Em O Acidente, as histórias de Joana (Carol Martins), Cecília (Carina Sehn), Maicon (Luis Felipe Xavier), Elaine (Gabriela Greco) e Cléber (Marcelo Crawshawn) se interligam depois de um atropelamento. No filme dirigido por Bruno Carboni, as vidas dessas pessoas acidentalmente colidem depois do ocorrido.
Em um dia aleatório, a ciclista Joana é atravessada pelo carro de Elaine. Quando a primeira resolve parar para confrontar a motorista, ela acaba sendo carregada pelo capô, com a sua bicicleta presa embaixo da parte dianteira do automóvel, por alguns metros. Após frear, Elaine acaba arremessando Joana no asfalto.
Durante o trajeto percorrido pelo automóvel, Maicon, o filho de Elaine, gravou a cena do banco do carona. Este é o começo de toda a história de O Acidente, que não foi tão acidental como o título induz.
Apesar disso, ao longo do filme fica muito claro que o acidente está entranhado em questões muito mais simbólicas do que o atropelamento de Joana. A história escrita por Marcela Ilha Bordin e Bruno Carboni, trata de temas muito particulares de cada um desses personagens.
De um lado, há uma família que vive os trâmites de uma separação e da disputa da guarda de uma criança incompreendida. Enquanto do outro lado, um casal homoafetivo tenta criar uma família.
Embora as histórias estejam em contraste, as vidas dessas pessoas se entrelaçam enquanto elas encontram umas nas outro algo no qual podem se agarrar – mas não necessariamente todas elas.
Ao se construir desta forma acidental, o filme de Bruno Carboni dá aos personagens tempo para entender o lugar onde se encontram e porque, acidentalmente, acabam tomando determinadas decisões – como esta de procurar uns aos outros. A história de O Acidente ainda fala das expectativas e frustrações da vida e de como cada pessoa tem a chance de não repetir os erros que outras pessoas cometeram no passado com elas.
Toda essa narrativa está embalada por um visual arrebatador, com a direção de fotografia de Glauco Firpo sendo um destaque importante da obra. Já nos primeiros minutos, o visual do longa-metragem chama a atenção e se sobressai com facilidade em relação a outros aspectos do filme.
Além disso, há escolhas do diretor, como a de nem sempre mostrar o rosto dos personagens – assim como a de esperar alguns segundos para iniciar os diálogos assim que cada pessoa entra em cena -, que dão para O Acidente um tom curioso e levemente estranho. A partir disso, o longa torna-se um tanto instigante.
Com tom de acontecimentos acidentais, afinal muito do que acontece não é aguardado pelos personagens, O Acidente encontra pontos de conversão para fazer com que seus aspectos técnicos e narrativos funcionem juntos. Embora tenha significados bastante sensíveis entranhados em sua história, o filme ainda é capaz de entregar alguma diversão enquanto desperta a curiosidade em suas estranhezas.