Imagem: Divulgação/ H2O Films

O cinema nacional vive um momento de evolução, nas mesmas proporções de sua defasagem, ou seja, as obras de qualidade do mercado cinematográfico brasileiro começam a ser, enfim, devidamente valorizadas, enquanto os longas-metragens que priorizam apenas ganhar dinheiro com um elenco de rostos conhecidos e subestimando, ainda, a inteligência alheia começam a perder espaço. Porém, o que acontece em Amor.com está no meio termo da situação. O filme comandado pela estreante na direção Anita Barbosa, é simples e despretensioso ao retratar de uma forma um pouco diferente o clássico formato da comédia romântica brasileira.

O roteiro constrói com naturalidade e com o uso do acaso o romance entre Katrina (Isis Valverde) e Fernando (Gil Coelho). Ela, uma youtuber de moda, acostumada a usar a imagem como seu principal material de trabalho; ele começando um canal sobre games ao lado dos melhores amigos. Inicialmente há um choque que o longa causa pela sua ambientação, o trabalho de pesquisa feito pela produção possibilitou a criação de um texto inteligente para o próprio filme. A linguagem usada pelos personagens varia com as situações em eles vivem no dia a dia, seja na hora gravar um vídeo (quando se comunicam diretamente com os fãs), ou ao comparecer em algum evento e, principalmente, quando os youtubers são “pessoas comuns”.

Anita consegue dar o trato narrativo que a história precisava, mesmo sendo um romance clichê a diretora consegue fazer com o que o público se identifique com os protagonistas, seja pelo carisma dos personagens ou por se identificar com as diversas situações que eles passam ao longo do filme. Isso se deve também, a vasta experiência que a própria diretora trazia ao acompanhar projetos do gênero como Se Eu Fosse Você (ambos os filmes), por exemplo. Mesmo sendo estreante, em nenhum momento Anita demonstra estranheza ao comandar as câmeras no posto principal da produção, aliás, pelo contrário, a direção segura mostra que ela já está mais do que ambientada a função.

Porém, apesar de apresentar vários acertos quanto a parte criativa, o conceito aplicado nos personagens não foge do estereótipo comum. Por exemplo, o retrato do nerd proposto pelo filme torna-se pouco rico a partir do momento que constrói uma imagem oitentista deste universo, com um rapaz que pouco se preocupa com o visual, faltando apenas um rosto cheio de espinhas. Por outro lado, hoje em dia o nerd não necessariamente é assim, e se o estereótipo inicial trabalha o conceito de forma antiga, o próprio filme consegue se modificar ao atualizar o conceito do personagem.

Imagem: Divulgação/ H2O Films

O elenco, por outro lado, não apresenta grandes recursos dramáticos, mesmo que aqui não sejam necessários. Mas é visível que na primeira meia hora de filme, a dupla de protagonistas pouco parece estar a vontade dentro dos personagens, o desconforto de ambos fica gritante em tela. A estranheza, como pode-se esperar, passa ao longo do tempo, e muito disso se deve a boa química entre Isis Valverde e Gil Coelho onde ambos parecem se reconfortar e naturalmente ficam à vontade com os seus personagens.

Apesar de não estar dentro do bloco de grandes produções nacionais ou trazer o buzz de filmes com um elenco repleto de celebridades, Amor.com traz em sua simplicidade o prazer se desfrutar de uma história leve e bem desenvolvida. Mesmo com uma produção pequena, o longa consegue ser o tipo de filme despretensioso que torna a ida ao cinema ao algo leve e divertido, e em muitos casos, isso é o que vale a pena.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Razoável)