The Get Down 01
Imagem: Divulgação/ Netflix

The Get Down é a mais nova série da Netflix, e quando esse serviço de streaming estreia uma nova produção nós podemos esperar algo bom vindo por aí. Com TGD não é diferente, a série é realmente muito boa, tem muita qualidade, mas tem alguns pontos fracos, pelo menos no seu episódio inicial.

A série não tem, exatamente, uma trama definida que chegue falando “é isso que nós iremos mostrar, é isso que nós queremos”. Longe disso, como seu primeiro episódio tem quase duas horas de duração, certos pontos demoram muito para se encaixar. Lógico que devido a duração, o episódio tem muito tempo de dela para trabalhar bem essa trama,poderia até ter distribuído um pouco melhor o tempo de tela entre os personagens, para que eles não ficassem muito coadjuvantes como ficaram.

A duração de Where There is Ruin, There is Hope for a Treasure, é o ponto a se destacar, de começo. Episódios longos podem ser bons, pelo tempo que você tem de trabalhar os elementos de composição na introdução da história, mas tanto tempo assim pode atrapalhar um pouco. Por exemplo, a proposta é mostrar um grupo de jovens com a origem do hip-hop, e como isso faz parte da trama central era algo que deveria ter tido um abordagem diferente, e não precisava ter realmente a união, concreta, apenas no final, mas mesmo assim, como esses probleminhas ao longo do desenvolvimento, a junção de tudo isso ficou muito harmoniosa no final.

Imagem: Divulgação/ Netflix
Imagem: Divulgação/ Netflix

A nível de produção, com todos os elementos técnicos, a série é impecável, a Netflix sabe montar uma equipe técnica e sabe quem pode estar a frente desse tipo de projeto. A ambientação de The Get Down nos anos 70 está ótima, na época, mesmo levando a sério certos elementos, tem características bem particulares. E acredito que a produção respeitou muito bem esses elementos, principalmente em certas cenas onde tínhamos um foco dramático, naquela deixa de novela mexicana, onde se dá um zoom em velocidade média no rosto do personagem ou no centro do enquadramento que está centralizando o personagem.

Shaolin Fantastic é o personagem que traduz muito bem isso. Inicialmente ele parece bem avulso na história, pela construção do seu mito, mas como já havia dito, ao longo do episódio até a sua conclusão os fatos vão ficando em harmonia.

Imagem: Divulgação/ Netflix
Imagem: Divulgação/ Netflix

Musicalmente a série é sensacional, as cenas que se passaram dentro da discoteca foram encantadoras e de uma musicalidade extremamente rica. Em vários momentos lembrei de longas como Starsky & Hucth, Fique Rico ou Morra Tentando, ATL – O Som do Guetto e Straigh Outta Compton – A História do N.W.A., este último principalmente nas cenas “atuais” com o show de hip-hop. E isso para mim foi extremamente importante, pois mesmo se passando na década de 1970, com o disco em seu grande momento, o retrato do início do hip-hop precisa ter uma certa veia do que um dia será sim o Hip-Hop e o Gagsta Rap dos anos 90, que é fruto de um acúmulo de problemas que vem desde a criação do estilo musical.

Apesar de alguns deslizes de roteiro, The Get Down tem uma composição ótima, e tem muitos méritos no seu episódio inicial, é de se elogiar sim, mesmo sendo mais um drama musical, a série ainda é muito original e tem uma produção admirável. Aliás os figurinos, a trilha sonora e a fotografia estão sensacionais. Ainda não pude sentir grande empatia pelos personagens, com quase todos, mas acredito que seja questão de tempo para que eles fiquem bem encaixados no enredo.

 

Nota do autor para o episódio:

[yasr_overall_rating size=”medium”]

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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.