Road movie é um gênero complicado de ser trabalhado, assim como há filme ótimos do gênero, também há o dobro de filmes ruins – sem descartar aqueles que ficam no meio termo. Um exemplo recente de um ótimo filme que pode se encaixar, também, nesta classificação é Logan e a jornada de Wolverine (Hugh Jackman) e X-23 (Dafne Keen) para escapar dos Carniceiros. Agora, um exemplo, plausível, de um longa que fica no meio termo do gênero é La Vingança, e sua jornada, nada épica, em busca de redenção em meio a traição, encorpada com o diálogo Brasil vs Argentina que garante leveza e diversão em um filme totalmente sem compromisso.

Segundo o próprio enredo de La Vingança, ser traído é algo traumatizante, mas pior do que isso é quando a namorada trai o rapaz com um argentino, e não há nada mais perturbador que um hermano vir para o Brasil e pegar “nossas mulheres” – dito por Vadão, personagem de Daniel Furlan, em algum momento da aventura.

A jornada é cheia de pequenos simbolismos que transcendem a rivalidade Brasil e Argentina, martelada a cada segundo do filme, sendo o “Opalão” amarelo o melhor exemplo disso. Sendo assim, e usando estes mesmo elementos durante boa parte da história, La Vingança define bem o tom descontraído de sua narrativa, com piadas que nem sempre funcionam, mas que entre os trocadilhos com o astro Bruce Willis e o ídolo Casagrande (comentarista esportivo da Rede Globo) o roteiro encontra alguns bons momentos.

Com o tom definido, o filme de Fernando Fraiha e Jiddu Pinheiro afirma o seu ritmo com diálogos dinâmicos, alterando seus trocadilhos com frases sagazes e maliciosas na medida certa – sem interferir nas características de cada personagem. Além disso, a transição entre o português e o espanhol (já que o filme traça sua rota à Buenos Aires e conta com a participação de diversos atores e atrizes do país vizinho) é feita com total naturalidade, sem parecer estranho em nenhum momento. Por outro lado, o filme também usa isso ao seu favor com o clichê do brasileiro que não sabe falar espanhol e mal arranha, também, o portunhol.

Para um filme independente é preciso reconhecer que La Vingança é feito com cuidado/carinho, desde o roteiro até a montagem, deixando a desejar na fotografia simples – pois se tratando de um road movie, o filme poderia ser esteticamente mais ousado. Porém, mesmo com com estes cuidados, o filme não deixar de traçar uma jornada previsível com arquétipos comuns no seu retrato, desenvolvimento e personalidade dos personagens.

Apesar de trazer diversão e leveza para a película, La Vingança não é um filme ruim, mas também não há nada de extraordinário na obra. As incessantes piadas futebolistas sobre Pelé, Maradona e Messi são totalmente datadas, e algumas se encaixam nos momentos em que o filme não funciona. Além disso, é um diálogo exclusivo aos homens, impossibilitando uma experiência agradável ao público feminino – que não vai rir quando uma mulher paraguaia é taxada como falsa argentina. Por fim, La Vingança restringe-se ao público masculino entre acertos e momentos esquecíveis, mas ao bem da verdade não há nada de mais, ou, nada além do que já foi visto em outros filmes do gênero.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Razoável)