Trama Fantasma

Trama Fantasma é basicamente aquilo que se vê em tela, nada além do que é apresentando na projeção. Além de carregar o emblematismo de ser a última atuação de Daniel Day-Lewis no cinema, é também a última parceria entre ele e Paul Thomas Anderson – junção que rendeu o segundo Oscar de Day-Lewis, pelo filme Sangue Negro.

Paul Thomas Anderson traz em Trama Fantasma um dos filmes mais competentes entre os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2018. O roteiro, assinado por ele, é desenvolvido com maestria, dando atenção para a construção dos personagens que ganham uma evolução genuína durante a projeção. A história, que acompanha Reynolds Woodcock (Day-Lewis), mostra a rotina do design de moda, ou artista da moda – já que cada vestido é tido como uma obra de arte diante do seu criador.

Durante as duas horas, e alguns minutos, de projeção, Trama Fantasma demonstra completo domínio sobre seus personagens. O elenco, impecável, transmite muito bem quem são essas pessoas e o que motiva suas ações. Ao longo do filme, cada personagem vai ganhando uma nova faceta que transmite a sua humanidade imperfeita, que exemplifica, ainda, as suas forças e fraquezas.

Trama Fantasma é um romance refinado e envolvente, uma história intrigante que leva o espectador a questionar o propósito do filme, ou a sua moral, até que se chegue na conclusão de que o romance de Alma e Woodcock nada mais é do que aquilo que fora apresentado, desenvolvido e concluído pelo próprio longa. A intenção, mais evidente, de Trama Fantasma é deixar o espectador apto a interpretar sua história, entender os seus personagens e até mesmo posicionar-se contra ou a favor das suas respectivas decisões.

Trama Fantasma

Paul Thomas Anderson traz um filme onde a sua ambição tradicional é substituída por intenções mais recatadas, mas muito conscientes do que querem transmitir para o espectador. O diretor sabe valorizar, com a câmera, a história que está sendo contada e os seus personagens, além de tornar o objeto parte importante da história junto com as localidades por onde Trama Fantasma transita – cada cômodo da casa principal transmite muito do que é a personalidade de cada personagem e reforça aquilo que os mesmos estão sentido.

Além das ótima direção e das atuações impecáveis, Trama Fantasma traz uma trilha sonora deslumbrante e cheia de personalidade – composta por Jonny Greenwood, parceiro de longa data de Anderson. O diretor ainda assina a própria fotografia do filme, que traz um toque granulado de época para a história sem desbotar as cores vistosas que exaltadas pelo belíssimo figurino que acompanha a ambientação da alta sociedade.

Trama Fantasma é um filme de voz própria, que sabe se comunicar com o espectador sem entregar aquilo que quer dizer mastigado para o público. O maior êxito do longa são seus personagens e as suas respectivas construções. O roteiro desenvolve-os como poucos filmes conseguem, apresentando nuances inesperadas no casal principal. São personagens completos e complexos, que merecem um estudo atencioso focado na sua evolução.

Trama Fantasma

Trama Fantasma é uma despedida com chave de ouro para Daniel Day-Lewis, que mesmo não estando espetacular, faz, com facilidade, o espectador acreditar que ele é realmente um design/estilista/artista de moda – transmitindo, principalmente, a verdade inerente do seu personagem. Tudo isso ao lado da talentosa Vicky Krieps, que consegue entregar com perfeição todas as mudança da sua personagem (Alma). Trama Fantasma, por fim, é um filme com os pés no chão, porém, charmoso da sua maneira, assim como conquistador – por trazer um conjunto muito bem arranjado e comandado por um grande diretor.

Avaliação
Avaliação: Ótimo
9.0
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.