoas para poder defender aquelas com quem se importa, foi uma das palavras mais sábias para o momento atual da série.

O momento tão aguardado  finalmente chegou, Negan está literalmente entre nós. Não tem como deixar de falar dele, seria burrice de minha parte não falar. Negan como personagem chegou marcando sua presença, sendo uma ótima adaptação da HQ para a televisão. O mais importante é que em nenhum momento eu vi Jeffrey Dean Morgan, olhei por todos os ângulos que foram exibidos e só consegui enxergar uma pessoa: Negan. O vilão mostrou para o que veio, em um monólogo sensacional, marcado pelo pavor, apreensão, e tudo que mais de ruim que o grupo de Rick já passou. Alguns se mantiveram apenas enraivecidos, mas por trás daquela rocha havia uma grande erosão gastando suas forças. O interessante é que Negan fez com todos sentirem medo dele, fez todos verem que agora ele é quem manda.

Completamente inSano, irônico, direto e original. Com palavras pesadas, jogo de palavras, metáforas, indiretas e diretas esse foi o Negan, ou, o que ele quis mostrar, sendo o suficiente para sabermos que a brincadeira e os joguinhos acabaram. Obedeçam ou beijem a Lucille. O terror está estabelecido entre os integrantes do grupo, Rick claramente foi o que mais sentiu. O protagonista congelou de pavor, ficou completamente sem reação. Eu não capaz de imaginar o que se passava na cabeça dele, mas tenho que admitir que nem mesmo a morte de Lori foi tão forte. Vocês podem até dizer que foi quase igual ou na mesma intensidade, mas discordo completamente. Sabem qual é a diferença entre os picos que Rick já teve se comparados com o deste momento? Simples, esse está apenas começando e não tem previsão para acabar. Os outros já passaram, já ficaram no passado. Andrew Lincoln foi um gênio “sem palavras”, teve uma atuação ótima nessa momento do episódio. Mesmo que muitos não gostem do Rick, eu sempre achei o Lincoln um ótimo ator e um bom protagonista, afinal hoje em dia qual o protagonista não erra? Poucos, eu garanto.

O final foi desnecessário, um cliffhanger que não precisava, mais uma vez o marketing (que para quem quer ganhar dinheiro é correto, mas errado ao enganar os fãs mais uma vez) venceu a história. Não mostrar a morte é sinal de faltou confiança no que realmente irá acontecer ou pode significar um medo da reação dos fãs. Até outubro chegar a tal morte ainda pode ser decidida, ou mudada, só os roteiristas podem sabem. Será um grande personagem como Gleen ou Daryl? Ou será alguém com menos expressão, como Abraham e Aaron? Complicado decidir ou tentar adivinhar, já que Negan mostrou que talvez ele não poupe nem as mulheres.

Foi um bom episódio, confesso que minhas expectativas eram bem maiores, mas fiquei satisfeito com o Negan e um pouco decepcionado com o cliffhanger do final. Agora a série só volta em outubro (provavelmente no dia 9 ou 16), serão longos seis meses. E vocês Walker’s gostaram da season finale? O episódio atendeu as suas expectativas ou vocês esperavam mais? Deixe sua opinião nos comentários para debatermos sobre o assunto. Até daqui alguns meses.

Walker¹: Não citei nada antes por apenas falar a minha opinião sobre o assunto, mas por alguns milésimos de segundo achei que a Carol iria morrer. Mesmo que fosse óbvio que o Morgan salvaria ela, mas foi uma apreensão válida e muito boa.

 

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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.