Em cartaz a partir desta quinta-feira (25), Vidas Passadas, dirigido por Celine Song, recebeu duas indicações ao 96º Oscar – Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Eleito o Melhor Filme do Gotham Awards, o longa-metragem também recebeu cinco indicações ao Independent Spirit Awards – cujos prêmios serão entregues no dia 25 de fevereiro. Além disso, marcou presença no Critics Choice Awards.

Ficha técnica

Título: Vidas Passadas (Past Lives)
Direção: Celine Song
Roteiro: Celine Song
Elenco principal: Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro
Data de lançamento: 25 de janeiro de 2024 (nos cinemas brasileiros)

A história de ‘Vidas Passadas’

Na Young / Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amigos de infância profundamente conectados, se separam depois que a família de Nora decide sair da Coreia do Sul. Vinte anos depois, eles se reencontram em Nova York para uma semana fatídica enquanto confrontam noções de destino, amor e as escolhas que fazem uma vida.

Assista ao trailer do filme:

Crítica de Vidas Passadas

Nem sempre o destino se cumpre. A ideia de que algo já está determinado cria expectativas, sendo elas positivas ou negativas. E caso isso não se concretize, as consequências podem ser a sensação de alívio, decepção ou aceitação.

No entanto, a vida é feita de escolhas. A tomada de uma decisão pode ser influenciada por inúmeros motivos. O contexto em que um indivíduo se encontra pode ser um deles. Mas outros tantos determinam as escolhas individuais.

Vidas Passadas, longa-metragem de estreia de Celine Song, conta a história de um amor platônico entre Na Young (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo). Na Coréia do Sul, os dois eram colegas de escola, amigos muito próximos e viviam uma paixão platônica até que Na Young se mudou para o Canadá com a família – onde passou a se chamar Nora.

Anos depois, enquanto conversava com a mãe pela internet, e de brincadeira, Nora decide procurar Hae Sung em uma rede social. Na busca, ela se depara com um comentário dele em um dos trabalhos do seu pai e vê que ele estava procurando por ela. Com o reencontro virtual, os dois recuperam não apenas o contato, mas entendem que o sentimento que existia entre eles ia além da amizade.

Vidas Passadas
Teo Yoo como Hae Sung (esquerda) e Greta Lee como Na Young / Nora (direita) em cena do filme ‘Vidas Passadas’, de Celine Song. | Imagem: Divulgação / Califórnia Filmes.

Com esta história, Vidas Passadas é um dos principais filmes da temporada de premiações. Isso não se deve pelo número de indicações que recebeu ao 96ª Oscar – Melhor Filme e Melhor Roteiro Original -, visto que a própria direção de Celine Song e a atuação de Greta Lee estão entre as esnobadas deste ano.

Contudo, o reconhecimento das premiações independentes justifica a qualidade deste drama. Foram cinco indicações ao Independent Spirit Awards e recebeu o prêmio de Melhor Filme do Gotham Awards. Além disso, foi exibido nos festivais de Sundance e Berlim. Um currículo e tanto, que ainda passa pelo Critics Choice Awards.

Tanto reconhecimento não vem de graça. Celine Song desenvolve em seu drama uma narrativa simples e sem maneirismos. O que Vidas Passadas tem para entregar ao espectador é o próprio coração. O filme fala diretamente da vida, e de como ela é. No entanto, é o tipo de longa-metragem que encanta pela forma como aborda as suas questões.

Nem sempre aquilo que deveria acontecer realmente se concretiza. Nem sempre o que uma pessoa deseja vai se realizar. Mas sempre que alguém faz uma escolha, há uma consequência.

A intenção de Celine Song para este filme é mostrar uma compreensão do real. Embora as histórias não sejam parecidas, a ideia de Vidas Passadas lembra Namorados Para Sempre (2010), filme onde nada dá certo.

Vidas Passadas
Teo Yoo como Hae Sung (esquerda) e Greta Lee como Na Young / Nora (direita) em cena do filme ‘Vidas Passadas’, de Celine Song. | Imagem: Divulgação / Califórnia Filmes.

Falar sobre amor de uma forma próxima do mundo real é entender que na vida existem encontros e desencontros. Independente do que (não) aconteça, a vida segue – ou tem que seguir. Celine Song, além de entender isso, faz algo muito cruel com o espectador quando Vidas Passadas dá subsídios de que tudo pode dar certo, até que o último minuto. Ou seja, mantém a esperança viva, algo que também faz parte do real.

Tudo isso é possível porque a diretora conduz sua história com um arranjo arrebatador, embalado não apenas pela trilha sonora de Christopher Bear e Daniel Rossen, mas principalmente pelo carisma de Nora (Lee) e Hae Sung (Yoo). Do início ao fim, a dupla demonstra química e dedicação, entrando em tela personagens genuínos.

Com sensibilidade em sua narrativa, Vidas Passadas é destruidor e arrebatador. Em seus minutos finais, apresenta um dos diálogos mais bem elaborados do último ano. Uma cena composta por nuances e detalhes que chancelam a qualidade do roteiro de Celine Song. Neste momento, Greta Lee e Teo Yoo protagonizam um dos momentos mais dolorosos e verdadeiros do cinema recente. Song apresenta um olhar preciso nos detalhes, que tornam sua história aparentemente simples em um filme grandioso.

Avaliação
Ótimo
9.0
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.