A tecnologia é o astro de Black Mirror, sendo o centro das atenções em todos os episódios e se tornando a essência do seriado. Crocodile, terceiro episódio da quarta temporada, deixa a tecnologia em segundo plano e centra sua atenção no lado humano dos personagens.
A trama do episódio gira entorno de Mia Nolan, interpretada por Andrea Riseborough (Birdman, Bloodline), que há 15 anos junto de seu parceiro na época, Rob (Andrew Gower), atropela um ciclista e se livra do corpo, negligenciando o acidente. No presente, Mia se vê ameaçada pela possibilidade da verdade vir à tona, dando início a uma sucessão de escolhas desesperadas. Com uma trama que começa lenta e acelera nos 20 minutos finais, Crocodile consegue segurar o telespectador por tempo o suficiente para que possa observar a grande atuação de Andrea Riseborough e uma sucessão de escolhas irracionais de sua personagem, que a levam ao ápice da decadência de um ser humano.
O que mais chama atenção no episódio é como ele se distingue bastante dos outros de toda a série. Aqui a tecnologia fica em segundo plano, deixando a personagem de Andrea Riseborough ser o centro das atenções no episódio. Porém, isso não quer dizer que a tecnologia não tem, aqui, a sua devida importância, já que ela serve como catalisador de todos os acontecimentos do episódio, influenciando Mia em suas decisões de forma indireta.
O episódio trata da questão de como a tecnologia ultrapassa os limites do público e privado, chegando ao ponto de acessar as memórias humanas para utilização das empresas. Contudo, a moral principal da história é que as atitudes que você toma irão lhe definir pelo resto da sua vida, com isso sendo evidenciado pela cena final do episódio, onde vemos o filho de Mia cantando na peça da escola: “Você vai ser lembrado pelas coisas que diz e faz”.
Apesar de não centrar sua história na tecnologia em si, Crocodile é um episódio satisfatório que consegue passar a mensagem sobre invasão de privacidade e princípios éticos e morais, além do medo de perder tudo que conquistou.