Imagem: Divulgação/ Universal Pictures

O Matinê Cine&TV já assistiu ao elogiado Fragmentado (Split), que vem desde o final do ano passado conquistando a crítica especializada dos Estados Unidos, além de ser o filme de terror/suspense com a melhor arredação doméstica desde Invocação do Mal (2013), com US$ 136,8 milhões de bilheteria. Apesar de já ser um grande sucesso, Fragmentado chega nesta quinta-feira (23) no Brasil, e promete trazer de volta ao cinemas as principais qualidades de M. Night Shyamalan, responsável por filmes como O Sexto Sentido (1999), Corpo Fechado (2000) e o recente A Visita.

Fragmentado traz de volta a abordagem intrigante e instigante de Shyamalan, que deu certo no começo de sua carreira quando surgiu na década de 1990 e parecia estar se consolidando nos início dos anos 2000. Apesar de apresentar altos e baixos, e visitar o limbo com a adaptação de O Último Mestre do Ar (2010), Shyamalan tem potencial e inteligência para apresentar grandes filmes. O diretor, que também sabe escrever bons roteiros, consegue sempre trazer algo diferenciado na forma em que comanda as filmagens de seus projetos. Usando e abusando de ângulos e enquadramentos exóticos, Shyamalan consegue cadenciar o ritmo de suas narrativas sem deixar que suas histórias entrem em um marasmo sem fim.

Entre as características marcantes da assinatura do diretor, está presente o flerte entre as dádivas de Deus com as graças do demônio, algo que quando citado sempre torna-se intrigante, já que seus personagens costumam expor suas crenças como motivações primordiais – mesmo que eles não acreditem naquilo que estão vendo ou ouvindo. Fragmentado é um bom exemplo dessa retomada, já que há momentos em que as personalidades de Kevin (James McAvoy) se referem a algo maior, algo além da compreensão humana – assunto que Shyamalan gosta de abordar em seus filmes.

Ainda que flerte com esses conceitos, Shyamalan não apresenta a intenção de manipular o pensamento do público caindo em explicações expositivas à moda Christopher Nolan. Ao contrário disso, o diretor quer apenas que o público tenha o devido entendimento sobre como os conceitos se aplicam na obra. Tanto que ao invés de dar explicações didáticas, o roteiro usa e abusa de analogias, prova disso é Corpo Fechado (2000) que apresenta a sua história à base destas analogias e comparações com histórias em quadrinhos, além de depender da interpretação mental de quem o assiste. Além disso, o plot twist do roteiro não está, exatamente, no grande momento em que a reviravolta acontece no filme, mas sim nas sutilezas que Shyamalan coloca conceitualmente no enredo de suas obras.

Chegando aos cinemas nesta semana, Fragmentado é o tipo de filme para quem realmente gosta de contemplar o cinema. O longa apresenta uma imersão que nem mesmo o IMAX (que têm isso como sei slogan) consegue apresentar na maioria das vezes. Fazer parte de um filme não depende do tamanho da tela, mas sim da qualidade que a história apresenta e da forma em que a narrativa se desenvolve aos olhos do público. E isso, está mais do que garantido em Fragmentado, filme que começa a consolidar a qualidade ímpar de M. Night Shyamalan no cinema, até que possamos confirmar isso nos próximos trabalhos do diretor.

Veja as nossas primeiras impressões do filme: