Hideo Nakata cria uma ótima obra de investigação e horror em Ringu

Ringu (1998)

Em 1998, no Japão, boatos correm entre os jovens sobre uma fita com um filme estranho, e quem a assiste recebe uma ligação e escuta a seguinte mensagem: “sete dias“. Isso quer dizer que a partir daquela data e horário, você tem apenas sete dias de vida. A premissa é, sem sombra de dúvidas, interessante e Hideo Nakata não transforma sua obra em um festival de sustos gratuitos. Pelo contrário, o direto cria um thriller de investigação muito bem construindo e apresenta um desenvolvimento coeso durante quase todo o longa.

Nanako Matsushima interpreta a jornalista e protagonista do longa, Reiko Asakawa , responsável por mover toda essa investigação. O longa não precisa criar nenhum artifício “artificial” para que a personagem decida seguir a investigação. O roteiro tem como seu ponto forte o uso da naturalidade dos acontecimentos, todas as ações são uma perfeita sucessão. Asakawa já estava envolvida em uma reportagem sobre a tal “lenda urbana” da fita misteriosa de Sadako (a Samara original, vivida por Rie Ino’o), e com isso uma coisa foi puxando a outra até que ela se visse em meio a uma investigação totalmente envolvente. 

A direção de Hideo Nakata faz tudo certo, principalmente os ângulos, que na época começavam a ditar conceitos de filmagens no terror que viria a seguir. Nakata ainda tinha uma fotografia mais viva que exaltava as cores e o ambiente – mesmo que não houvessem tantas cores vivas, pois, no geral, o longa utiliza muito de tons pastéis. Um detalhe interessante na filmagem era a dimensão que o diretor usa em planos fixos, ao invés de dar o famoso zoom (de forma lenta), a câmera imóvel passa um sentimento de vazio, de algo que precisa ser preenchido. É algo que em alguns momentos perturba e atinge o objetivo do thriller psicológico e do horror: mexer com a mente do público.

Ringu (1998)

Por se tratar de um thriller de investigação, a história precisa arranjar artifícios para se sustentar durante todo o filme, mas aqui isso não é necessário porque Ringu tem o tempo ao seu favor. Com pouco mais de uma hora e meia de duração, o filme não precisa criar elementos deturbadores para se sustentar. A fantasia do terror também se faz presente, mas isso é algo exclusivo do terceiro ato, pois antes disso acontecer, o longa se mantinha o mais realista possível.

O grande problema, e que causa uma forte desilusão com o longa, está em seu terceiro ato. Ringu peca na escolha final de justificar certos acontecimentos, trazendo a tona uma descoberta totalmente banal e que foge de toda a inteligência que o roteiro utiliza para chegar até sua conclusão. Ringu é competente e toda sua construção mas falha ao apresentar um explicação totalmente fajuta, dando uma resolução fraca para o acontecimento central da história, se comparado com tudo que foi visto no longa.

Avaliação

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