Venom
Divulgação/Sony Pictures

Os super-heróis estão mais do que consolidados como um novo gênero do cinema. Figurando sempre entre os títulos mais aguardados do ano, os filmes do gênero sempre procuram por algo que os faça diferentes, ou seja, a cada lançamento de um filme, predominantemente baseado em personagens de Marvel e DC Comics, há a esperança (dos estúdios) de levar ao público um ponto fora da curva entre tantos longas sobre heróis ou grandes arcos das histórias em quadrinhos.

É claro que, além disso, o valor de mercado dos filmes do gênero também domina as bilheterias, principalmente porque a maioria desses filmes tem grandes chances de chegar ao bilhão de arrecadação. Dentro deste cenário, a Sony traz a ideia de fazer um filme neste formato, com esse valor de mercado, mas tentando se diferenciar ao retratar a história de origem do Venom, o que não acontece exatamente, pois o filme se trata muito mais de Eddie Brock, do que do famosos antagonista do Homem-Aranha.

No entanto, fora o básico esperado – apresentar Eddie Brock, Venom e a própria proposta do filme -, o longa precisava ainda mostrar algo diferente que justificasse a ideia de contar a história do personagem-título em um filme solo, e esta por sua vez deveria ser forte e convincente o suficiente para fazer o conjunto da obra ser válido – e não só mais um filme de “super-herói” qualquer para preencher o calendário, mesmo que sua intenção seja puramente o entretenimento do espectador.

Venom, contudo, mostra que é um filme apressado e nervoso. A narrativa é confortável para a história que apresenta Tom Hardy como o jornalista investigativo Eddie Brock, mas é também bastante genérica, afinal, bastam apenas alguns minutos de desenvolvimento para saber que o filme seguirá os mesmos passos de tantos outros – a história é basicamente a mesma de filmes como O Incrível Hulk (2008), por exemplo. Sendo assim, a inventividade é pouco explorada por parte do roteiro e segue rumos previsíveis que apenas cumprem com o que um blockbuster costuma entregar.

Essa fórmula mais do que batida torna Venom uma aventura de ação semi-adulta um tanto desinteressante. O protagonista não é cativante o suficiente para fazer o público embarcar na sua onda. O mesmo também se reflete no conflito mal explorado na relação de Eddie Brock com o simbionte. Venom assume um carácter cartunesco, e é uma tentativa, séria, de ser uma espécie de Deadpool. A dinâmica entre os dois, dentro dos seus diálogos mentais, por vezes diverte, sendo uma quebra bem-vinda na previsibilidade da narrativa.

Venom
Divulgação/Sony Pictures

A ação, como todo o resto, não empolga. São cenas que, dentro dos seus méritos, entregam uma boas lutas e um bom uso das possibilidades dos poderes do Venom, mas no fim servem apenas como distração e movimentação da trama – estão ali, na verdade, só porque precisam estar. Venom, contudo, erra em ousar pouco em prol de ser comum demais. Talvez, o pensamento maior do roteiro fosse de entregar um filme que apresentasse um personagem que irá compor o universo particular do Homem-Aranha dentro da Sony – aliás, a intenção é válida (até), principalmente pela primeira cena pós-crédito, que acrescenta ainda mais a este quesito.

Se Tom Hardy não se sobressai como protagonista, Michelle Williams também não se destaca com a fraca personagem que vive, Annie. Ela funciona como a Mary Jane do protagonista, mas não tão indefesa. Além dela, Riz Ahmed, da minissérie The Night Of, é o típico vilão canastrão que um filme brega da Sessão da Tarde costuma utilizar, e não há nenhum esforço contrário a isso durante toda a projeção.

Venom é fraco, se sustenta por se colocar em uma narrativa confortável, mas que pouco é atrativa, ou envolvente. A diversão até pode estar garantida, há uma piada ou outra, aqui e ali, que realmente funcionam. De resto, é um filme como qualquer outro, de rumos totalmente previsíveis, soluções fáceis, um embate entre protagonista e vilão, e, pelo menos, um cameo prazeroso de Stan Lee.

Avaliação
Avaliação: Fraco
4.5
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.