Sim, ainda há esperança na carreira de Robert Pattinson
Alguns altos e alguns baixos definem a trajetória de Robert Pattinson como ator até aqui. Facilmente associado a fraca adaptação da Saga Crepúsculo, Pattinson já teve seus bons momentos no cinema, mas talvez nada significativo o suficiente para apagar as atuações e filmes ruins em que participou. Mas eis que entra em cena Bom Comportamento (Good Time), filme em que ele, Robert Pattinson, rouba a cena.
Bom Comportamento, primeiramente, promete uma odisseia do crime, acompanhando a dupla de irmãos Connie (Pattinson) e Nick Nikas (Ben Safdie). Nick é inserido no filme após ter um surto violento contra a sua avó, o caso também reflete ao problema mental que o personagem apresenta. Por conta disso, Connie tenta proteger o irmão, porém acaba levando-o para o seu mundo do crime – que após um assalto inicialmente bem sucedido, deixa o irmão ser preso. Assim inicia-se a odisseia de Connie em um dia desastroso, tendo seguimento nas tentativas dele soltar o irmão preso por engano.
Ben e Josh Safdie trazem a aventura de um criminoso que tenta fazer o certo da maneira errada – ou da única maneira que lhe foi apresentada. A dupla de diretores mistura o estilo europeu de cinema em uma história ambientada em Nova York com um ritmo alucinante que não tem a missão de empolgar ou deixar o espectador eufórico com as suas confusões. Ao contrário disso, a narrativa que segue este mesmo ritmo tenta não contagiar o espectador, deixando que este apenas indague o por quê de Connie estar fazendo tudo aquilo daquela maneira.
Bom Comportamento é tão intenso e ao mesmo tempo pessoal que são poucos os momentos que os Brothers Safdies não deixam as suas câmeras acompanhando apenas o rosto dos seus personagens. Assim, o filme consegue fazer o público sentir o quão sufocante os problemas vividos e arranjados por Connie podem ser. É sem dúvida uma forma pouco convencional de fazer cinema, com poucos planos abertos e que não exploram muito os ambientes. Mas neste caso, o diferente é o segundo elemento que o longa tem de melhor.
O grande destaque do filme, que causou borborinhos positivos para Bom Comportamento desde o Festival de Cannes deste ano, sem dúvida é Robert Pattinson. Se antes de conferir o filme houvesse algo que, na teoria, pudesse comprometer a qualidade do longa, este era Robert Pattinson. No entanto, se há algo marcante depois da projeção, este também é Robert Pattinson.
O ator, hoje com 31 anos, chama a atenção não apenas por ter o foco total da história para si, mas principalmente por ser responsável por carregá-la nos ombros. Geralmente quando tal expressão é citada, ela pode significar que o filme é ruim e que o talento do ator se sobressai, ou a história é boa e depende de um personagem para guiá-la – deixando o filme totalmente submetido ao desempenho do ator/atriz. A questão, neste caso, está relacionada a segunda opção, trazendo um filme que em sua essência é bom, e que combinado ao desempenho de Pattinson durante a história, resulta em um ótimo conjunto.
Pattinson consegue deixar claro em tela o estado perdido e abatido de Connie após os seus erros. O ator, ainda consegue passar toda a gravidade das ações do seu personagem. Tudo isso, ainda é ressaltado pela trilha sonora que acompanha o ritmo da narrativa e os acontecimentos da trama do filme, sendo ainda mais eficiente por não deixar o longa redundante. A fotografia é outro diferencial, misturando cenas neon com sua imagem levemente granulada, que usa diferentes ângulos para continuar acompanhando apenas o rosto dos personagens envolvidos na história, sem deixar que Bom Comportamento seja um jornada cansativa, independente da sua duração.
Com uma direção ágil, que em alguns momentos lembra Danny Boyle e o clássico Trainspotting – Sem Limites (1996), os Brothers Safdies trazem um filme com a cara dos principais festivais do ano, um longa que corresponde a um cinema acessível para um público que gosta de consumir o diferente. Bom Comportamento é o tipo de produção que se desenvolve de foma harmoniosa, dando ao público a oportunidade de apenas acompanhar a sua dura história, ou de, até mesmo, refletir sobre as suas diversas críticas sociais.
Avaliação
[yasr_overall_rating size=”medium”] (Ótimo)