Quando um musical chega aos cinemas, o primeiro desejo/pensamento que qualquer espectador, que aprecie musicais, é de que o filme seja indicado em algumas categorias do Oscar ou de outras premiações. La La Land – Cantando Estações, por exemplo, foi o último grande musical a receber muitas indicações na principalmente premiação de Hollywood, mas Mamma Mia, contudo, parece não ter essas intenções.
Não querer ser indicado, ou deixar essa impressão, não desqualifica a sequência do charmoso filme estrelado por Meryl Streep em 2008. 10 anos se passaram e Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, assim como o seu antecessor, chega os cinema fazendo bonito. A trama que usa as músicas do ABBA para contar sua história, deixa a graciosidade do primeiro filme de lado e ganha vida de forma muito mais vibrante.
Tudo isso é uma consequência positiva da seleção sonora: enquanto o primeiro filme evoca musicas mais poéticas e brandas do ABBA, o novo longa reencena canções famosas, tocadas também em 2008, e traz, em sua maioria, músicas mais dançantes do quarteto sueco.
Outro fator que faz diferença aqui é o número de recursos maior que a sequência teve para ser realizada. A fotografia deixa de lado o granulado, leve, do filme de 2008, abrindo espaço para a nitidez da câmera, que explora mais as paisagens da bela Grécia, o que diminui o tom lúdico do musical.
Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo não tem no seu forte a criatividade da história, pois recontar o passado é algo recorrente no cinema. Porém, alternar a trama entre o passado de Donna (Lily James) enquanto conhece Harry (Hugh Skinner/Colin Firth), Bill (Josh Dylan/Stellan Skarsgård) e Sam (Jeremy Irvine/Pierce Brosnan) com o presente de Sophie (Amanda Seyfried) realizando o sonho da mãe, garante sobrevida a história do filme.
Ol Parker, diretor, faz com que Mamma Mia! seja menos envolvente do que deveria, pois mesmo com músicas empolgantes, a narrativa, por vezes, não é tão bem fluída. O cineasta consegue, no entanto, extrair bons momentos dos seus personagens, como a presença de Rosie (Alexa Davies/Julie Walters) e Tanya (Jessica Keenan Wynn/Christine Baranski), funcionando como alívio cômico e trazendo leveza ao filme – grande parte das suas cenas garantem uma diversão sem igual.
Se em alguns pontos o novo Mamma Mia! parece não se sustentar por completo, as cenas musicais, ao menos, não deixam a desejar. Baseado em uma peça da Broadway, Mamma Mia! cria suas cenas com a base teatral da qual retira se inspiração, e muitos dos números vistos na grande tela remetem muito mais ao teatro do que o próprio cinema – dando um gosto diferente e saboroso ao público. Há canções que mesclam não só essência teatral da obra, mas emulam também algumas características marcantes do ABBA.
Com tudo isso, Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo é um filme que fala sobre amadurecer e não desistir, trata de enfrentar os problemas que a vida traz e ainda sobre saber que a união é melhor do que a solidão, ainda que mesmo dentro dessa solidão há alguém que ainda pode fazer a diferença. Musicais, geralmente, são assim, falam sobre sonhos, sobre enfrentar problemas, mas apresentam sempre um mundo de possibilidades encantadoras que levam o espectador para lugares que o mesmo consiga se sentir a vontade para embarcar em um grande aventura.
Com uma seleção de músicas marcantes e vibrantes do ABBA, Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo consegue contar sua história com o auxílio das canções em boa harmonia, e nelas ainda encontra os seus maiores momentos. O destaque principal fica para o ato final, que com ilustre presença de Cher, a cereja do bolo é, por fim, um grande espetáculo.
