Imagem: Divulgação/ Sony Pictures
Apesar de ser uma obra muito bem feita, Manchester À Beira Mar não é novidade
Manchester À Beira Mar
Imagem: Divulgação/ Sony Pictures

Kenneth Lonergan traz às telonas um melodrama pesado, mas que já teve outros retratos em filmes de Hollywood. O diferencial do longa é o próprio diretor, que sabe conduzir bem uma narrativa que precisa de tempo para se completar, já que inicialmente a história se apresenta confusa e quase subentendida. 

A história gira em torno de Lee Chandler, um homem vazio, traumatizado e que perdeu, parte, da vontade de viver. O personagem precisa voltar à sua cidade natal e lidar, agora, com a morte do irmão e com a guarda do sobrinho que herdou do falecido irmão (interpretado por Kyle Chandler, da série Bloodline). O protagonista é bem interpretado por Casey Affleck, mas há momentos em que a história cria expectativas que o ator não é capaz de cumprir. Além disso, a história se conduz de forma previsível, pois no momento em que se percebe que algo aconteceu no passado de Lee, é óbvio que em algum momento o filme vai apresentar o que houve com o protagonista. O fato é pesado e denso, e com isso é possível entender os dilemas do protagonista, que se mostra incapaz de superar seus traumas.

A história é atraente, é um drama arrastado e que combina com o belo visual do filme – que traz uma fotografia em tons gélidos, fazendo contraste com o clima ambiente da cidade. O roteiro precisa inserir elementos que complementam a história central, desenvolvendo relações de personagens no presente e mostrando como elas eram no passado. O contraste do flashback com o presente, que mostra as mudanças na vida de Lee, consegue ser chocante e instiga a responder perguntas criadas sobre o personagem principal.

Ao longo dos acontecimentos, Manchester À Beira Mar se importa em estabelecer novos vínculos entre os personagens, principalmente entre Lee e Patrick (seu sobrinho, interpretado pelo ótimo Lucas Hedges). Entre brigas e momentos compreensivos, de ambas as partes, a dupla traz uma dinâmica interessante para a história. Os dois conseguem alternar entre tristeza e leveza com êxito, trazendo momentos de desafogo ao melodrama pesado do filme.

A direção de Kenneth Lonergan usa a filmagem simples dos filmes indies ao seu favor. Os ângulos são aconchegantes e conseguem passar as expressões dos personagens da forma mais clara possível. Porém, o diretor peca em reproduzir diversas vezes momentos vazios em que a câmera abre em um plano local e usa uma trilha sonora melancólica, em excesso, para acompanhar a filmagem. Mas mostrar uma paisagem com tanta frequência e como um m divisor de atos é cansativo e desinteressante.

Manchester À Beira Mar
Imagem: Divulgação/ Sony Pictures

Michelle Williams tem poucas cenas no filme, mas não há como negar que a atriz precisa de apenas uma cena, ao lado de Casey Affleck, para mostrar uma atuação incrível. A cena em questão, consegue entregar o melhor dos dois atores, com Williams tendo um pico dramático excelente ao demonstrar as perturbações da personagem e Affleck, inexpressivo, passa o mesmo que foi visto ao longo de todo filme, um personagem apático e sem reação. Isso é compreensivo, é preciso somar o que aconteceu e a forma como isso afetou o personagem para entendê-lo.

Manchester À Beira Mar é uma obra simples, mas que apresenta uma boa complexidade em torno de seus personagens, todos muito bem desenvolvidos – é interessante prestar atenção em todos os acontecimentos e fazer um balanceamento de como eles foram afetados, os traumas particulares de cada um são muito bem retratados no drama. Kenneth Lonergan acerta nos rumos da narrativa e consegue afetar o público com o seu peso dramático.

Avaliação:

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