Imagem: Divulgação/ Universal Pictures
Imagem: Divulgação/ Universal Pictures
Imagem: Divulgação/ Universal Pictures

Depois de quase 10 anos Matt Damon volta para a franquia ‘Bourne‘ no novo filme do personagem-título. Seguindo a mesma receita que fez de O Ultimato Bourne o melhor dos filmes da franquia (opinião minha), Jason Bourne me trouxe aquilo que eu queria assistir: ação, investigação, conspiração, twist e tudo aquilo que se espera dos filmes dessa franquia.

A história continua parecida com a dos filmes anteriores, o programa do governo que transformou David Webb em Jason Bourne, foi mais uma vez reativado, dessa vez com o nome de Iron  Hand. E de algum jeito Bourne soube disso, e mais uma vez vai bater de frente com a Agência para acabar com isso.

Não foram precisos tantos diálogos do protagonista para confirmar a sua inteligência. O cinema tem um número muito grande de franquias, sejam de ação ou de outro gênero, mas nesse caso, Bourne, é uma das poucas, de ação, que tem qualidade e apresenta sempre um filme que é muito mais do que socos, tiros, mortes, perseguição, investigação e conspiração.

Tommy e Alicia
Imagem: Divulgação/ Universal Pictures

Existe uma crítica muito forte em cada filme da franquia, desde o primeiro, lá em 2002. Mas hoje, com Jason Bourne, nós temos uma crítica muito mais incisiva, muito mais pesada, em cima de um assunto que ganhou notoriedade nos últimos anos por causa de um ex-agente da CIA, Edward Snowden, que logo terá um filme nos cinemas contando em detalhes as suas acusações de espionagem com a Agência. E é disso que se trata o filme, de fazer essa crítica contra a espionagem, mas lógico que não diretamente. Na verdade não é algo contra os EUA, mas sim com algumas questões como “até onde a tecnologia e a comunicação, como um todo, tem o direito de “invadir” a privacidade, investigar e descobrir tudo sobre a vida das pessoas?“. É interessante isso, pois no próprio longa nós vemos que em poucos toques no teclado os agentes especiais, das companhias de investigação, já sabem tudo sobre a vida de uma pessoa, através das câmeras de rua eles conseguem fazer o reconhecimento facial e localizar qualquer cidadão no mundo. Até que ponto isso é certo? Essa é a questão principal dessa crítica. (Isso é tão real, que o longa faz questão de citar o próprio Snowden durante o filme.)

Leia: “SDCC 2016 | Em tom sério e político painel de ‘Snowden’ exibe trailer inédito na Comic-Con”

É um assunto extremamente interessante de se abordar, e a forma como o longa mostra isso é simplesmente sensacional, tanto que em uma das grandes viradas do filme o feitiço é usado contra o feiticeiro. Quando uma personagem tenta dar uma de esperta, mas na realidade ela foi a trouxa da paróquia. Quando assistirem, irão entender.

Imagem: Divulgação/ Universal Pictures
Imagem: Divulgação/ Universal Pictures

Além disso a formula que deu super certo no terceiro filme da franquia foi repetida, exatamente igual, em Jason Bourne. Isso é ruim? Claro que não. Esses filmes foram evoluindo com o tempo, inicialmente a história era muito complexa, e o roteiro não conseguia encaixar isso de forma concisa, e sempre ficava algo sub entendido na trama. Depois de ir acertando em alguns detalhes, a história e o roteiro encontraram o seu norte (isso em A Supremacia Bourne). Uma das sacas mais legais do filme é que história sempre começa, com Jason/ David Webb, sempre tenta fugir do assunto e seguir com a sua vida adiante, afinal para bater de frente com as autoridade que o perseguem, ele precisa de uma motivação, e mexer com o seu emocional, como um artifício, para isso acontecer, é ótimo. Tudo bem, que é um acontecimento repetido na franquia, mas nesse caso não se trata de uma repetição. Fazendo uma breve analogia, é como a receita de bolo da sua mãe, onde um ovo a mais, uma colher a menos de farinha, podem estragar a receita. Então se você já encontrou uma maneira de fazer com que essa história funcione de acordo com a identidade da franquia, não é preciso mudar a forma dos acontecimentos, pois é assim que eles funcionam.

Outro elogio que tenho a fazer é que a longo desses 14 anos de franquia, mesmo sendo apenas cinco filmes, Paul Greengrass aprendeu a trabalhar com esse tipo de filme, e ele sabe muito bem como usar cada personagem que insere na história e como explorar os arcos, renovando assim a plot central e mostrando que todo esse conflito político e de espionagem vai muito além do que imaginamos. Sempre que um “grande” cai, há outro ainda maior para ser derrubado, e Jason  Bourne prova muito bem isso. Pamela Landy, não aparece no filme, ela que teve uma das melhores cenas em O Ultimato Bourne, com certeza está bem guardada para um próximo longa. (Espero realmente um sequência, que é praticamente certa, e que tenha a presença de Joan Allen).

Imagem: Divulgação/ Universal Pictures
Imagem: Divulgação/ Universal Pictures

Fato é que mesmo repetindo o filme, Jason Bourne conseguiu ser ótimo, assim como seu antecessor (não estou falando de O Legado Bourne, porque nem mesmo Matt Damon considera o filme, quem dirá eu), com ótimas cenas de ação, perseguição de carros, por terra, aquela distração entre as multidões, um executor no seu pé e tudo mais. E até foi bom tocar no assunto do executor, pois algo que eu queria muito ver desde o primeiro filme da franquia, era alguém como ele, que participou do mesmo programa, perseguindo Jason durante todo o longa para ter um embate final. Foi um detalhe que me agradou bastante ao longo da história, principalmente porque essa “disputa” entre os dois tinha duas ótimas motivações, ambas muito pessoais.

É de se relevar também o ótimo elenco que o longa trouxe mais uma vez para o cinema, além de Matt Damon como protagonista, temos Tommy Lee Jones, Alicia Vikander, Vincent Cassel, Julia Stelis e Riz Ahmed, que está brilhantemente sensacional em The Night Of, nova minissérie da HBO.

Jason Bourne, estreia nessa quinta-feira em circuito nacional, e vale muito a pena ir assistir. É o tipo de filme que você precisa levar a sério, pois ele tem um cunho social muito grande e interessante. Fora que é uma história complexa e boa de se ver e entender.

Nota do autor para o filme:

[yasr_overall_rating size=”medium”]