O marasmo foi deixado de lado e poucos personagens foram “esquecidos” no último episódio de The Walking Dead em 2016. Hearts Still Beating é o título perfeito para o rumo que a história está tomando para o seguimento da trama que retorna apenas em fevereiro. A tradução literal do título é “Corações ainda batendo“, que simboliza toda a redenção que presenciamos neste episódio. 

Antes de começar devidamente a crítica, vale ressaltar o problema que muitos fãs têm com a série. Nem todos os episódios de The Walking Dead são perfeitos, mas o grande problema da série é a forma como o seu público cria expectativas exageradas com os seus episódios. O programa tem fama de ter estreias e “finales” bombásticas a ponto de explodir a cabeça de quem assiste. Mesmo com tal fama, a série nem sempre irá apresentar este tipo de episódio, mas não significa que isso faça a trama perder a qualidade. Hearts Still Beating é a melhor prova disso.

O oitavo episódio teve momentos altos de tensão e um pouquinho de ação, mas tudo de forma muito dosada. A intenção dessa Mid Season Finale foi finalizar a primeira parte da temporada do mesmo jeito que a começou: desenvolvendo os seus personagens. E com uma narrativa mais preocupada com o desenrolar da trama do que com as cenas de ação, o episódio conseguiu dar um ótimo seguimento para a história com boas mudanças.

Se este foi o ponto positivo do roteiro, com certeza o acerto do episódio foi reunir mais núcleos, de forma bem dividida, fazendo com que boa parte fosse convergindo para um mesmo lugar. Trazer Carol e Morgan de volta foi ótimo, os personagens e o plot do Reino estavam esquecidos – na verdade o Reino e Ezekiel continuam jogados em algum lugar, mas foi bom a série mostrar que eles ainda existem. Mesmo com o episódio estourando uma hora de duração, não seria tão ruim alguns minutos a mais para termos a presença do Rei Ezekiel na Mid Season Finale. Ainda assim, valeu pelo resgate dos personagens e provavelmente veremos Morgan fazendo a ligação entre Alexandria, Hiltop e Reino.

O mistério que começou a cercar Rick e Aaron durante a busca por suprimentos foi bem interessante também, sendo mais um acerto do roteiro. Há a chance de que seja algum sussurrador, já estes já tiveram alguns easter eggs durante a temporada, mas seria interessante ter apenas a presença deles por perto. Mesmo assim pode ser qualquer um, até mesmo um personagem inexistente nas HQs originais de Robert Kirkman. A cena pós crédito ajuda nessa composição de mistério, já que ela existe apenas para instigar a curiosidade do público. Mas com certeza deve ser um novo personagem, pois com a aproximação da guerra o plot do Negan está apenas começando.

Por falar em Negan, este e o recém premiado Jeffrey Dean Morgan – vencedor do Critics’ Choice Awards como Melhor Ator em Série de Ação – é o nome da temporada. Mesmo que TWD venha trabalhando muito bem as motivações, reações e sentimentos do grupo principal de personagens, a presença do vilão esteve sempre em todos os episódios. Até mesmo naquele especialmente dedicado apenas Tara e Heath (este ainda continua sumido, infelizmente). Durante todo o plot dele em Alexandria foi visível que tudo o que se viu durante a temporada é realmente verdade. Negan usa as pessoas através do medo que impõe sobre elas, definindo isso como um respeito dos outros para com ele. A pressão psicológica que ele exerce também funciona muito bem para ilustrar o poder que o antagonista possui.

Além de dar um show a parte na atuação, Negan também traz diálogos muito bem feitos nos episódios em que participa. Neste, o destaque é para a sua dedução correta sobre a atitude de Spencer e é ainda mais incrível a forma como ele tenta reverter isso ao seu favor, exigindo um “obrigado” de Rick por seus serviços prestados. Aliás, as mortes de Spencer e Olivia foram um alívio para a segunda metade da temporada, pois quanto menos personagens inúteis a série tiver, melhor será ao desenvolvimento do enredo – Olivia nunca teve importância (a não ser para dar um tapa na cara do Negan), servindo apenas para momentos bem bizarros e de falhas óbvias do roteiro. São dois personagens que não farão falta alguma.

Após isso temos a cena ridícula de Rosita dando um tiro em Negan, e o que acontece depois é bizarro. Pensando melhor, é um absurdo Lucille “amortecer” um tiro com menos de 5 metros de distância e continuar parada. Mas a reação enfurecida de Negan chamou mais a atenção, pois também é possível tirar o sorriso do rosto dele – mesmo assim, o vilão é tão sádico que logo volta a sorrir.

Daryl escapou do Santuário e foi para Hiltop. O personagem foi desperdiçado na temporada, teve um arco abaixo do que se esperava, mas que no fim acabou sendo positivo. Ele simboliza muito bem a redenção e a união do grupo de Rick que o episódio se propõe em apresentar. O reencontro dos personagens em Hiltop traz a cena que melhor traduz isso, com uma trilha sonora propositalmente emocionante focando no rosto dos principais personagens do programa.

A guerra está para começar, basta saber como Alexandria, Hiltop e Reino irão se unir contra Negan e que armas eles terão para lutar. Oceanside é uma incógnita, o grupo de mulheres pode se unir na guerra, já que os roteiristas não perderiam um episódio inteiro para apresentar um grupo que não teria uma utilidade “imediata”. Poucas perguntas ainda precisam de resposta, a principal delas é “Onde está Heath? Morreu?“, as outras são o gancho para a segunda parte da temporada.

The Walking Dead retorna com o nono episódio da 7ª temporada em 12 de fevereiro de 2017.

Avaliação

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