300 A Acensão do Império foi lançado em 2014, oito anos depois de seu primogênito 300, de Zack Snyder. O diretor fez uma trabalho sensacional em 2006, e no fim do longa deixou o gancho para uma continuação que tinha tudo para ser ainda melhor, mas o resultado foi bem diferente o que se esperava.
Zack Snyder tem em suas principais características a ótima coreografia nas cenas de luta e a habilidade de saber usar bem os efeitos gráficos dos longas em que dirigiu, ressalto aliás o seu trabalho em Watchman – O Filme (tido como a melhor adaptação de quadrinhos da história dos cinemas). Ambos os fatos formam uma combinação perfeita em 300, comandados por um personagem muito bem explorado, Leonidas (Gerard Butler), um homem forte, tanto em força bruta, como em personalidade. Podemos dizer que sua “consagração” foi criada a partir do seu próprio ego, e por consequência a morte o flechou de forma certeira.
Com a continuação, que demorou quase dez anos para ser feita, algumas mudanças vieram, sendo a principal delas a direção, que passou para Noam Murro, e Zack Snyder assinou apenas na produção. Esse foi o primeiro grande erro, pois toda a criação da obra anterior foi feita por Snyder e mudar a “cabeça” do projeto decretou a morte da história. A continuação não aproveitou em nada o gancho deixado pelo primeiro filme, que poderia ter um enfrentamento épico entre o exército comandado pela Rainha Gorgo (Lena Headey) e os Persas sob o comando de Xerxes e Artemisia (Rodrigo Santoro e Eva Green). Mas quis alguém que a história ganhasse novos rumos, com uma linha temporal confusa, baseando 80% do seu arco ocorrendo ao mesmo tempo dos acontecimentos do filme de dez anos atrás.
Este foi outro erro, fazer uma continuação que não teve cara de continuação. Apesar disso, preciso ressaltar um ponto positivo, que poderia ter sido apenas um contexto, mas fez parte da história principal. A origem de Xerxes, desde a perda do pai até o surgimento do Deus Reis. Foi um dos pontos mais interessantes do filme, mas mesmo sendo algo que tomei como positivo, ressalto que a forma de contar essa breve história poderia ter sido muito mais contextual, do que algo realmente principal no enredo.
Fato é que o exagero da fantasia estragou tudo aquilo que consagrou Leonidas e seus homens, um banho de sangue literalmente podre sendo jorrado a torto e direito na tela, cenas surrealistas até mesmo para o formato que já tinha dado certo. Outro grande problema foi o roteiro, muito precário, não soube aproveitar nenhum personagem além de Artemisia (Eva Green), até mesmo Xerxes continuou sendo desaproveitado e apareceu como um mero coadjuvante. Mas o pior ainda estava chegando, Temístocles (Sullivan Stapleton) tentou a torto e direito suprir a falta que Leonidas deixara, mas no caso do novo comandante, sinto muito em dizer, mas perto do Espartano você foi bem molenga, não teve atitude em nenhum momento. Admito que a nível naval ele teve boas escolhas, destacando as cenas em que ele destruía os barcos persas, atingindo-os no meio.
Até nisso o filme exagerou também, quando em seu climax (se é que podemos dizer que foi um), Temístocles sobe em um cavalo e é submerso pelo água e logo depois saí normalmente a cavalgar sob os barcos, como se nada tivesse acontecido. No geral o filme ficou devendo em tudo, é arrastado, tem um ritmo chato, personagens ruins, mal explorados e deu o rumo errado para a continuação, mostrando um lado da história que não precisava ser apresentado. Assistir 300 e 300 A Acensão do Império é exatamente igual a assistir Tróia e Helena de Tróia, um grande filme e uma tentativa de “spinoff“, que não faz jus nenhum ao seu antecessor.
Mesmo sendo um filme que não é tão recente, vale a pena debater sobre os exageros nos efeitos e na eloquência dos novos personagens tentarem ser superiores aos do filme anterior. O que Noam conseguiu fazer foi manchar a franquia, que tinha grande potencial, e a ironia foi que 300 A Acensão do Império termina exatamente como 300. Rainha Gongo (Lena Headey) deveria ser a cabeça da história no segundo filme, mas ficou jogada de canto por um simples capricho de que o personagem principal, o melhor guerreiro, o centro das atenções, precisava ser masculino, precisava tentar ser um segundo Leonidas, e por isso a história ficou desse jeito, seguindo os rumos errados do início ao fim. Fora o fato de que ele copia, de forma bem esculachada, aquela relação de pai e filho, onde um presencia a morte do outro como já havíamos visto em 300.
E você, o que achou de 300 A Acensão do Império? Acha que foi uma boa continuação? Comente com a gente!