Imagem: Divulgação/ Paris Filmes
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Quando soube da temática de Nerve – Um Jogo Sem Limites, imaginei de cara uma pegada incisiva, muito similar ao primeiro episódio de Black Mirror que faz uma ótima crítica a privacidade e até mesmo a influência que as pessoas tem na sua vida. Mas Nerve foge um pouco dessa expectativa, entregando um longa melhor do que se esperava que de uma forma leve e envolvente consegue entregar uma forte mensagem sobre o uso das tecnologias.

Em tempos onde as curtidas no Facebook, seguidores no Instagram, TwitterSnapchat e Pokemon Go são as coisas mais importantes que uma pessoa pode ter. E onde, também, a exposição das informações pessoais e da nossa própria rotina não tem limites, é tudo literalmente público, qualquer um sabe e qualquer um descobre. A forma como fazem a abordagem usando o jogo Nerve como pretexto é realmente muito boa, pois divide os usuários em Jogadores e Observadores.

O mais interessante é esse contra ponto entre Jogador e Observador, porque se vemos pelo ponto de vista do filme o Jogador é aquela pessoa descolada, que faz qualquer coisa para chamar a atenção, independente do que seja. Já o Observador é o quietinho, o tímido, o excluído, que logo assume o controle da vida do tal Jogador, porque são eles que fazem os desafios para serem concluídos. É uma dinâmica ótima, pois a história faz uma mesclagem bem constante entre a realidade e o ponto de vista na base do jogo ‘Nerve‘. Em alguns momentos podia-se ter a impressão de que o ritmo do filme poderia ficar bagunçado, por conta da tal mescla citada logo a cima, mas ainda bem que me enganei quanto isso. A edição do longa ficou sensacional e deu um ritmo quase que frenético para a história.

O roteiro em si é muito interessante, ele se compromete bastante com a proposta de fazer uma crítica (subliminar) a esse uso das tecnologias e a exposição online das pessoas. Em nenhum momento assume um compromisso de entregar uma história maravilhosa, sensacional, ou até mesmo grandiosa. Pelo contrário, a proposta é de fazer uma reflexão sobre o tema em questão e tudo o que o longa desenvolve é em prol disso, de construir um momento ideal para a exposição da mensagem que o roteiro quer passar. Em vários momentos é perceptível que o filme é para todos, mas ele tem particularidades que são direcionados ao jovens, a geração de 2000, que usa e abusa sem limite nenhum das redes sociais, que não pensa ou reflete sobre a sua exposição online e até onde isso pode levar alguém. Essa aproximação com o público mais jovem também se dá pela dupla de atores principais do filme. Confesso que mesmo gostando do ocorrido, chegando perto do fim, esperava uma cena mais intensa, a final estamos falando o grande momento reflexivo da história, e ele passou tão rápido e desapercebido, faltou uma pausa mais longa para a dramatização. Talvez seja por causa da atuação de Emma Roberts na cena.

Imagem: Divulgação/ Paris Filmes
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A menina, protagonista de Scream Queens, é uma boa atriz, só que não passa disso, de “boa”. No momento sua dramatização tinha que ganhar novas camadas, para dar mais intensidade na cena, ela continuou entregando o mesmo que mostrou durante todo o filme, dando um ar de superficialidade para o fato (ainda me refiro a cena final). Mas mesmo assim é algo que mexe com a cabeça de quem assiste, que faz você parar, por pelo menos 10 segundos, e pensar naquilo que eles estão querendo que você reflita. Por outro lado Dave Franco, que também é um bom ator, fez um papel de Dave Franco, quase igual aos da sua participação nos dois filmes de Truque de Mestre. O que vejo no rapaz, é que ele é muito “engessado”, não se solta por completo, e por isso acaba entregando sempre uma atuação parecida em personagens quase iguais, e isso também não colabora para a desenvoltura do ator.

É um filme que chama a atenção pela temática, que conquista pelo elenco (que é facilmente compreendido) e o ritmo quase frenético que desenvolve a história, mas que em vários momentos encontra soluções fracas para alguns acontecimentos, e isso tira um pouco a força da história. Se fosse um filme de baixo orçamento poderia ser quase que um fenômeno cult estrelado por dois grandes nomes: Emma Roberts e Dave Franco, independente da qualidade de atuações. Nada fica subentendido no filme, mas se você quer realmente alcançar algumas ideias e simbologias usadas na construção da trama irá precisar pensar um pouco mais sobre o assunto, para entender corretamente certos pontos da história.

Alguns podem até pensar que existe um grande romance durante a aventura, e sim, existe. Mas não é algo que fica muito gritante, de certa forma ele está ali junto com a história, mas não é muito bem explorado, ele é realmente bem superficial, e não podemos chamá-lo de romance, e sim de um envolvimento entre os dois personagens, que é resultado daquilo que estava acontecendo. Em resumos Nerve – Um Jogo Sem Regras é um filme muito bom, de poucas falhas ( que mesmo assim incomodam), mas que acerta em vários pontos da trama, principalmente no roteiro e na edição.

 

Nota do autor para o filme:

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