Cena do filme O Quarto ao Lado
Cena do filme O Quarto ao Lado. | Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Quando um filme de Pedro Almodóvar está para chegar aos cinemas é normal que expectativas sejam criadas. Seus longas-metragens costumam ser protagonizados por atores e atrizes renomados. Além disso, suas histórias sempre trazem uma discussão que transcende a própria narrativa. E com O Quarto ao Lado, que estreia nesta quinta-feira, 24, o cineasta atinge este ideal.

Com Tilda Swinton e Julianne Moore nos papéis principais, O Quarto ao Lado retrata o reencontro de duas ex-colegas (que trabalharam na mesma revista) em um cenário improvável. Martha (Swinton) seguiu carreira como repórter de guerra, enquanto Ingrid (Moore) está de volta a cidade para o lançamento do seu novo livro. Em uma de suas sessões de autógrafos ela descobre que Martha está muito doente.

Almodóvar retrata uma reaproximação íntima entre as duas personagens que se reconectam de forma genuína. Os méritos, obviamente além do roteiro adaptado escrito pelo cineasta espanhol, também estão vinculados ao talento da dupla de protagonistas. Moore e Swinton entregam personagens críveis que transbordam pela tela.

Martha vive o limiar entre a vida e a morte, trazendo para tela reflexões sobre o processo de lutar contra uma doença incansável. Ingrid passa a ser a companhia de uma pessoa que por causa da profissão passou a viver longe de casa. Além dessas reflexões, que apresentam diálogos duros, mas pertinentes, o longa-metragem explora a vida dessas duas mulheres e as escolhas que ambas fizeram.

O Quarto ao Lado representa a filmografia de Almodóvar em seu melhor estilo. Tudo o que dá aos filmes do cineasta características inconfundíveis está em seu novo exemplar. As cores, a direção de arte e fotografia, a trilha sonora e principalmente a condução da história.

Cena do filme O Quarto ao Lado
Cena do filme O Quarto ao Lado. | Crédito: Divulgação/Warner Bros. Pictures.

Pedro Almodóvar escolhe contar histórias sensíveis que fazem o espectador olhar dentro e fora dos seus personagens. É possível entender suas escolhas, questioná-las e ter as próprias conclusões. No entanto, a magia do seu cinema está na forma como o diretor consegue fazer com que todos os aspectos mais marcantes de sua filmografia se diluam perante a alma das suas histórias.

Com O Quarto ao Lado, Almodóvar rompe a barreira entre a lógica de analisar uma obra cinematográfica a partir de conceitos, ideias e interpretações. A qualidade fílmica da técnica de produção e do roteiro estão ali, mas tão importante quanto o filme em si é aquilo que é mostrado em tela. Ou seja: as pessoas, suas histórias e suas densas camadas.

O Quarto ao Lado dialoga de forma muito madura questões socialmente sensíveis, algo que Almodóvar sempre procurou em seus filmes. Desta forma, o cineasta leva para os cinemas um título que faz jus a fama do diretor, mas não só isso: O Quarto ao Lado é uma ótima chance para quem admira o trabalho de Almodóvar poder cultuá-lo mais uma vez.

Avaliação
Bom
7.5
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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.