Imagem: IMDb/Reprodução

O que aconteceu com as fantasias épicas da Idade Média que o cinema costumava fazer? Perderam espaço para os filmes de Super-heróis? Ou os diretores, roteiristas e produtores apenas perderam o interesse em fazê-las? As dúvidas quanto a isso são muitas, porém, pouco recorrentes. Depois da trilogia consagrada de O Senhor dos Anéis e da tentativa de resgatar o gênero em O Hobbit, o cinema parece ter deixado de lado esses filmes que já conquistaram o mundo.

Apesar disso, desde 2011 a fantasia medieval encontrou um novo fôlego na TV quando a HBO trouxe a tona a adaptação das Crônicas de Gelo e Fogo de George R. R. Martin, mas na ocasião mal sabíamos que a série se tornaria um fenômeno de tal tamanho, e muitos, que não conheciam até então a obra original, nem imaginavam que eventos como Hardhome (a batalha contra os White Walkers em Durolar) e a Batalha dos Bastardos, entre outros momentos, por exemplo, seriam vistos na TV – que por muitos era julgada como a irmã de baixa qualidade do cinema.

Entretanto, na noite de ontem, Game of Thrones provou mais uma vez que vivemos em um tempo em que a televisão supera o cinema, e a batalha entre Daenerys (Emilia Clarke) e o exército Lannister trouxe um evento que aquece o coração dos adorares da fantasia medieval em um confronto épico e que bastou apenas um Dracarys para se tornar memorável. The Spoils of War apresentou a primeira grande batalha da Mãe dos Dragões pelo controle de Westeros, e claro, pelo Trono de Ferro.

Além disso, Game of Thrones representou mais uma vez a grandiosidade que o cinema não consegue mais trazer em histórias medievais com fantasia. Este ano, por exemplo, Guy Ritchie trouxe um Rei Arthur muito mais fantasioso do que muitos estavam acostumados, na tentativa de construir um universo fantástico (no sentido de fantasia, e não do elogio) para iniciar uma franquia com um dos personagens mais célebres da história. Por outro lado, no conjunto da obra, ficou claro que intenção era fazer um blockbuster para ganhar dinheiro vendendo entretenimento como comida, um filme com a jornada do herói escondida atrás de uma fantasia medieval, e isso acabou afastando o projeto do gênero.

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Ao contrário disso, o último episódio da aclamada série (Game of Thrones) apresentou uma batalha digna de uma épica fantasia medieval, mas não foi só a grandiosidade da luta que impressionou, mas principalmente a qualidade do CGI de Drogon (um dos dragões de Daenerys), que parece mais perfeita a cada aparição do dragão. Além disso, a direção de Matt Shakman (que também assina o próximo episódio) trouxe um misto de grandes momentos que a série já havia apresentando, principalmente quando não transforma a guerra em um espetáculo. O diretor soube dosar todos os momentos do climax e foi inteligente ao mostrar como a guerra pode ser devastadoras para as pessoas ao retratar os soldados tremendo de medo ou correndo sem rumo em meio a destruição.

Tais elementos, que consagram ainda mais a qualidade desses “eventos” de Game of Thrones, fazem com que a série fuja apenas do entretenimento fazendo o que, há alguns anos, era considerado impossível na televisão. Porém, é claro, que produções como Vikings e até mesmo The Last Kingdom não ficam muito atrás do programa da HBO, mas é importante ressaltar que a essência de Game of Thrones é a única que está enraizada dentro da fantasia medieval.

Mas, como já dito aqui, Game of Thrones se afirma ainda mais como uma das grandes obras da fantasia épica (não apenas na literatura) e mais uma vez representou este gênero que não pode ficar no esquecimento e que precisa voltar aos seus tempos de glória. Com o episódio de ontem (06), a série da HBO acumula mais uma grande batalha na sua galeria de grandes episódios, mas parece que a grandiosidade do massacre de The Spoils of War é só começo para o que a série ainda vai fazer na sua reta final, além de mostrar que mesmo ainda sendo um produto do entretenimento, Game of Thrones vai continuar fazendo o que o cinema já não é capaz de conceber há um bom tempo.