Paixão Obsessiva traz ao cinema o grande clima novelesco em sua trama de intrigas, falsidade e vingança. Denise Di Novi, que estreia na direção, faz um bom trabalho manuseando o desenvolvimento do enredo, fazendo todo o esforço possível para que a pataquada natural da trama não fique ainda pior. Porém, a diretora não consegue segurar as rédias da história patética que tem em mãos até o fim, o terceiro ato, horroroso por sinal, exalta todos os problemas contidos e escondidos por Di Novi durante o filme.
A trama é encabeça pelas atrizes Katherine Heigl e Rosario Dawson, com ambas entregando apenas mais do mesmo em cena. Mas é preciso ressaltar, que qualquer coisa que Rosario Dawson faça perto de Heigl é quase digno de premiação, pois a colega de cena parece ter injetado botox no rosto todo, e assim passa o filme completamente inexpressiva – a atuação de Heigl consegue ser mais falsa que a própria personagem.
Katherine Heigl tenta fazer a vilã da história, e apesar da atuação da atriz entrar para a sua seleta galeria de piores interpretações da carreira, é possível ressaltar que a personagem foi bem escrita. Tessa trazia consigo problemas psicológicos desde a infância, assim já fazendo um grande histórico possessivo para a personagem. Além de parecer complexa demais para os talentos limitados de Katherine Heigl, Tessa ainda é mal encaixada em boa parte da trama. Há momentos que tentam induzir um clima similar a de um thriller psicológico (sem sucesso), mas são totalmente dispensáveis. Aqui o longa subestima totalmente a inteligência do público, é como se o roteiro tentasse enganá-los mesmo sabendo que as pessoas não são burras à ponto de serem manipuladas por artifícios tão fracos como os usados no longa.
Dawson, por outro lado, não tinha muito o que fazer durante todo o filme. A personagem é o tipo e protagonista mais genérico que existe (a mocinha que sofreu na infância e agora está sendo injustiçada pelas tramoias da rival), porém, a atriz, mesmo que não muito mais talentosa de Heigl, ainda é mais expressiva e consegue entregar o mínimo, do mínimo, ao longo da história. Mas não há como negar que há momentos extremamente artificiais e dignos de uma novela mexicana. Julia, assim como Tessa, traz grandes problemas do passado, e estes tem um papel óbvio demais no filme. Aliás, apenas com a primeira cena do longa e com uma imaginação aguçada, e pouco criativa, qualquer um pode adivinhar todo o desenrolar da história – o que é sempre péssimo.
O roteiro – assinado por Christina Hodson e David Leslie Johnson – é cheio de buracos durante o filme, além de adiar diversos acontecimentos em prol do climax horrendo apresentado no ato final. Os buracos, até certo ponto, tentam ser tapados ao longo da primeira hora de história, mas há falhas e detalhes tão pequenos e incomodativos que tornam a experiência ainda mais tediosa, e mal amarrada, do que poderia ser. Além de ter o claro problema de roteiro e péssimo elenco, a produção deixa muito a desejar, principalmente a maquiagem postiça e visivelmente falsa usada em cena – ainda causando erros de continuidade banais de mais para se levar o filme a sério como deveria -.
Paixão Obsessiva acaba culminando em um show de horrores em seu ato final. O desdobramento, além de previsível, é pior do que qualquer cena de novela, onde é impossível tratar com seriedade cenas tão mal escritas e dirigidas. É aqui que Denise Di Novi perde totalmente o controle dos problemas que o filme apresenta, onde a insanidade de Tessa (Heigl) não consegue extrair leite de pedra (ou talento da atriz), onde Julia tenta se tornar uma heroína e David (Geoff Stults) mostra o quão palerma e inútil pode ser um personagem dentro de uma história. Com esse show de horrores no encerramento, Paixão Obsessiva ainda pode render boas risadas ao público, afinal é melhor rir do que chorar com um filme assim.
Avaliação
[yasr_overall_rating size=”medium”] (Muito Ruim)