Reprodução/IMDb

É admirável uma franquia com uma grande base de fãs e apelo juvenil ter coragem de finalizar sua história em um trilogia. Principalmente na era das grandes franquias e sagas que duram, às vezes, mais do que deveriam – Piratas do Caribe é um bom exemplo. Apesar de ser baseado em um trilogia, Maze Runner poderia muito bem ignorar a obra original e estender a história de Thomas (Dylan O’Brie) nas telonas, já que temos aqui um dos blockbusters de ação mais interessantes dos últimos anos – assim como foram os outros dois primeiros filmes.

A Cura Mortal é um pouco diferente dos longas anteriores. Em 2014, com o subtitulado Correr ou Morrer, Wes Ball (diretor) trouxe uma mescla prazerosa de ação envolvente com uma história cheia de mistérios bem desenvolvidos. Um ano depois, em 2015, o ritmo aumentou com A Prova de Fogo, a história cresceu, o universo foi expandido e a história ganhou novos contrastes e descobertas. No meio disso havia ainda Teresa, a personagem de Kaya Scodelario que pouco fora desenvolvida, mas o motivo são os próprios objetivos da personagem, que não estavam de acordo com os de Thomas (Dylan O’Brie) – e estes sempre foram os principais da trilogia. O conflito ideológico de ambos os personagem sempre impediu que Maze Runner tivesse um objetivo mais claro nas telonas, que ao menos mostrasse que a trilogia de ação não era apenas um rapaz querendo salvar seus amigos.

Com esse pensamento, Maze Runner: A Cura Mortal tenta se encorpar mais para seu último filme, fazendo Thomas o grande mote da tal Cura Mortal em uma ação que supre a necessidade do roteiro em fechar essa história. Contudo, muito antes disso, A Cura Mortal tratou novamente de ser Thomas salvando os seus amigos apenas porque estes são seus amigos – não há problema nisso, mas falta sustância nessa motivação que é a mesma dos filmes anteriores, pois havia (sim) a necessidade de algo novo acontecer aqui. Apesar disso, o ritmo do filme segue a mesma intensidade dos anteriores, com boas cenas de ação intercaladas com pausas mais cadenciadas que exaltam o senso de urgência do filme em se resolver.

Quando isso, ao menos, é resolvido, Maze Runner parece andar em uma corda bamba por alguns minutos, deixando sua história vulnerável e enfraquecendo o terceiro ato. Os desdobramentos não surpreendem, mas são aceitáveis, pois condizem com o objetivo do filme em finalizar a trilogia de forma concisa, sem deixar lacunas que nunca serão preenchidas. Thomas, desde o começo, sempre carregara o fardo de ser O Escolhido, o que lhe colocou na obrigação de defender as pessoas com quem ele se importava e de salvar aqueles que sofreram com o que ele fazia quando ainda trabalhava para o CRUEL. O personagem traz essa culpa como combustível no seu background, que mesmo não sendo tão desenvolvido, consegue estar sempre em evidência aos olhos do público.

Maze Runner: A Cura Mortal
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Com esse fio condutor, entra em cena o contraste do protagonista com a personagem de Scodelario, que acreditava, em meio aos atos maldosos cometidos pela CRUEL, que o bem ainda poderia ser feito e que uma vacina poderia salvar a humanidade do Fulgor – que transforma as pessoas em uma espécie de zumbi. Apesar de ter essa motivação interessante, e que pouca atenção recebeu durante a trilogia – apenas o necessário para se tornar funcional para os filmes -, os objetivos de Teresa não tiveram tanto peso na projeção. A causa que seria nobre serviu apenas para alongar um pouco a história, dando-lhe a chance de resolver o que ainda faltava entre os personagens. Ainda assim, Wes Ball consegue resolver bem as pendências do longa e finaliza a história com coragem e a dose certa de nostalgia em uma trilogia divertida e bem sucedida.

Maze Runner: A Cura Mortal encerra uma boa história, com um universo rico e cheio de elementos que só tinham  a acrescentar ao enredo. A distopia, somada ao terror e as cenas de ação de tirar o fôlego são carregas de uma tensão bem executada, que faz o espectador acreditar na gravidade e urgência de tudo que está acontecendo. Maze Runner, novamente, não carece de grandes atuações, mas traz consigo um elenco competente que atende a tudo que o filme necessita. Maze Runner continua inventivo, sendo por vezes até mirabolante, mas mantém a qualidade agradável e envolvente que caracterizou os filmes anteriores. O seu grande mérito, contudo, é ter a humilde consciência de saber que este era de fato o fim de uma grande história.

Avaliação
Avaliação: Bom
7.0
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.