Imagem: Reprodução/IMDb
Filme reaproveita conceitos reinventados por Wes Craven na franquia Pânico
Imagem: Reprodução/IMDb

Desde 2011 uma possível sequência da franquia Pânico está sendo cogitada, porém, ela nunca foi resolvida. Mas antes mesmo que isso se torne possível, ou não, Christopher Landon traz ao cinema A Morte Te Dá Parabéns, longa de terror que inspira a sua história e abordagem em tudo que Wes Craven revitalizou quando lançou Pânico em 1996. Da forma como trabalha o terror à construção do serial killer, A Morte Te Dá Parabéns é um desafogo ao gênero do terror ao se preocupar em garantir um filme divertido e descompromissado.

Além de beber na fonte do filme que eternizou a figura do Ghostface no cinema, A Morte Te Dá Parabéns (Happy Death Day) ainda traz na sua trama inspiração em outro clássico do cinema, Feitiço do Tempo (1993) com Bill Murray – além de remeter, também, a adaptação de Antes Que Eu Vá, que chegou este ano aos cinemas. Em A Morte Te Dá Parabéns, assim como nos citados acima, acompanhamos a vida de uma jovem que precisa reviver o mesmo dia até descobrir a verdade por trás do seu assassinato, e a novidade é como o filme vai abordando esse looping tornando-o leve e divertido, sem abonador o terror.

A Morte Te Dá Parabéns tem ao seu favor a consciência do que o filme realmente é: uma história que não se leva a sério, mas comprometida em entregar um terror irreverente capaz de envolver o seu espectador. Com essas intenções, a boa direção e o roteiro trabalham em conjunto para dar ao longa o ritmo certo, desenvolvendo o último dia de Tree (Jessica Rothe) quando necessário e apressando a narrativa de forma inteligente e na medida certa – a fim de torná-la divertida e nada cansativa.

Além de trazer toda essa inspiração em Pânico, o trabalho do diretor também se destaca por usar essa fórmula sem deixá-la genérica e fazendo com que essa abordagem também seja atualizada para o público que consome a cultura pop atual, podendo se sentir familiarizado com a atmosfera que o filme constrói – a trilha sonora também desempenha um papel importante neste quesito, tocando Confident (Demi Lovato), Ophelia (The Lumineers), Love Stuck (Mother Mother), entre outras. Junto a essa vontade de trazer conceitos do terror de Wes Craven de volta, A Morte Te Dá Parabéns tem total noção de alguns dos principais clichês do terror no cinema, e o longa consegue usá-los da forma correta sem que estes não soem como “só mais um clichê de terror“.

Imagem: Reprodução;IMDb

Esses elementos ingressam no filme no momento em que o mesmo se propõe a não ser apenas um terror divertido que se inspira em um dos filmes mais aclamados do gênero. A Morte Te Dá Parabéns é uma grande sátira, e mesmo com tais características o filme não se parece em nada como uma paródia debochada e de pouca qualidade. Dentro disso, está também a inserção de um serial killer totalmente inspirado no Ghostface (Pânico), desde a corrida desastrada atrás da vítima até a forma como apanhava e se levantava em busca do alvo. Aliás, é aí que está a forma como o diretor trabalha os desdobramentos do longa e como ele ainda brinca com a expectativa do público.

O filme conduz bem o espectador até o ato final, onde ele consegue subverter a própria lógica mais uma vez, enganando o público e a protagonista que acreditam que haviam solucionado o caso. Mas na verdade, é difícil de acreditar que A Morte Te Dá Parabéns se resumiria a um looping em que sua protagonista precisaria apenas tirar lições do dia da sua morte para que tudo fosse concluído. No entanto, o longa vai além e no fim das contas o título nacional conversa bastante com a verdadeira solução da história.

A Morte Te Dá Parabéns reinventa sem inventar, atualiza um formato sem copiá-lo, tudo, talvez, se resuma a uma grande homenagem a franquia Pânico, mas sem deixar de ser original da sua maneira. No fim das contas, o filme proporciona aquilo que o público mais gostosa de ver hoje em dia: entretenimento, diversão e bons momentos de terror.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Ótimo)