Título: M ou N?
Autor(a): Agatha Christie
Páginas: 240
Editora: L&PM Pocket
Antes de morrer, um agente secreto britânico diz suas últimas palavras: ‘M ou N?’. ‘São Susi’. Em meio aos cenários e conflitos caóticos da Segunda Guerra Mundial, essas letras podem significar alguma pista. Por isso, o Capitão Grant designa, inicialmente, Tommy Beresford, um ex-funcionário do serviço secreto, e posteriormente sua esposa, Tuppence, para achar uma conexão dessas palavras que podem estar relacionadas com uma grande conspiração planejada pelos nazistas. A trama é centrada em um pacato hotel no interior praiano da Inglaterra, onde os detetives acham que pode ser o quartel general dos espiões inimigos.
A história é envolvente e desperta curiosidade sobre o que vai acontecer depois, e sobre quem são os verdadeiros traidores. Agatha Christie tem um estilo agradável de escrever, pois ela deixa no ar o mistério de “quem é ocupado?” e instiga o leitor a suspeitar de todos que ali estão – sem nenhuma exceção. Christie vai plantando uma coisa aqui e outra ali até formar uma opinião concreta dos fatos. Enquanto isso, seus leitores tentam formar suas próprias opiniões para assim resolver o mistério por conta própria.
O romance têm todos os ingredientes para uma boa história. O desenvolvimento é bem feito e nos deixa bem interessado na história. Porém, a rápida introdução do livro e o que levou à investigação em primeiro lugar não agradam. A autora poderia ter dado mais detalhes acerca dessa introdução, mas também pode ter sido outra forma de chamar a atenção do leitor.
Tommy e Tuppence são ótimos como protagonistas, eles têm uma sintonia única e não só por serem casados, mas a dupla pensa, conjectura e descobre melhor juntos. Porém com enfoque especial em Tuppence, que é uma personagem forte, inteligente e independente. Como ela mesmo diz em uma passagem do livro, onde faz um trocadilho com o próprio nome “um penny, singelo; dois penny, colorido”; em outras palavras, a personagem seria uma pessoa superior as outras, mas em momento nenhum parece ser arrogante da parte dela. É a verdadeira protagonista, sem tirar, é claro, os méritos de Tommy.
O romance, surpreendente, é o segundo da série relacionados à ele, e começar a leitura por este exemplar não irá prejudicar a leitura de ninguém porque as histórias não estão interligadas, a não ser por uma lembrança aqui ou ali – mas nada de mais. A obra não apresenta grandes lições de moral, a não ser aquelas nas entrelinhas, mas são coisas desse tipo que nos levam a fazer uma história como um todo e até nos fazem pensar em nossas ações. O livro foi publicado, originalmente, em 1941, quando a guerra já havia iniciado, então acho que foi uma forma de entreter as pessoas e, definitivamente, irritar outras – pois a arte sempre foi uma arma de protesto do povo.
Tirando alguns altos e baixos, que toda leitura tem, a conclusão não apresenta nenhum tipo de problema e segue uma linha tênue e coerente de acordo com tudo que foi contado e apresentado ao longo da história. M ou N? é um ótimo livro, principalmente para quem adora um mistério de qualidade – ainda mais porque a leitura é fácil e não é tão extensa (afinal, a obra conta com 240 páginas), mas isso vai de leitor para leitor.