
Desconhecidos, escrito e dirigido por JT Mollner, é o típico caso de quanto menos as pessoas souberem, melhor pode ser a experiência. Foram cerca de US$ 4 milhões de orçamento para realizar um dos longas-metragens mais estilosos e surpreendentes de 2025.
As cenas iniciais de Desconhecidos são tudo o que qualquer espectador precisa saber sobre o filme. Logo no início, vemos um homem caçando uma mulher ferida. Em seguida, surge um texto avisando que o filme acompanha os assassinatos de um serial killer.
A partir disso, presumem-se ideias muito básicas sobre histórias de assassinos em série. Talvez a trama até perca a graça, afinal, tudo parece muito óbvio. A partir disso, a missão do diretor e roteirista JT Mollner seria surpreender o espectador.
A narrativa de Desconhecidos desenvolve-se por meio de seis capítulos que aparecerem embaralhados. Fora de ordem, cada parte do filme tem um significado e é essencial para o entendimento completo da obra.
Em uma mistura de Fargo (1996), Quentin Tarantino e Bela Vingança (2020), Desconhecidos acerta em fragmentar a disposição de informações sobre a própria história. A cada capítulo que aparece em tela, mais alucinante o filme se torna.

Subverter a lógica dos acontecimentos é positivo por si, mas fazer o mesmo com a expectativa da audiência faz de Desconhecidos uma obra ainda mais interessante. Isso acontece porque as produções sobre serial killer fazem sucesso há algum tempo, mas grande parte destas histórias repetem padrões.
Geralmente, histórias de assassinos em série são compostas por homens que cresceram em cenários caóticos, em contextos de vulnerabilidade social, violência doméstica e outros traumas. Tudo isso acarreta uma mente quebrada, desconexa da realidade e humanidade que torna essas figuras capazes de cometer atrocidades. Com isso, Desconhecidos inverte os papéis e altera o que é esperado deste tipo de história.
Para que isso tudo funcionasse, dois elementos se tornaram essenciais: Willa Fitzgerald e Kyle Gallner. Se tratando de uma subversão de ideias, fazendo as obviedades se transformarem em surpresas, as atuações da dupla de protagonistas foi peça importante nesta construção.
Inicialmente, a imagem fala por si ao destacar mais uma mulher sendo perseguida e, talvez, assassinada por um homem. No entanto, a partir do momento em que o filme constrói uma mudança drástica sobre este padrão, a composição dos personagens e suas interpretações demonstram-se essenciais na construção desta nova lógica.
Vale destacar que, em Desconhecidos, Willa Fitzgerald realiza a grande atuação da carreira até o momento. Embora Kyle Gallner também tenha um bom desempenho, a atriz é fundamental para que a ideia do longa-metragem se concretize em tela.
Desconhecidos é um filme bem pensado e perfeitamente executado dentro da sua proposta. Mesmo sendo uma produção de baixo orçamento, JT Mollner consegue unir a técnica, que encontra no som um aliado poderoso no desenvolvimento de sensações, com o poder de uma boa história. Incômodo, agoniante e surpreendente são três dos adjetivos que podem qualificar e resumir Desconhecidos – em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira, 03.
Assista ao trailer de Desconhecidos
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