Imagem: Banco de Séries
Imagem: Banco de Séries

Recentemente Shadowhunters retornou com os seus episódios inéditos prometendo aos fãs adaptações de cenas e a inclusão de personagens ícones da obra literária de Cassandra Clare. E “Mea Maxima Culpa” cumpre com isso introduzindo novos elementos para o atual enredo da série.

Sendo um adaptação, há sempre o risco de haver alterações que afastam o livro da série, e a cada episódio, isso fica mais evidente. Um exemplo disso é Jace e Clary não serem irmãos. Essa revelação foi feita no último episódio da primeira parte da segunda temporada, apenas alguns personagens e o público tomaram conhecimento desse fato, gerando questionamentos se a série seguiria os mesmos passos do livro em revelar esse segredo para Clary, a maior interessada no assunto e a última a ser avisada.

O momento da revelação “total” foi bastante decepcionante. Vários fatores contribuíram e deixaram aquele sentimento de “tem algo errado nisso“. Começando pela reação de Clary que não demonstrava ter sentimentos tão fortes por Jace, apesar do amor que alegava anteriormente, mas ela ainda demonstrou uma rápida aceitação pelo fato dos dois serem irmãos. Depois, seguindo pelo inicio do relacionamento com Simon, que nunca foi visto como um namorado em potencial, e atualmente agindo friamente em relação notícia que não tem laços de sangue com Jace.

Tudo isso deixa um incomodo enquanto assistimos, pois parece algo bem forçado e sem sentido (e querendo ou não você sente falta da química) no sentimento avassalador entre o casal principal. A personagem não demonstra nenhum momento de conflito, confusão ou dilema em relação aos sentimentos e não sabemos se isso é culpa de um enredo mal construído ou de uma atuação fraca (ou dos dois).

Digo isso porque Dominic Sherwood foi duramente criticado por sua performance como Jace, mas ele tem mostrado melhorias que começam a fazer a diferença. Seu personagem tem demonstrado o quanto seus sentimentos conflituosos em relação Clary influenciam em suas ações, tanto que prefere não lidar com alguns dilemas e está disposto a colocar a felicidade dela na frente da sua. Características essas que tornam-se cada vez mais presentes na atuação de Dominic, fazendo que o público sinta os conflitos internos do seu personagem.

Ainda assim, acredito que o grande momento de “Mea Maxima Culpa” , foi o aparecimento de Sebastian Verlac, que desde o anuncio do personagem na segunda parte dessa temporada as expectativas estavam altas. Assim como Will Tudor, que não decepcionou. Sua chegada foi marcante e ele é exatamente como os fãs dos livros esperavam: misterioso, charmoso, conquistador e perigosamente atraente. Sendo o personagem mais amado odiado da obra de Cassandra Clare, parece que ele causará o mesmo efeito nos fãs da série que já sentiram o impacto da personalidade sombria de Sebastian.

Imagem: IMDb

Outro personagem que causou alvoroço entre os Shadowhunters, foi o demônio Azazel. Em busca do Cálice Mortal ele quase matou Clary e ainda acabou despertando o sangue de anjo de Jace, revelando a habilidade específica do rapaz. Azael também deixou de presente uma troca de corpos bastante preocupante, que inicia as emoções de “You Are Not Your Own”. Como foi revelado no finalzinho do episódio 11, Magnus e Valentine tiveram seus corpos trocados durante a luta contra o demônio maior, proporcionando ao Valentine sua liberdade da prisão.

Essa situação presenteou os fãs com duas atuações incríveis de Harry Shum Jr. e Alan van Sprang que demonstraram um enorme talento ao reconstruir personagens com personalidades totalmente diferentes. Era evidente o empenho imposto nas cenas, pois mesmo no corpo de Valentine nós conseguíamos identificar o olhar de Magnus, sua sensibilidade e seus gestos característicos de mãos (elementos únicos do personagem), demonstrando toda a preparação dos atores para entregar personagens sólidos, convincentes e que agradam o público que acompanha e conhece a série.

Na verdade, esse episódio teve vários momentos excelentes, tornando esse retorno da série bastante surpreendente. Como, por exemplo, a apresentação de Sebastian à Alec, Jace e Clary, que demostrou, mais uma vez, como Will Tudor incorporou as principais características do personagem. E ainda deixou aquele toque de tensão entre o grupo com a desconfiança de Alec e o interesse de Sebastian por Clary e Jace.

Tivemos o momento Sizzy. A interação entre Izzy e Simon é naturalmente bonita, dando para perceber o quanto eles funcionam bem quando juntos e deixando expectativa sobre o futuro dos dois como um casal (ou não). Pois, com as enormes mudanças entre livro e série, fica aquele questionamento sobre o futuro de alguns momentos ou de relacionamentos entre os personagens.

Os novos elementos enriqueceram o episódio, apesar da cena entre Simon e Clary, que não acrescenta e nem tem relevância. Mas as outras novidades incluídas deixam a sensação de teremos muita coisa interessante até o final dessa temporada. Ainda tivemos um pouco de Simon usando sua condição de daylight para impor respeito e exercendo uma grande influência sobre os vampiros, deixando a grande possibilidade desse assunto ser abordado mais profundamente nos episódios futuros.

Outra surpresa desse episódio foi a revelação da verdadeira identidade de Jace, que foi outro momento que se afastou bastante da obra literária. Por essa revelação ninguém esperava, pelo menos não agora. Jace é um Henrodale, seu ego faz justiça ao seu berço porque ele faz parte da realeza Shadowhunters, o que explica o interesse de Valentine e o motivo de o ter escolhido para as suas experiências com sangue de anjo.

Para finalizar não posso deixar de comentar um dos melhores momentos desse episódio: Sebastian utilizando da dor, do luto e jogando verdades na cara de Clary. Um momento maravilhoso em que percebemos o quanto esse personagem está sendo essencial para o desenvolvimento da série com suas palavras cruelmente arquitetadas.

Com um episódio empolgante e cheio de emoções, Shadowhunters tem amadurecido no desenvolvimento do seu enredo, ainda cometendo alguns erros e deslizes, mas tem mostrado elementos surpreendentes e acertos essenciais. Sebastian é um grande exemplo disso. Acredito que essa mistura entre novos elementos – como a troca de corpos entre Magnus e Valentine -, ao mesmo tempo que mantem características do livro, tem sido bem utilizada, apesar de causar espanto em alguns fãs mais fervorosos. Mas são esses elementos que surpreendem, causando ansiedade quanto aos próximos episódios.

Avaliação (para ambos os episódios)

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Ótimo)