Imagem: Reprodução/Banco de Séries

Na maioria das vezes a próxima temporada de uma série precisa ter consciência do potencial que pode atingir. Ao invés de almejar muito mais do que pode fazer, é mais vantajoso rever o que deu certo no ano anterior, manter e aperfeiçoar isso. E parece, pelo menos no primeiro episódio, que The Exorcist (O Exorcista) fez o dever de casa direitinho.

Em “Janus” (título do episódio de estreia da temporada), O Exorcista volta a explorar dois núcleos diferentes no seu desenvolvimento. Apesar disso, a série parece muito mais interessada em evoluir sua trama e personagens do que se importar com algum tipo de conspiração religiosa como aconteceu na temporada passada. Aliás, esse desenvolvimento veio a calhar, pois agora, mais do que nunca, Padre Tomas (Alfonso Herrera) deu início a sua jornada como aprendiz de exorcista.

Enquanto o episódio acompanhava os Padres Tomas e Marcus (Ben Daniels) ajudando a jovem possuída Cindy, Janus não perdeu tempo e já apresentou o orfanato que promete ser o grande foco da temporada. Assim, seguindo o bom ritmo do episódio, O Exorcista conseguiu dar uma boa amostra do que há no local, mas mais importante do que isso, a série já deixou claro que cada criança que ali está tem uma peculiaridade – o garoto cego, o jovem que tem problemas noturnos quando está nervoso, o garoto religioso, entre outros.

Para a sua segunda temporada, O Exorcista traz um enredo que parece beber em fontes recentes do cinema, como o elogiado Invocação do Mal 2 que acompanhou o caso de possessão da jovem Janet (Madison Wolf) – sem deixar, também, de retirar mais da essência que o clássico O Exorcista (1973) apresentou 34 anos atrás. O ponto, no entanto, não remete a similaridades que possam haver entre uma trama e outra, mas sim na capacidade de desenvolvimento que a série quer dar para os seus personagens – algo que em certo ponto faltou na temporada passada. O rumo que o ano dois tende a seguir é muito mais correto, justamente por fazer com que os personagens tenham a torcida do público ao seu favor, afinal se a intenção é de colocá-los em perigo, ao menos o espectador precisa torcer para que eles sejam salvos, caso contrário algo certamente está errado.

É claro que o episódio também não deixou de ter o seus momentos mais alegóricos, já que é de conhecimento público que os espíritos zombam da cara dos exorcistas. Além disso, as cenas mais fantasiosas parecem mais pé no chão do que uma dia já foram na temporada passada, um ponto positivo para deixar tudo dentro do mundo realista constituído pela série.

Janus” também não deixou o entretenimento de lado quando começou em ritmo frenético a perseguição na estrada de areia, colocando os padres em total perigo para acrescentar um espírito de aventura que simboliza ainda a jornada de aprendizagem do Padre Tomas. Aliás, tecnicamente, “Janus” garantiu um episódio funcional e ótimo para iniciar os trabalhos da temporada – da fotográfica típica dos filmes de terror à trilha sonora que exaltava ainda mais o clima do episódio.

Abandonando pequenos vícios da primeira temporada, O Exorcista inicia o seu segundo ano com o pé na porta. “Janus” foi um episódio que garantiu não só emoção e tensão, mas trouxe desenvolvimento o suficiente para iniciar uma história que promete fazer uma ótima combinação entre o orfanato e o terror que todo mundo quer assistir.