No mundo dos blockbusters de super-heróis sempre sobra espaço para mais e mais produções, sejam eles de tom sério e sombrio ou mais leve e divertido. Sobram também os que amam ou odeiam essas produções – sempre reclamando que faltou acertar o tom daqui, ou que a história não seja fiel ali. Porém, com a chega dos Power Rangers isso pode mudar e unir todas essas pessoas com uma única coisa: a nostalgia.

Power Rangers chega aos cinemas na próxima quinta (23/03), e o diretor, Dean Israelite, faz uma mescla dos tons já citados e consegue encontrar o perfeito equilíbrio. A trama funciona como um filme de origem alá super-herói e trabalha com cinco adolescentes diferentes, cada um com seu problema particular, que em algum momento precisam ser superados para se tornarem o que devem ser.

Essa é a chave mestra para o desenvolvimento do longa. Cinco adolescentes que estão beirando a vida adulta e são cobrados de todas as partes para que criem a responsabilidade de tal. Isso não é novidade no cinema, só por citar um, temos Clube dos Cinco (1985) que traz algo parecido. Porém, o clichê passa longe daqui, pois para serem os Rangers  os jovens precisarão de muito mais que união, vão precisar criar laços de amizade.

Jason (Dacre Montgomery), Kimberly (Naomi Scott), Zack (Ludi Lin), Trini (Becky G) e Billy (RJ Cyler), que rouba a cena sempre que está presente, se veem na mesma situação quando encontram em uma mina de ouro misteriosos cristais que lhes dão poderes da noite para o dia. Mas aí está um dos defeitos do filme, o tempo reservado para o desenvolvimento da vida dos cinco é fora do comum, todo o primeiro e segundo atos são praticamente exclusivos para isso. Consequência disso é o pouco que vemos dos Power Rangers em ação – sobretudo com seus uniformes.

O roteiro é a parte forte do filme, já que temas como autismo, perda de entes próximos e homossexualidade são perfeitamente encaixadas no filme – apesar de não aprofundar boa parte deles. Diálogos também são bem jogados no longa, fazendo com que tenhamos ótimas ligações entre uma cena e outra.

Apesar da ação constante ser marca registrada das série de TV – Might Morphin Power Ranger -, no longa temos a história particular dos personagens –  inclusive a origem de Zordon (Bryan Cranston) e a vilã Rita Repulsa (Elizabeth Banks) que aparecem nos primeiros cinco minutos de filme.

Outra decepção está nos efeitos especiais, que no geral funcionam bem, mas na batalha final, do terceiro ato, a perfeição (ou quase) dos efeitos faz falta, principalmente na batalha com os Zords e depois com o Megazord. Curiosamente há um trocadilho bem satisfatório com Transformers, já que muito se comparou o Megazord com os robôs dos filmes de Michael Bay.

A trilha sonora peca, também, em alguns pontos. Músicas conhecidas são tocadas, entretanto, uma cena em especial não é correspondida pela escolha e arranjo da música.

O grande trunfo do filme está na grande dose de saudosismo que se faz presente em diversas partes do longa. Elas fazem o público esquecer dos defeitos e arrancam distintas reações. Cenas com um simples “Ai ai ai”, “Faça meu monstro crescer e a trilha original, “Go Go Power Rangers”, bem quando os heróis estão indo à batalha, devem fazer os fãs mergulhar nas poltronas, arrancando arrepios, gritos e aplausos. Isso sem falar da simples aparição dos atores da série original que também tiram suspiros do público. Essas referências só os fãs mais antigos entenderão, mas não atrapalham quem nunca teve contato com esse mundo – tendo em vista que a Lionsgate pretende emplacar uma nova franquia, sendo a geração mais nova o seu alvo principal.

Há uma cena pós-créditos no filme, ela vai explodir o que restar da sua cabeça. Algumas pessoas podem achar que é um gancho para futuras continuações.

No fim, Power Rangers mostra que apesar de cada vez mais produções originais de Hollywood serem exigidas pelo público, a nostalgia tem lá o seu efeito com boa parte dos espectadores. E claro que os fãs da cultura pop são os que mais gostam disso.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Ótimo)