Imagem: Reprodução/ Banco de Séries
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O sucesso de Justiça é absoluto, todos os dias em que a Globo exibe um novo capítulo da trama a internet explode com elogios. Para quem acompanha, arduamente, o mundo das séries na cultura pop e está acostumado apenas em ver seriados britânicos ou norte-americanos, um recado: O Brasil também sabe fazer (mini)séries boas, e Justiça é a prova de que podemos, sim, ter boas produções na TV brasileira.

Para quem está acompanhando sabe que nós do Matinê Cine&TV estamos fazendo matérias de todos os episódios da minissérie, além de comentá-los no Twitter enquanto são exibidos na Rede Globo. Em tempos onde a todo momento, nós brasileiros, questionamos tudo, mas exatamente tudo, que acontece, Justiça veio muito a calhar. A visão sobre o conceito de Justiça não é explorada, mas sim questionada. Não é apenas “o que é justiça“, o questionamento que o roteiro faz, quase que como um sub texto, é saber o que significa ou o que é essa tal de justiça na cabeça de cada um, daqueles personagens que estão em cena e também na cabeça de quem assiste, pela forma que iremos julgar os acontecimentos da história e de como veremos as atitudes de cada personagem.

Além disso, a minissérie levanta outros questionamentos, que também vão além do que é certo e errado. Um dos capítulos que eu estava mais ansioso para assistir era  terceiro, onde as duas amigas estavam em uma festa. Primeiro lei é lei, e hoje no Brasil as drogas são proibidas, se baseando nisso nós sabemos, que perante a lei, é errado consumir, vender e comprar drogas, das ilícitas (aquelas que não são permitidas) e acho que aí começa o erro das duas jovens em questão. Lógico que essas informações servem apenas para contextualizar tudo que aconteceu durante o capítulo em questão, pois a mensagem que o roteiro quer discutir é a atitude da amiga em sair correndo, junto com o racismo da polícia em deixar para a revista, ou o famoso paredão, apenas os negros(as) presentes na festa. Não apenas os negros, mas os tatuados e todos os que são “fora” dos padrões sociais, segundo aqueles que julgam o que é certo ou correto no meio da comunidade.

Por várias vezes já ouvi, exatamente essa frase que vou escrever: “o presídio é a maior que escola que existe“, pois é nele que aprendemos muitas coisas como: roubar, matar, traficar e outras várias atitudes criminosas. É um lugar onde você tem duas escolhas: se reabilitar (o que pouco acontece), ou se entregar de vez aquele mundo que você pertence (ou que ainda não pertencia). Agora pergunto, depois de tudo que aconteceu, mesmo sendo uma menina bem criada, aprovada na universidade federal no curso de Jornalismo e vendo as suas atitudes depois de sair da prisão, qual será o caminho que Rose escolheu? Isso nós vamos ver quando a história continuar, já que aparentemente as duas amigas, Rose e Débora, estão formando um plano de vingança, que é o assunto que a série irá tratar nessa semana, acredito eu.

Imagem: Reprodução/ Banco de Séries
Imagem: Reprodução/ Banco de Séries

Na sexta-feira o capítulo quatro decepcionou, trouxe o episódio que nas propagandas se destacou pela força que apresentou. Ele até foi bom, mas de fato não correspondeu as expectativas, e ficou bem abaixo do normal que a série estava apresentando. O episódio foi mal encaixado, não precisava ter uma divisão tão mal explorada, foi quase trabalho de preguiçoso. A cena inicial mostrou o melhor do capítulo, o que deveria ser o grande climax da sexta-feira acabou se construído da maneira errada. Toda a construção que veio após a cena da morte/assassinato (depende dos olhos de quem assistiu) foi praticamente em vão. Lógico que quando a trilha sonora começa a tocar sentimos um aperto no peito e um arrepio no braço, pela emoção que a trilha em conjunto com a cena que está sendo exibida provocam em cada um dos telespectadores.

Fato é que realmente é ótimo a assistir uma minissérie com tanta qualidade na TV brasileira, não só ótimo como também uma grande e agradável surpresa. É lógico que, como eu já falei outras vezes, existe um certo preconceito com produções nacionais, sejam elas no cinema ou TV, mas é ainda melhor quando essas produções conseguem quebrar o paradigma imposto pelo próprio público brasileiro quanto a qualidade das nossas produções. Mesmo assim é ótimo ter certas exceções, e Justiça é uma delas.

Hoje, logo após a novela Velho Chico, será exibido o quinto capítulo de Justiça pela Rede Globo.

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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.