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Desta vez, O Chamado deveria ter deixado a Samara no fundo do poço
O Chamado 3
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O aguardado O Chamado 3 chega aos cinemas com uma mistura de reboot, refilmagem e releitura da história vista em Ringu (1998) e posteriormente na versão americana O Chamado (2002), muito bem dirigida por Gore Verbinski. Porém, o terceiro ato da franquia foi parar no mesmo local de onde sua assombração saiu, no fundo do poço.

O Chamado 3 começa com duas sequências de abertura sem propósito e jogadas na película para criar tensão e curiosidade no público, algo que na prática não funciona. Trata-se da clássica abertura dos péssimos filmes de terror que Hollywood trouxe para os cinemas nos últimos anos. Ainda assim, uma das cenas se dá ao luxo de uma fazer pequena referência à mitologia dos filmes de 2002 e 1998, posteriormente destruída pelo roteiro do filme.

A ideia de trazer O Chamado de volta aos cinemas é, de claramente, dar uma roupagem nova, mais atual e tecnológica ao filme. Há uma piada, medonha, sobre isso, falando que vídeo cassete está ultrapassado, fazendo mais uma clara referência aos antigos filmes – já que o vídeo amaldiçoado era visto em fita vhs. Quando existe este tipo de homenagem/referência, parece que o longa respeitará o legado que o originou, mas o que O Chamado 3 menos faz é proteger a mitologia do thirller.

A nova roupagem é reduzida a fórmula básica do terror: sustos gratuitos, dependentes de efeitos sonoros artificiais para tentar construir a tensão e agradar o público geral – como se esse já não estivesse cansado deste tipo de coisa. Além disso, o filme de F. Javier Gutiérrez faz diversas colagens, sem sucesso, de O Chamado, de 2002. O diretor, ainda inexperiente, traz um filme sem personalidade que tenta ser um longa-metragem que já foi feito, mas com uma história diferente. Assim como a fotografia, quase igual ao filme de Gore Verbinski, porém, com algumas peculiaridades para dizer que é original – pelo menos na teoria.

Além da direção fraca e sem personalidade, O Chamado 3 ainda tem um roteiro bagunçado, que em nenhum momento demonstra o que quer passar. A história desconstrói aquela contada em O Chamado e em Ringu, trazendo personagens fracos com quem ninguém se importa – mesmo que atores conhecidos estejam interpretando-os. Há, também, a criação de uma pesquisa sobre o vídeo amaldiçoado, mas essa subtrama mal explicada é esquecida pelo próprio enredo do filme – sendo mais uma incoerência de um roteiro mal pensado.

O Chamado 3
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O longa, quando busca respostas, procura contar uma nova história sobre Samara, mostrando que seus traumas estavam presentes antes mesmo do nascimento da personagem – contando assim, a história da mãe dela também. A trama reflete a vontade de trazer algo inédito e original no longa, e com isso descobre-se um vídeo dentro do vídeo original, e este é usado como se fosse um fan service.

A tentativa do roteiro, de criar algo original, se vai por água abaixo em mudar a essência do propósito da história. E como se não bastasse tantas escolhas infelizes dos roteiristas, O Chamado 3 ainda consegue criar um vilão, estilo O Homem nas Trevas, vivido por Vincent D’Onofrio para um embate final com a protagonista (Júlia, vivida por Matilda Anna Ingrid Lutz).

O Chamado 3 é marcado pelas escolhas errôneas de uma proposta falha e sem prestígio, tornando o que era um bom thriller de investigação, em um filme mal construído e com um objetivo criado a partir de uma junção de cenas para surpreender o público. E assim ele apresenta o gancho, ainda mais fraco, para uma possível sequência.

Com vários sustos gratuitos, O Chamado 3 é o novo terror pastelão do momento, um filme sem personalidade, que precisava de algo mais maduro para realmente acontecer.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Muito ruim)