Divulgação/ Netflix
The OA apresenta uma mescla interessante entre ficção e religião
The OA, série original Netflix. Imagem: Divulgação

A primeira vez que fiquei sabendo da nova série original Netflix, The OA, foram quatro dias antes da mesma ser disponibilizada no catálogo do serviço de streaming. O trailer deixa tudo confuso, intrigante e prometia uma trama cheia de mistérios. E isso foi cumprido.

O primeiro episódio de The OA tem exagerados 1h e 10 minutos de duração e durante grande parte do episódio somos apresentados aos fatos que poderiam ser deduzidos apenas com a sinopse. Prairie Johnson (Brit Marling de A Outra Terra), uma jovem cega que desapareceu prestes há completar seus 21 anos. Sete anos depois ela reaparece, diferente, agora enxergando novamente.

O restante do episódio foca em mostrar a reação da família, da mídia e a adaptação de Prairie ao seu lar depois de tantos tempo. Porém, o que todo mundo quer saber é: como ela recuperou sua visão? A partir desse questionamento, a trama começa a evoluir nos 20 minutos finais de Homecoming. Por meio de um grupo com cinco pessoas, Prairie começa a revelar o que realmente aconteceu durante o tempo que ficou desaparecida e é a partir desse momento que trama principal da série se revela: buscar o seu “eu” invisível.

A série tenta usar ciência e religião, trazendo questões como “Existe vida após a morte?”, “Para onde vamos quando morremos?”, “Podemos ser mais do que humanos?”, “Deus existe?”, e por aí vai. A trama explora personagem central, Prairie (Brit Marling), através da capacidade humana em acreditar no impossível, aceitar aquilo que ele não entende como uma parte de si, que não necessariamente precisa ser compreendida, mas somente aceita para revelar o tal “eu” invisível.

Tentando explorar o desconhecido e trazer uma trama original para os seus telespectadores, The OA peca ao não saber conciliar a história da protagonista com o restante dos personagens. Muitos são subdesenvolvidos ou esquecidos durante os oito episódios, como é o caso do personagem de Jesse (Brendan Meyer), que quase não possui falas e apenas ocupa espaço em tela. Isso acontece porque Prairie precisa de cinco amigos para realizar uma tarefa muito complexa e contar sua história de vida. Steve Winchell (Patrick Gibson) e Alfonso Sosa (Brandon Perea) são os únicos, além de Prairie, que possuem uma história mais complexa e mesmo assim muito mal desenvolvida.

Durante seus oito episódios, somente um não possuiu um flashback retratando o passado de Prairie. O uso constante dos flashbacks não chega a ser um problema grave, eles são necessários para mostrar tudo o que ela passou da infância até os dias atuais, porém, tornando-se cansativo. O que passa a impressão de uma trama arrastada e lenta. Outro problema é deixar de se explicar em uma trama que se propõe a mostrar o desconhecido e a explicá-lo, falhando na sua segundo intensão – que seria crucial para o entendimento do público. Um bom exemplo disso é o local onde Prairie se encontra sempre que está tendo uma EQM (experiência de quase morte). O roteiro não deixa claro se isso é imaginação, o céu ou um lugar no universo perto de Saturno. São muitas perguntas para poucas respostas.

O que prende o telespectador e o faz assistir aos oito episódios é realmente a temática original, a mistura de ficção com religião – algo pouco visto na TV.

The OA chegou à Netflix com uma trama original e problemas que toda série não está isenta de enfrentar. O programa nos apresenta uma trama que é mais do que uma história, é mais do que um entretenimento. A cena final do último episódio traduz a magnitude que a série quer atingir, representando toda a pureza que um ser humano pode ter e o que os personagens centrais buscam durante a temporada: o seu eu invisível.

Avaliação

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