Um dos monstros clássicos do cinema e da literatura está recebendo um novo retrato em Lobisomem, filme dirigido por Leigh Whannell. O cineasta, também responsável por O Homem Invisível (2020), transforma a história do homem-lobo em um drama familiar que pode ser assistido a partir desta quinta-feira, 16, nos cinemas brasileiros.
Lobisomem (2025) tem como figura central o escritor Blake (Christopher Abbott). O filme acompanha o personagem por três perspectivas diferentes: a primeira na infância, quando ele é filho de um homem durão que tenta ensiná-lo a se proteger; a segunda na fase adulta, como marido e pai, na tentativa de ser melhor do que a figura paterna com quem teve contato; e a terceira é a perda da família.
O diretor Leigh Whannell tenta entregar uma leitura sensível e menos visceral para o mito do lobisomem. Para isso, desenvolve uma marca no filme: a perspectiva de quem se transforma na criatura.
O natural deste tipo de filme é uma transformação rápida que torna o homem racional em um animal irracional. No entanto, o Lobisomem de 2025 inova com esta perspectiva pessoal em que Blake tem a noção gradual de que está perdendo tudo o que tem, não apenas os sentidos ou a sua percepção humana, mas também a preciosa filha (Matilda Firth) e a esposa Charlotte (Julia Garner) – com quem gostaria de voltar a ter dias melhores.
Inicialmente, o texto, as ideias e a trama de Lobisomem (2025) parecem simples. A história desenvolve-se em cima de clichês narrativos de um filme comum. O garoto que crescia com um pai bravo que vai embora para a cidade grande, tendo problemas com a família, surge a necessidade de voltar a terra natal, uma oportunidade para tentar melhorar a situação atual.
Observar o longa desta maneira é ter um olhar reducionista para a história. No entanto, significa também aproveitar outras valências que o diretor têm a oferecer. Whannell demonstrou em O Homem Invisível aptidões para o suspense.
Em Lobisomem (2025), o cineasta tenta repetir a dose. Assim como no longa-metragem de 2020, que tinha Elisabeth Moss como protagonista, o foco de novo filme é o terror psicológico de Blake.
Apesar das boas intenções em investir a energia do roteiro em um drama familiar, Lobisomem demonstra desgaste nas frágeis amarrações da sua história. Enquanto constrói profundidade nas relações de um lado, do outro decide seguir as saídas mais comuns que consegue encontrar.
Desta forma, a ideia central deste novo retrato do lobisomem é entregar um filme capaz de entreter e, ao mesmo tempo, fazer sentido para o público com um discurso simbólico. Ou seja, com um personagem tão popular em mãos, Leigh Whannell e a roteirista Corbett Tuck – que são casados – entendem a necessidade de fazer um longa popular.
Por isso, também, a estética escolhida para representar a criatura revisite versões anteriores. Ao se transformar em lobisomem, Blake mescla os traços animalescos e ferozes com algum resquício da faceta humana.
Lobisomem (2025) é moldado para agradar um público massivo, sem deixar de lado quem gosta de ver filmes que fazem sentido para além das suas histórias. Para quem procura pelo suspense, ele está presente longa-metragem. No entanto, o que se destaca são as cenas capazes de arrancar arrepios do espectador e a perspectiva inovadora da percepção de alguém se transformando em lobisomem.