Imagem: Divulgação/ Diamond Films

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Eu vivo duas vidas. A minha e a da minha filha.

O filme que tentará representar o Brasil no Oscar, Pequeno Segredo, traz uma história de impacto e identificação. O filme de David Schürmann aposta em uma narrativa de duas linhas de tempo diferentes, sem deixar claro que uma delas é quase como um flashback necessário para cumprimento da proposta do longa.

A história conta como Heloísa (Julia Lemmertz) e Vilfredo (Marcello Antony) conheceram Jeane (Maria Flor) e Robert (Erroll Shand), os país biológicos de Kat, e quais motivos levaram a família Schürmann a adotar a menina.  A verdadeira intenção de Pequeno Segredo é pegar as pessoas de surpresa ao revelar aquilo que quis esconder durante toda a narrativa do longa: a doença de Kat.

O verdadeira problema de Pequeno Segredo foi a falta de clareza em sua narrativa. O roteiro começa intrigando e mantém esse “clima” até boa parte da história. Porém, ao longo dos acontecimentos que até certo momento não fazem muito sentido, muitas dúvidas começam a surgir sobre o que realmente está acontecendo ou sobre qual o objetivo do filme em apresentar duas histórias sem nenhum tipo de ligação em um primeiro momento. O fato acaba sendo arriscado para a história que demora muito para mostrar ao que veio.

O fato de se arriscar tanto assim e demorar para mostrar sua verdadeira face, faz jus ao pequeno (grande) segredo abordado do filme, mas tira os pontos do roteiro que só passa a ser eficiente após a metade da história. Mesmo assim o longa ainda tem o mérito de manter a atenção e um bom ritmo na narrativa, tornando a história atrativa e instigante, pois afinal o que queremos saber é o que é o tal segredo de Kat. A revelação é bastante simples e sútil, fazendo o longa ganhar novas proporções a partir desse momento.

Imagem: Divulgação/ Diamond Films
Imagem: Divulgação/ Diamond Films

Apesar de aumentar a carga dramática dos fatos, Pequeno Segredo não se transforma num melodrama, continua com o mesmo tom leve de intensidade, mostrando a delicadeza do diretor David Schürmann ao retratar a história da família. Apesar disso a direção não é nada de mais, David faz o que correto e não tenta criar muitas coisas novas, o que seria muito bacana para a história em relação as premiações. Mas ao invés disso, Schürmann resolveu ter uma direção correta para fazer um filme mais seguro, mostrando que dedicação maior dele e da equipe de produção foi claramente o trato e a abordagem da história.

Quando Pequeno Segredo se propõe em apresentar realmente sua história, é possível perceber mensagens interessantes no subtexto dos acontecimentos. Esses recados que o longa  passa através dos acontecimentos rotineiros da vida de Kat, Heloísa e Jeane são muito interessantes. Pequeno Segredo trata muito sobre inclusão, igualdade social, o “bullyng” e a preocupação de uma mãe que coloca a doença de sua filha em segundo lugar – sem perder os cuidados – para que ela possa ter uma vida normal como as outras crianças.

O elenco de Pequeno Segredo, no núcleo de Kat e Heloísa não poderia ter sido melhor escolhido. Marcello Antony está bem no papel de Vilfredo e Julia Lemmertz caiu perfeitamente como Heloísa. Mariana Goulart faz seu filme de estreia, a jovem e talentosa atriz faz muito bem o papel de Kat, e se destaca em alguns momentos interessantes da história. Os personagens de Maria Flor (Jeane) e Erroll Shand (Robert) ficaram fora de contexto por boa parte do filme, aparentando ser apenas uma história a mais que ninguém sabia por que estava ali.

Em suma Pequeno Segredo é um longa-metragem muito bom e acima da média dos filmes brasileiros, mas tinha potencial maior porque ficou parecendo uma história bonita em um filme normal. Com um roteiro mais fechado e coerente, o filme poderia ser muito mais claro desde o início e mesmo assim não perderia as revelações.

Avaliação

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