Imagem: Divulgação/ Netflix
Imagem: Divulgação/ Netflix
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A primeira série brasileira original da Netflix estreou na última sexta-feira (25) e com ela tivemos um leve agouro nas produções nacionais. Qualidade e competência para criar conteúdo a Netflix já tem, restava matar a curiosidade sobre 3%. Longe da perfeição, a série criada por Pedro Aguilera tem bastante potencial no cenário nacional.

A série apresenta uma premissa extremamente promissora, mesmo que a mesma já tenha sido abordada de outras maneiras em produções no cinema e na TV. A intenção não é de comparar 3% com outras produções, mas exaltar que são ideias diferentes e ousadas como esta que demonstram a vontade do brasileiro em entrar de vez no mundo das séries.

O primeiro episódio é competente em apresentar os personagens, indo além na sua história. Inicialmente a proposta da distopia parecia querer mostrar um grupo de jovens em uma seleção que os levaria para um lugar melhor do que aquele em já viviam. Com a clareza das suas intensão, 3% quer mais do que isso e revelou uma subtrama política muito interessante. Isso prova que a série não se distorce em tentar fazer de seu universo uma utopia, assumindo que mesmo no maravilhoso Maralto não há perfeição. Aliás o ponto positivo disso é fazer a distopia ser humana como todas do gênero (como Jogos Vorazes, A Série Divergente, entre outras), que criam um modelo funcional imperfeito afetado pelos desejos, intenções e objetivos do ser humano.

O roteiro sofre alguns deslizes, mas não compromete tanto a experiência de assistir o drama. O que faltou na narrativa foi a retirada de elementos fora de contexto. Parece que em alguns momentos subiu a cabeça a série ser exibida pela Netflix e com isso criou-se uma necessidade, absurda, de tentar criar uma referência cult no projeto. A falta de naturalidade no desenvolvimento comprova um pouco isso, exibindo elementos fora da própria realidade imposta pela distopia.

O elenco talvez seja o ponto fraco da série. Alguns rostos já conhecidos, como Viviane Porto, Zezé Motta, João Miguel, Michel Gomes e Bianca Comparato conseguem entregar bem os seus personagens. O restante parece engessado, deixando evidente a falta de experiência dos jovens prodígios.

3% é um agouro para as séries no Brasil. Produções televisivas não faltam no cenário nacional, mas qualidade delas é o que preocupa. Porém, 3% veio para quebrar este paradigma e tirar a desconfiança que o público tem com o que é feito em casa. A trama cheia de boas intenções (para o público) pode surpreender bastante ao longo da sua primeira temporada. Com um subtexto de superação, inclusão, preconceito e forte idealismo político, 3% tem uma boa estreia na Netflix.

3,01%: O plot twist apresentado no episódio mostra como a ideia da série é bem elaborada e como os conceitos utilizados na construção das tramas está no caminho certo.

3,02%: A série lembra bastante The 100, drama teen da emissora americana CW (que também se trata de uma distopia) combinado com Jogos Vorazes.

Avaliação

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