filme Pequenas Coisas Como Estas
Cena do filme Pequenas Coisas Como Estas, em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira, 13. | Imagem: Divulgação/O2 Play.
Publicidade

Se quiser seguir em frente com esta vida, há coisas que deve ignorar“. A frase é proferida por Eileen (Eileen Walsh) para o marido, Bill (Cillian Murphy). A cena é silenciosa e o diálogo entre os dois é feito aos cochichos. O momento é um dos pontos altos do drama Pequenas Coisas Como Estas, estrelado pelo vencedor do Oscar de Melhor Ator em 2024 e dirigido pelo belga Tim Mielants.

Em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira, 13, o longa-metragem é ambientado em uma pequena cidade na Irlanda da década de 1980. Bill (Murphy) é um comerciante de carvão e madeira, que durante o período do Natal descobre um segredo perturbador sobre o convento local. A partir disso, o protagonista se vê no dilema entre seguir com a sua vida e ignorar o que está acontecendo ou agir e colocar tudo o que conquistou em risco.

Todo filme é uma experiência, da mesma maneira que todo longa-metragem é um exercício – seja dos envolvidos com a sua realização, seja do público ao utilizá-lo como ferramenta de reflexão. Pequenas Coisas Como Estas é uma aula de condução narrativa e construção de perspectiva. O roteiro, assinado por Enda Walsh, desenvolve cadenciadamente a trama que dá corpo à história e aos seus personagens – que são baseados no livro homônimo da autora irlandesa Claire Keegan.

Por outro lado, a fotografia de Frank van den Eeden é essencial para o funcionamento de Pequenas Coisas Como Estas. Inicialmente, a câmera é quase uma acompanhante de Bill. Os espectadores assistem à rotina monótona e cansativa do personagem. Enquanto a imagem descola do protagonista, o filme começa a mostrar o que há na órbita de Bill Furlong.

filme Pequenas Coisas Como Estas
Cena do filme Pequenas Coisas Como Estas, em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira, 13. | Imagem: Divulgação/O2 Play.

Recorrendo ao passado, o filme busca entender o que moldou o personagem no presente. Desta forma, ao menos para o protagonista, Pequenas Coisas Como Estas transmite a ideia de que cada pessoa se torna o resultado das experiências que viveu.

Com isso, Pequenas Coisas Como Estas é um estudo sobre o personagem, a construção de uma história e de como fotografar um longa-metragem. Embora pareça lento, o filme conduz o espectador a acreditar que está acompanhando apenas a vida banal de alguém fadado a passar o resto dos seus dias em uma cidade pequena com as mesmas pessoas.

No entanto, o longa de Tim Mielants reserva para o final as suas revelações mais acachapantes – como experiência cinematográfica, este é o tipo de filme que, quanto menos o espectador souber, melhor será. Diante do dilema entre aceitar ou não a influência do convento na cidade, Pequenas Coisas Como Estas utiliza a ficção para contar ao público uma história real de crueldade e controle.

Embora narrativamente não seja inovador, o longa-metragem deposita seus esforços para construir as entrelinhas que levam a história ao que ela realmente quer revelar. Desta forma, Pequenas Coisas Como Estas não se preocupa com a estrutura convencional de introdução, desenvolvimento e clímax.

Pelo contrário, o filme se desenvolve e solta a mão do espectador em seu momento mais pertinente, revelando o que há de real por trás desta história. Pequenas Coisas Como Estas segue uma linha semelhante ao indicado ao Oscar A Garota da Agulha, no entanto, com menos pretensão de chocar o espectador. No lugar disso, Tim Mielants quer comover as pessoas e convidá-las a pensar em algo que até o final da década de 1990 ainda fazia parte da realidade na Irlanda.

Assista ao trailer de Pequenas Coisas Como Estas

Avaliação
Muito bom
COMPARTILHAR
Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.
[fbcomments]