Imagem: USA Network
Imagem: USA Network
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O canal USA Network, em 2015 – mais especificamente no dia 24 de Junho -, lançou a série Mr. Robot, com uma temática contemporânea, tecnológica e técnica. Cheia de diálogos críticos e embasados na sociedade capitalista. Confiram agora a crítica da 1° Temporada de Mr. Robot.

Quando a série foi lançada não dei muita atenção, via o pessoal comentando nas redes sociais como os episódios eram incríveis, os atores eram maravilhosos e tudo mais. Demorei muito pra começar a assistir, até que resolvi ver a série e o resultado não foi outro: simplesmente incrível!

A série gira ao redor de Elliot Alderson (interpretado por Rami Malek), um gênio hacker que trabalha na empresa de segurança AllSafe durante o dia, e de noite desmascara pessoas e seus esquemas sujos pela internet, como tráfico de drogas, sites de prostituição infantil, e tantas outras depravações. Apesar de tudo, Elliot leva uma vida bem solitária, utilizando de drogas para conter sua dor e continuar com o seu cotidiano. O personagem de Rami Malek é tão bem construído, que todos os outros personagens que vemos na série, só são apresentados porque o Elliot se envolveu com eles de alguma forma durante a temporada, ou fazem parte do seu passado. Como é o caso da Angela Moss (Portia Doubleday), amiga de infância e companheira de trabalho, que compartilha com ele a dor de ter perdido um pai quando criança.

A relação dos dois é bem forte e bem demonstrada com o passar do tempo. Vemos dois amigos passando por situações difíceis, um apoiando o outro e também guardando segredos no decorrer da história. No final de tudo é um grande ponto positivo da série, os segredos.

Outras personagens que também aparecem na série, e tem importância na vida do protagonista, são a psicóloga Krista Gordon (Gloria Reuben) e a vizinha fornecedora de drogas Shayla Nico (Frankie Shaw). Ambas são tão recorrentes na vida de Elliot que em um determinado momento ele se depara em uma situação inusitada envolvendo as duas, que acaba até sendo a dosagem cômica da série.

Imagem: Banco de Séries
Imagem: Banco de Séries

No começo da série já vemos como o Elliot é solitário, e isso é trabalhado em todos os episódios. Ele nos introduz na trama como um personagem imaginário criado por ele, que só existe na mente dele. Pode parecer estranho, mas funcionou muito bem! Os episódios conseguem nos envolver tanto com o personagem de Rami Malek, que muitas vezes chegamos a sentir a dor que ele está passando. Também nos faz pensar, junto com o Elliot, já que muitas vezes o mesmo interage conosco, perguntando a nossa opinião, o que achamos da atitude que ele acabou de tomar. Mas a principal importância da gente na série, como um amigo imaginário, é manter a sanidade do rapaz. Com tanto sofrimento, solidão e problemas que ele enfrenta no decorrer dos episódios, Elliot vem procurar consolo em nós. Conversando, desabafando, tirando o peso das suas decisões de suas costas e compartilhando isso conosco.

Mesmo tendo um personagem tão complexo, com tanto para se trabalhar e desenvolver, a série consegue introduzir outros personagens e desenvolvê-los também. Grande parte deles surgem quando Elliot é recrutado por um grupo hacker chamado FSociety. Este grupo é com certeza um ponto chave da série. Um grupo que tem como objetivo acabar com o governo mundial capitalista, atacando onde mais dói: no bolso. Não vou dar mais detalhes porque não quero dar spoilers, mas vocês serão apresentados a um grupo sem medo do governo, que bate de frente com entidades de mais alto poder econômico. Só para vocês terem ideia, eles ameaçam a Casa Branca. Nesee grupo somos apresentados ao líder, conhecido como Mr. Robot (Christian Slater), o grande mentor dos planos contra o governo, a destemida Darlene (Carly Chaikin, Suburgatory), a muçulmana Trenton (Sunita Mani), o cuidadoso Romero (Ron Cephas Jones) e o entusiasmado Mobley (Azhar Khan). Todos possuem mentes brilhantes e motivos parar fazerem parte da FSociety para derrubar o governo mundial. Percebemos isso a temporada inteira. E o interessante é que no decorrer dos episódios, Elliot começa a se sentir incluído em um grupo. Seriam eles sua família? O fim para sua solidão?

Com um enredo e personagens tão cativantes e cheios de pontos a serem explorados, Mr. Robot também consegue surpreender com seus aspectos técnicos de produção. A fotografia é ótima. As cenas são muito bem construídas, nos passando os sentimentos que os personagens estão sentindo. Você realmente não cansa de ficar olhando os 50 minutos do episódio, o que é ótimo. Você percebe que a fotografia é boa quando simplesmente começa a apreciar o local que os personagens estão, como os objetos ali presentes chamam a atenção, mostram a personalidade dos personagens e tudo mais. A trilha sonora também é ótima, nos presenteando com músicas inusitadas em cenas que muitas vezes nos fazem pensar: “o que diabos está acontecendo?”.

Imagem: Arquivo Pessoal/Rubens Oliveira
Imagem: Arquivo Pessoal/Rubens Oliveira

No fim Mr. Robot se mostra como uma grande série após esse ciclo inicial, com uma premissa que talvez agrade a maioria e faça outra maioria a odiar. Isso eu admiro. O “novo” tende a causar estranheza, e muitas vezes medo nas pessoas. Eu senti isso assistindo esta magnífica série. Estranheza por ver uma série tão bem construída sendo aclamada pelo público, que costuma ficar no básico, e medo por ver como o povo tem poder e não sabe. Nós estamos vivendo em uma era excepcional, que pra fazer mudanças, basta dar um “click”. E isso Mr. Robot nos mostra, nos ensina, que por meio de pequenos grupos, nascem grandes revoluções. Basta você decidir ser vai querer lutar por ela, junto com a FSociety e Elliot, ou vai continuar apoiando o Governo Capitalista que tanto preza pelo bem do seu dinheiro nos bolsos deles. Bem-vindo a “Guerra Civil” chamada Mr. Robot.

Agora ficam as expectativas lá no alto para segunda temporada, que estreia no próximo dia 13 de Julho.

Nota do autor para a temporada:

[yasr_overall_rating size=”medium”]