Imagem: Adoro Cinema
Imagem: Adoro Cinema
Imagem: Adoro Cinema

Uma das mais gratas surpresas que tive, foi ir na cabine de imprensa e ver um filme maravilhoso e super simples. Não tem nada de mais, e essa falta de compromisso junto com a dedicação das pessoas envolvidas fazem de A Incrível Jornada de Jacqueline um longa tão bom, leve, engraçado e divertido.

Jacqueline, nada mais é do que a vaca de estimação de um fazendeiro argelino, Fatah, que está prestes a realizar o seu grande sonho: Levar Jacqueline a Feira da Agricultura em Paris. Obviamente o filme mostra como foi a dura jornada de Fatah e Jacqueline, até que os dois possam chegar em Paris e comparecer com o evento.

O filme é muito bonito, você vê que a história, em nenhum momento, se compromete em entregar um roteiro maravilhoso, em ser um exemplo e tudo mais de “inteligente” que muitos filmes tentam fazer e não conseguem. Para você ter noção, os acontecimentos são super previsíveis, mas A Incrível Jornada de Jacqueline tem uma previsibilidade que você espera com gosto para vê-la. Quando a história começa você pode adivinhar tudo que irá acontecer, mas o filme é tão bom que faz você querer ver isso mesmo assim.

Ele é um filme bem indie, que não precisou de tanto dinheiro para ser feito. É uma história simples que você não precisa de tantos recursos para fazer. Daí vem a tal dedicação. Mesmo não se comprometendo em impressionar, o filme se dedica a encantar o público, seja com momentos engraçados, com momentos tristes ou até mesmo passando uma bela mensagem. É realmente incrível o que essa simples história consegue fazer.

Imagem: Adoro Cinema
Imagem: Adoro Cinema

A empatia que você sente ao longo do desenvolvimento da jornada de Fatah e Jacqueline é ótima, pois em vários momentos eu me vi naquelas situações, pensei em como seria se fosse eu ali, tanto nos momentos divertidos como naqueles de dificuldade. A humildade do personagem e sua ingenuidade são apaixonantes, juntos da bela irreverência natural de sua personalidade. É um homem que passou por muitas dificuldades na vida, mas que nunca perdeu o sorriso no rosto, nunca desistiu de ser feliz, de realizar os seus sonhos. Ele pode não ter tanto dinheiro, pode morar em uma casa simples onde o chão é areão, mas é o tipo de pessoa simples que marca a sua vida, que deixa uma mensagem de reflexão muito intensa na sua mente.

A Incrível Jornada de Jacqueline tem uma energia muito contagiante, é o tipo de filme que te deixa bem depois de assistir, aqueles que você não dá nada, mas depois fica louco para contar aos amigos e a família. Como disse o colega do site Cine Eterno, Márcio Picoli, “É um filme de Sessão da Tarde“, e aí eu pergunto: quando que víamos filmes ruins na era de ouro da Sessão da Tarde? – Na verdade existiam vários, mas nunca deixou de existir Mudança da Hábito, Ghost, e outros vários ótimos filmes.

Imagem: Adoro Cinema
Imagem: Adoro Cinema

Talvez eu esteja até me precipitando um pouco, mas minha empolgação com este filme faz com que eu arrisque, e acredito que possa até pintar no Oscar, como Melhor Filme Estrangeiro. Afirmo isso porque tenho que refletir, como um filme tão simples, e básico em vários sentidos, consegue impressionar tanto?! É realmente um presente ter assistido A Incrível Jornada de Jacqueline, que tem tudo que é preciso para fazer qualquer um gostar de sua história, e ele deixa um mensagem de reflexão, mas muito positiva, um exemplo que todos deveríamos seguir sempre. Nunca desista dos seus sonhos, por mais difíceis que sejam de ser realizados, dificuldade é algo que com esforço nós podemos superar. Não existe o impossível, essa palavra é um obstáculo imposto naturalmente pela sua mente, devido ao medo de sair do “seu quadrado“, sua zona de conforto, onde muitos se acomodam.

A verdade é, não importa se você tem que ir a pé de Marselha até Paris, com empenho, alegria, objetivo e boa vontade, essa trajetória será percorrida facilmente, superando as dificuldades do caminho, as da vida e todos os outros imprevistos que estão no seu caminho. Resta dar os parabéns a Fatsah Bouyahmed (Fatah), pela atuação maravilhosa durante todo o filme e ao diretor Mohamed Hamidi pelo trabalho em A Incrível Jornada de Jacqueline. E lógico, a toda a equipe envolvida no projeto.

OBS: Vale lembrar que explorar a relação “homem e animal” no cinema já deixou de ser novidade há muito tempo, o primeiro filme que lembro ter visto com essa relação foi K9 Um Policial Bom Pra Cachorro (1989), então já é um conceito bem batido no cinema. Mas que não prejudica em nada o longa. Outro ponto que merece destaque são algumas críticas, leves e satíricas, que o filme faz ao preconceito com os muçulmanos, tanto das pessoas de fora dessa cultura, como as que estão inseridas nela, pelo medo da reprovação e da diferença. E até mesmo, a aceitação própria de cada um, do seu descobrimento pessoal, para falar a verdade.

Nota do autor para o filme:

[yasr_overall_rating size=”medium”]

 

COMPARTILHAR
Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.