Imagem: Divulgação/ Paramount
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Na última sexta-feira (26) eu era uma pessoa que nunca tinha visto nada, nem série e muito menos os filmes, sobre Star Trek, Jornada nas Estrelas. Mas já que estava para assistir ao novo na cabine de imprensa fiz uma maratona com os doze filmes da franquia que já foram lançados, desde o primeiro em 1979 até o último de 2013. Todos são ótimos, alguns são sensacionais, e outros são maravilhosos, e um desses, que pertence a última categoria de adjetivos é Star Trek – Sem Fronteiras, feito por pessoas que realmente entendem o universo da franquia.

Em 2009, quando J. J. Abrams começou a refazer os filmes o resultado foi muito bom, realmente muito satisfatório, mas com alguns conceitos que não se encaixaram com a proposta que Star Trek (2009) deveria trazer. Um deles foi a construção de James T. Kirk, como um fanfarrão descompromissado. Ficou enjoativo um personagem tão marcante como havia sido ser tão piadista. Mas, sim um grande porém, é que a construção do Kirk de Chris Pane não era em um filme só, foi uma constante evolução em cada longa, chegando enfim a Star Trek – Sem Fronteiras, e confesso que como protagonista, o personagem, melhorou, cresceu e amadureceu muito, e como resultado ‘James T.‘ é um ótimo personagem. Acompanhado, obviamente do Magro Bones“, Karl Urban está mais uma vez ótimo no papel do Dr. McCoy, que é o melhor personagem dessa nova saga, desde 2009, de Star Trek ao lado de Spock, é claro.

Talvez esse seja, realmente, o ponto forte do filme: os personagens. Spock é o grande nome da franquia (‘Vida longa e prospera’, Leonard Nimoy), e sempre me chamou a atenção o conflito que o personagem demonstra entre o seu lado vulcano e sua parte humana. Existe dentro dele um conflito entre a lógica e os sentimentos, seja raiva, amor, felicidade, tristeza, entre outros. E foi neste longa em que isso ficou mais evidente, foi nesse longa que souberam trabalhar isso, e também entender a complexidade do personagem. É de fato o filme dos personagens de Star Trek.

Imagem: Divulgação/ Paramount
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Os acertos foram tantos que até mesmo conseguiram corrigir o conceito de Uhura (Zöe Saldaña), que nos longas anteriores era apenas a menina namorada de Spock, mas dessa vez souberam dar força e imposição para a personagem, assim como o mesmo funcionou ainda mais e melhor para Chekov e Sulu (onde assumiram realmente a homossexualidade do personagem, em homenagem ao antigo ator que o interpretou). São dois personagens muito importantes, e Justin Lin (diretor) soube trabalhar muito bem a equipe da Enterprise, pontos e mais pontos positivos para o roteiro. Resta saber quem irá substituir Anton Yelchin no papel de Pavel Chekov, pois o ator morreu este ano, esmagado por um carro no mês de junho deste anos.

Fico realmente embasbacado em ver como tudo fluiu tão bem no novo filme. O conjunto da obra ficou sensacional, pois em 2009 e 2013 a direção, cinematograficamente falando, de J.J. Abrams foi ótima, mas alguns conceitos não ficaram bons na franquia. Todos esses pontos que incomodaram nos filmes de J. J. foram corrigidos e acertados da maneira correta, sendo que a principal mudança é o visual. A fotografia ficou perfeita, mais limpa e colorida. Antes (no caso dos dois filmes anteriores) parecia que Michael Bay estava produzindo o longa e a Enterprise iria virar um transformer a qualquer momento. Mas finalmente isso foi corrigido, e a nave personagem está lindíssima no filme, dá até dó de ver o que aconteceu com ela.

Quando se fala de Star Trek é impossível não mencionar ou abrir um espaço para a Enterprise, e digo que ela, que é um membro vital da Federação e da franquia, foi, talvez, o ponto negativo do longa. Não a nave em si, mas a forma como ela foi tratada. Parece que valorizaram muito pouco a Enterprise, parece que seu tempo de tela foi muito pequeno, pouco se viu dela, pois o filme termina e você nem lembra dela direito, e isso incomoda um pouco, pela importância que a Enterprise tem dentro da Jornada nas Estrelas. Mas mesmo assim, visualmente é uma das “versões” mais bonitas da galática.

Imagem: Divulgação/ Paramount
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Outro ponto que me encantou na franquia é a capacidade que eles tem de fazer bons vilões, e dessa vez não foi diferente. Para alguns quando o vilão for realmente revelado, no terceiro ato do filme, com certeza será uma grande e ótima surpresa. Com uma motivação muito boa, e muito plausível, Krall conseguiu satisfazer como vilão. Só tiveram algumas nuances bem confusas quanto ao visual dos vilões, pois em certas cenas não dava para definir muito bem quem era quem, mas nada que prejudique o filme, ou comprometa-o. Aliás o visual de alguns personagens foi outro ponto forte de Star Trek – Sem Fronteiras. Lógico que fica muito mais bonito e natural quando a computação gráfica entra em ação, mas as máscaras com poucos recursos gráficos ficaram ótimas visualmente, estando muito mais de acordo com a identidade da franquia, resgatando a essência original da história. Parece que a simplicidade visual e do roteiro casaram muito mais com a proposta de continuar com a franquia do que os filmes anteriores. A história é digna de Jornada nas Estrelas, começando de uma forma despretensiosa e sem mostrar realmente para o que veio, e conforme o tempo vai passando ela começa a mostrar tudo o que queremos ver.

Grande parte dessa história ser tão boa é realmente a relação dos personagens, a forma como interagem, e como um filme que trabalha com personagens em equipe, Star Trek – Sem Fronteira está dando um banho em muitos outros que tivemos esse ano.

Por todos esses motivos, somados pela profundidade da história e da abordagem de cada personagem, junto de todo o visual (confesso que em várias cenas os efeitos gráficos gritam “tela verde, tela verde”, parecendo uma massinha de modelar na tela, que até incomoda pela bizarrice, mas fica de acordo por um simples motivo que já irei explicar) mais limpo do filme, Star Trek – Sem Fronteiras é um dos melhores filmes nerd deste ano, pois ele é feito tanto para os antigos fãs da franquia, por resgatar a essência e a identidade de Jornada nas Estrelas, como também ganha um upgrade na montagem adaptada para o forma atual de fazer filmes.

J. J. Abrams é um diretor com mais recursos para efeitos visuais, do que Justin Lin, mas confesso que para Star Trek, Justin, é muito melhor e essa diferença entre os diretores, combinada com a produção de série que está por vir, pode ter sido o fator “decisivo” quanto a diminuição da qualidade de alguns efeitos visuais. O engraçado é que esses efeitos, menos elaborados digamos assim, fazem parte da identidade verdadeira dos filmes de Star Trek, por isso é algo que fica naquelas de “incomoda, mas não incomoda“, depende muito de quem vai assistir.

Star Trek – Sem Fronteiras marca sua vinda por ter pessoas que entendem a história da Jornada nas Estrelas e que também sabem contá-la. Justin Lin foi um grande acerto na direção do filme, embora deixe a desejar em alguns quesitos, o filme encanta, trás uma história ótima, mostra uma química sensacional entre os personagens, que amadureceram muito ao longo dos novos filmes e acerta, principalmente, o visual e design da nova saga da franquia. Os rumos que a história vai levando agradam bastante, ainda mais pelas possibilidades que o próprio longa nos mostra. Star Trek – Sem Fronteiras foi uma ótima surpresa, mesmo que eu já estivesse esperando algo bom, o longa conseguiu ser ainda melhor e mais divertido do que o esperado.

Imagem: Divulgação/ Paramount
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Obs.: Nos filmes antigos nunca foi mencionado que Sulu tinha uma filha, até que ela aparecesse em um dos filmes ocupando a posição que era do seu pai, e a falta dessa menção na história foi um grande erro, para mim. Em Star Trek, tanto nos filmes anteriores como no ‘Sem Fronteiras‘ existe uma grande preocupação com detalhes, um deles foi mostrar que Sulu tem realmente uma filha, tornando a história muito mais fechada, tampando buracos do passado, ou invenções de última hora. E por fim, outro ponto que não posso deixar de destacar é a nova personagem da história Jaylah, que é simplesmente sensacional, cheia de personalidade, girl power total e é uma dos melhores acontecimentos do filme. Tanto pela forma que é inserida como também pelo jeito que trabalham ela na história, sendo responsável por momentos bem divertidos da trama.

 

Nota do autor para o filme:

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