Diretor encontra equilíbrio entre ação e história, entregando um longa alucinante
Tudo começa um incrível plano-sequência filmado (98%) em primeira pessoa, um feito e tanto para os filmes sul coreanos que começam a ganhar espaço no mercado nacional. A Vilã tinha potencial para ser uma espécie de Kill Bill da Coréia do Sul, mas o fato de não ser não quer dizer que o longa não tenha qualidade.
A Vilã é longo, mas tudo o que conta em tela é necessário para construção das próprias pretensões do filme. A comparação imediata com Kill Bill, neste caso, não é involuntária, afinal ambos os filmes envolvem tramas de traição e vingança, concentrando-se em uma protagonista forte e que sabe muito o que quer. Mesmo assim, a forma como as duas histórias são contadas é o que as distingue uma da outra – afinal, de um lado temos um clássico cult e de outro um recém nascido longa de ação eletrizante.
A ambientação de A Vilã insere elementos de espionagem bastante convincentes, com uma organização secreta do governo que treina mulheres para terem uma vida dupla – algo como de dia ser uma dona de casa ou ter uma profissão comum, e à noite elas executam missões secretas determinadas pela agência. Tudo isso, acrescenta ainda mais na história que não se resume apenas na busca por vingança de Sook-hee. O trabalho do roteiro, neste caso, é muito bem feito ao interligar as subtramas com a história principal, fazendo o material exibido no tela grande ser ainda mais interessante e imersivo – a consequência negativa é que o mesmo pode ser cansativo.
A Vilã é sanguinolento e brutal, mas não deixa de ser empolgante e puro entretenimento. Se levar a sério é outro charme do filme, que transita entre gêneros de forma bastante efetiva, entregando certos desafogos em meio a sua história pesada ao mesmo tempo em que não abandona essas características ao entregar aquilo que promete. A jornada de Sook-hee (vivida pela ótima Kim Ok-bin, do filme Sede de Sangue) é, por vezes, assustadora, pois A Vilã não só leva a protagonista ao extremo desgaste físico, mas também insere sua personagem um condições emocionais quase surreais – e a atriz entrega tudo aquilo que o filme precisa.
Jung Byung-Gil, dentro dos exageros que compõe a ação do cinema sul coreano, entrega em A Vilã um trabalho marcante. Suas cenas de ação remetem ao ótimo Kingsman: Serviço Secreto (2014) por serem mirabolantes, mas não sendo dedicadas ao espetáculo visual que Matthew Vaughn se propõe a fazer, mas sim a brutalidade que A Vilã exalta por estar inserido em um mundo de agências secretas e uma espécie de máfia oriental.
A Vilã (Ak-Nyeo) é efetivo em entregar tudo o que promete. É violento e visceral, empolgante e chocante, suas cenas sanguinolentas espetam de tão exageradas, mas encantam por serem tecnicamente invejáveis com seus movimentos de câmera alucinantes e lutas muito bem coreografadas. A história é longa, tudo que ela precisa para ser coesa está ali, mas narrativamente há desordem nos fatos. Mesmo assim Jung Byung-Gil encontra um bom equilíbrio entre ação e desenvolvimento, seus personagens são colocados em tela para marcar suas respectivas presenças, mas nenhum rouba tanto a cena quanto Sook-hee – uma das gilrpowers mais admiráveis e badass do ano.
Avaliação
[yasr_overall_rating size=”medium”] (Bom)