Título: Alena

Editora: AVEC Editora

Ano de lançamento: 2017

Roteirista/Autor: Kim W. Andersson

Artista: Kim W. Andersson

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São grandes as chances de haver uma Regina George (a personagem de Rachel McAdams em Meninas Malvadas) acoando e oprimindo as Alenas da vida – não é rótulo, apenas uma realidade de incontáveis meninas do mundo todo. Mas aqui, Alena não só é oprimida pela sua Regina George (que na Graphic Novel de Kim W. Andeson se chama Filippa), como também precisa conviver com o peso de algo que aconteceu.

Kim W. Andersson, que esteve no Brasil no final de 2017 para sacramentar o lançamento da primeira graphic novel europeia de horror da AVEC Editora, cria um ambiente High School com uma mistura, deliciosa, de horror e sobrenatural. Na história, acompanhamos a vida da jovem Alena, um ano após a morte da melhor amiga, e sua rotina na escola particular onde foi matriculada – fazendo um contraste da sua condição financeira que a faz ser a única bolsista do colégio.

Andersson trabalha muito bem o desenvolvimento da HQ, nas primeiras páginas, conhecemos um pouco mais da amizade de Alena com a melhor amiga, Josefin. Os diálogos mostram a instabilidade da amizade, mas censuram o leitor – no sentido de não lhe entregar todas as informações necessárias para se ter um entendimento completo sobre o que está acontecendo. Assim, Kim W. Andersson faz com que a narrativa se complete página a página.

A leitura ainda é envolvente e interessante, a ambientação colegial que remete a um cenário semelhante ao de Carrie, A Estranha, faz com que a HQ torne-se cada vez mais intrigante – o que só ajuda. Tudo isso só é possível por causa da história que está acontecendo e daquela que queremos descobrir. Andersson, mesmo desenvolvendo a vida e a personalidade de Alena, traz o suspense como o principal aliado da narrativa, que aos poucos faz o leitor duvidar da veracidade do que está sendo mostrado por ali – assim como acontece com a própria protagonista.

O traço robusto da arte de Alena reforça também os elementos que constroem a história, principalmente o horror – o contraste entre ele, o sobrenatural e os cenário é bem evidente. A “vilã”, Filippa, por exemplo, tem um traço agressivo, corpulento e que aflora todos os sentimentos repugnantes que constroem a sua personalidade. Em contraponto, Alena é sensível e se esconde do mundo com vergonha de quem ela é, culpa do bullying que sofre diariamente. Andersson compreende que o traço da protagonista precisa ser mais delicado do que robusto, assim como ele também entende que as sombras utilizadas entregam que algo está sendo escondido.

Depois disso tudo, Alena reserva boas surpresas na reta final da sua história. Com a mesma sendo bem conduzida e a trama bem amarrada, a HQ surpreende nas suas últimas páginas quando dá ao leitor as respostas que o mesmo estava procurando, e elas, por sua vez, são mais do que satisfatórias. Além das surpresas reveladas no final, Alena ainda quebra quaisquer expectativa do leito. Kim W. Andersson cria em Alena uma obra que cresce, positivamente, aos olhos e pensamentos do leitor página por página.

Avaliação
Avaliação: Muito bom
8.0
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.