Dirigido por José Eduardo Belmonte, o suspense Uma Família Feliz está em cartaz nos cinemas brasileiros. O longa-metragem é uma adaptação do livro homônimo de Raphael Montes e traz no elenco a atriz Grazi Massafera como principal destaque.
Ficha técnica
Título: Uma Família Feliz
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: Raphael Montes
Elenco principal: Grazi Massafera, Reynaldo Gianecchini, Luiza Antunes e Juliana Bim
Data de lançamento: 04 de março de 2024 (nos cinemas brasileiros)
A história de ‘Uma Família Feliz’
Eva acabou de dar à luz o seu terceiro filho e se depara com a angústia de uma depressão pós-parto em meio a uma vida burguesa supostamente perfeita. O ar tranquilo de sua família feliz é invadido por acontecimentos estranhos quando suas filhas gêmeas aparecem machucadas. Eva é acusada e retaliada pela comunidade. Isolada e questionada por seu próprio marido, ela precisa superar sua fragilidade para provar sua inocência e reestruturar sua família.
Assista ao trailer do filme:
Crítica de ‘Uma Família Feliz’
Adaptação do livro homônimo de Raphael Montes, Uma Família Feliz é uma história bastante inventiva dentro cinema praticado no Brasil e um alento para as pretensões dos filmes de gênero no país. A trama começa pelo fim, recurso que aguça o interesse por essa história – uma tática ousada que funciona.
Na história, uma família perfeita, daquelas de comercial de margarina, vive sua bela vida. O patriarca tem um bom emprego, sua esposa cuida da casa e das filhas do marido enquanto esperam pelo terceiro filho.
Uma Família Feliz intriga não apenas pelo começo, mas também pelo uso de cores no filme. Enquanto a vida maravilhosa desta família acontece, o vermelho (símbolo do pecado e da morte no cinema) persegue Eva – personagem de Grazi Massafera.
Ao mesmo tempo, cresce a impressão de que algo no meio dessa vida maravilhosa está ou vai dar errado. Fato que se consuma na medida em que acontecimentos estranhos começam a perturbar a vida desta família – em especial depois do nascimento de Lucas.
O thriller, gênero pelo qual o roteirista Raphael Montes debruça sua carreira, toma conta da história ao expor o cansaço e estresse torturadores de Eva em sua rotina. O esgotamento ganha espaço no filme e é parte essencial dos artifícios utilizados para manter o interesse do espectador.
A medida em que os acontecimentos estranhos se desenrolam sob a vigilância do casal, crescem também as desconfianças – que instigam o público e trazem desordem para a vida perfeita da família. Com isso, o longa evidencia a relação que esta história precisa ter com o espectador.
Uma Família Feliz é um filme onde não basta apenas ser bom ou bem realizado, ele precisa da atenção e do interesse do espectador. É uma história que acontece para quem está assistindo, algo essencial, por exemplo, quando se lê um livro. É uma característica que Raphael Montes consegue trazer para o filme e que José Eduardo Belmonte, diretor, abraça e exibe em tela.
Com tanta coragem ao criar uma relação ousada como esta, Uma Família Feliz acaba prometendo demais ao espectador, que no fim quer uma recompensa. Enquanto brinca com as respostas, a história vai adicionando mais tensão e brutalidade ao que acontece com os seus personagens ao destruir a vida perfeita da família.
Uma Família Feliz entrega o que promete ao dar para o espectador uma reviravolta inventiva – mas não surpreendente – para justificar a cena de abertura e concluir sua trama. Com uma atuação intensa de Grazi Massafera, o longa-metragem se sobressai ao criar e depender de uma relação com o espectador.
Embora peque no ritmo e na realização de detalhes muito particulares da técnica cinematográfica, Uma Família Feliz é um sopro interessante dentro do cenário nacional de thrillers. A trama importa conceitos intrigantes de filmes importantes do gênero e tenta refrescar a categoria no Brasil.
Intenso, intrigante e perturbador, em certa medida, Uma Família Feliz é o melhor e mais consistente trabalho com assinatura de Raphael Montes no audiovisual. A parceria com José Eduardo Belmonte fez com que o longa tivesse o estofo necessário para correr riscos e acertar nestas escolhas. É um filme que encontra a sua força naquilo que se propõe a destruir.
