Completamente perdida e vulnerável, assim aparece Nina (Gabrielle Lopes) em uma caverna enquanto segura uma estrela brilhante nas mãos. A cena pode fazer referência ao mito da caverna de Platão e tem seus significados muito claros em tela. A protagonista vive um momento emocional muito complicado em “O Espaço Infinito”.
Essas confusões mentais e o turbilhão emocional de Nina são o foco do filme, representados por ela perdida, sem rumo e irracional dentro de uma caverna. No mundo real, Nina está internada em uma instituição psiquiátrica após um surto e não compreende o que está acontecendo ao seu redor.
A paixão pelas estrelas e pelo espaço, cultivada pelo pai de Nina, tornou-se a profissão da protagonista, que tinha uma bolsa de pesquisa. No início da história, ela perde o benefício, exatamente quando acreditava ter descoberto uma nova estrela no céu.
A relação com o pai é fundamental para entender o que acontece com Nina. Ao longo do filme, o roteiro revela as várias camadas que compõem essa personagem. Assim, Leo Bello, diretor e roteirista, convida o espectador a embarcar em uma jornada existencial pelo interior de Nina.
A abordagem da história é cheia de subjetividades, tornando seus significados muito evidentes na tela. Ao mesmo tempo, o tratamento dado à personagem é sensível e perturbador ao mostrar o que Nina está vivendo.
O propósito do filme é mostrar de maneira sensorial e visual os problemas de Nina. Além disso, busca não apenas responder à origem do problema, mas também provocar no espectador a sensação de fazer parte dos sentimentos que estão em tela. Embora o foco principal da história seja a jornada de recuperação de Nina, nada no filme é mais significativo do que sua relação com o pai. Através de eventos passados, o filme constrói o presente da personagem e a conduz ao ponto em que ela se encontra.
Gabrielle Lopes interpreta Nina de forma enérgica e vigorosa, transmitindo expressões vívidas que refletem o desconforto da situação de sua personagem. Com um olhar marcante e uma presença física singular, a atriz dá vida à profundidade desenvolvida pelo roteiro de Leo Bello. “O Espaço Infinito” não é um filme fácil, mas sua abordagem subjetiva desperta o interesse na compreensão de sua narrativa. De maneira sutil e eficaz, o filme de Leo Bello reserva revelações surpreendentes para o final, conferindo significado a algumas das questões centrais do longa-metragem.