Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures
Filme é uma catástrofe do início ao fim
Cena do filme "Tempestade: Planeta em Fúria"
Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

Há temas abordados por Hollywood que já estão saturados, e vez ou outra algum filme consegue se reinventar para fugir dessa abordagem trazendo algo de diferente que tenha a agregar na sua história. Não é o caso de Tempestade: Planeta em Fúria. O filme, até certo ponto, tem valor de entretenimento, mas problemas e incoerências narrativas acabam sendo facilmente reconhecidas.

Dirigido por Dean Devlin, Tempestade: Planeta em Fúria é o longa-metragem de estreia do produtor no cinema. Antes disso, Devlin apenas dirigiu dois filmes para TV e episódios das séries The Librarians e Leverage. A falta de experiência do diretor em longa-metragem fica evidente, há sequências desordenadas de ação que pouco fazem sentido, e mesmo que a sua intenção seja levar entretenimento ao público, o mesmo acaba tendo a sua pouca qualidade questionável. No longa, a história mostra o planeta reagindo de forma agressiva como consequência da evolução humana, forçando todos os países do mundo a trabalharem juntos para acharem uma solução – esta encontrada por Jake Lawson, personagem vivido por Gerard Butler.

Geostorm (título original) traz discursos sobre consciência ambiental de uma forma bastante documental, porém, é uma pena que isso não se sustente durante o filme, que basicamente se resume a uma intriga de ego e poder – uma motivação besta que só um ser humano poderia ter. Além disso, Planeta em Fúria ainda tenta induzir uma falsa representatividade étnica na sua história, mostrando bandeiras de diferentes países e fazendo de um personagem natural da Índia um dos heróis dessa jornada – destacando também um grupo de cientistas de diferentes países para reforçar essa falsa representatividade, como Hollywood muito já fez e continuará fazendo. Aliás, se houvesse uma intenção real de trazer algum tipo de representatividade sincera, Tempestade: Planeta em Fúria não apresentaria um protagonista originalmente britânico com ares do típico cidadão texano.

O erro de Tempestade: Planeta em Fúria é ter a intenção de ser um filme catástrofe de larga escala sem entregar esses acontecimentos. Além disso, para construir tal história, é preciso fazer com que o público se importante com o que está acontecendo no filme e com os seus personagens, no entanto é mais fácil torcer para que o mundo acabe – e o longa também.

Cena do filme "Tempestade: Planeta em Fúria"
Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures

Com cenas dedicadas puramente ao entretenimento (com explosões propositalmente feitas para um carro desviar em zigue-zague em um cenário de acontecimentos improváveis mesmo dentro da própria lógica do filme), Tempestade: Planeta em Fúria consegue o mínimo de bons momentos em cenas no espaço, que dentro dos padrões que o filme apresenta, são muito bem realizadas. Apesar de não empolgar e ser carregado de um alívio cômico que em nada combina com o tom do filme, Planeta em Fúria não se dá ao trabalho de caprichar nos efeitos visuais que gritam “tela verde” ou “fundo de papelão“. Em si, esses “defeitos” não seriam tão graves se Tempestade: Planeta em Fúria não se levasse tão a sério ou se não tivesse tanto comprometimento em entregar algo que não acontece.

Em meio a todos estes discursos mal realizados e a uma ação desenfreada que mais espanta do que diverte, Tempestade: Planeta em Fúria ainda encontra espaço para explicar tudo o que pode, entregando um roteiro mais moído do que guizado. Assim, subestimando qualquer pingo de inteligência na cabeça do (grande) público, Tempesta: Planeta em Fúria cria um clima tenso (que pouco importa) ao colocar o destino da terra e da humanidade em risco. Com desfechos mais do que previsíveis, a possível catástrofe que poderia acontecer nada mais é do que o próprio filme, pois a destruição prometida pelo longa é só um pretexto para qualquer coisa que não acontece.

Avaliação

[yasr_overall_rating size=”medium”] (Ruim)