Fora do radar dos filmes presentes na temporada de premiações – que move efusivamente o mundo cinéfilo ano após ano -, um longa-metragem realizado em uma coprodução entre Brasil e Argentina chegou aos cinemas durante o mês de fevereiro. Filmado em Porto Alegre e com a história ambientada na zona rural, Homens de Barro narra o desenvolvimento de um amor proibido aos moldes shakespearianos.

Com direção de Angelina Stein, e codireção de Fernando Musa, Homens de Barro acompanha Pássaro (Gui Mallmann) e Ângelo (João Pedro Prates), que desafiam a rivalidade entre as famílias Tamai e Miranda para viver um romance. Quando escolhem o amor, ambos traçam seus destinos a um único desfecho.

A proposta de Homens de Barro demonstra ousadia logo na sequência inicial. O espectador sabe o final, ou parte dele, nos primeiros minutos do longa-metragem. Mas o que levou a vida dessas pessoas ao momento mostrado em tela?

Para responder à pergunta, Angelina Stein leva o público para a infância desses personagens. A diretora conta a história a partir do seu problema central: a rivalidade entre as duas famílias.

Os pais de Pássaro e Ângelo eram fabricantes de tijolos e disputavam a clientela da cidade. Um tinha o trabalho legalizado e o outro não, assim como um deles vendia os materiais com preço mais barato.

A rivalidade profissional se transformou em ódio, atingindo a vida das duas famílias e também a relação das crianças. Acostumados a brincar com o mesmo grupo de amigos, os filhos dos fabricantes de tijolos não poderiam mais interagir – isso inclui também Marciano (Alexandre Borin), irmão mais velho de Ângelo.

A direção e o roteiro de Homens de Barro dedicam seus esforços na construção dessas relações. Muito mais do que desenvolver os personagens em suas nuances mais profundas, o filme procura entender como essas pessoas interagem entre si.

A partir disso, é possível notar o olhar atento de Angelina Stein enquanto desenvolve os desafetos entre os pais e o surgimento do romance entre os filhos. Desta forma, Homens de Barro encontra na direção de fotografia de Bruno Polidoro o seu elemento mais interessante.

Buscando compreender como o passado de Ângelo e Pássaro molda o que eles se tornaram, Homens de Barro é um filme simples que procura pelos próprios significados. Ao retratar o carinho e o amor entre os dois personagens com sensibilidade, o filme de Angelina Stein entrega ao público os seus melhores momentos.

Assista ao trailer de Homens de Barro