A contagem regressiva para o 53º Festival de Gramado já começou, assim como a divulgação dos filmes que serão exibidos em um dos principais eventos cinematográficos do Brasil. Em 2025, a sessão de abertura será no dia 15 de agosto, quando o Palácio dos Festivais receberá O Último Azul, de Gabriel Mascaro, o atual vencedor do Uso de Prata da Berlinale – como é conhecido o Festival de Berlim.
Protagonizado por Denise Weinberg, o longa-metragem, que tem estreia confirmada para o dia 28 de agosto, levará o público em uma viagem pela Amazônia. O cenário é de um Brasil quase distópico, com o governo levando idosos a uma colônia habitacional para viverem seus últimos anos. Desafiando este destino, Tereza (Weinberg) embarca em uma jornada para realizar o seu último desejo.
“A gente conseguiu trazer o filme mais representativo do cinema brasileiro atual, que venceu o primeiro festival de cinema importante do ano, o Festival de Berlim, com o Urso de Prata”, disse Marcos Santuario, um dos curadores do Festival de Gramado, sobre o filme de abertura da 53ª edição do evento. Para o jornalista e também crítico de cinema, O Último Azul é “uma provocação sobre onde colocar as pessoas de idade nos seus sonhos e nas suas capacidades e possibilidades dentro do nosso universo contemporâneo”.
As falas de Marcos Santuario para a Matinê aconteceram no dia 08 de julho, após a realização da coletiva de imprensa que revelou os títulos de ficção que compõem a seleção da mostra competitiva nacional. Na ocasião, seis filmes foram apresentados para a imprensa e ao público: “A Natureza das Coisas Invisíveis” (DF), de Rafaela Camelo; “Cinco Tipos de Medo” (MS), de Bruno Bini; “Nó” (PR), de Laís Melo; “Papagaios” (RJ), de Douglas Soares; “Querido Mundo” (RJ), de Miguel Falabella; e “Sonhar com Leões” (SP), de Paolo Marinou-Blanco.
A escolha dos longas-metragens que disputam os Kikitos foi realizada a partir de critérios que visam o protagonismo do cinema brasileiro em suas virtudes. “[…] buscamos selecionar obras que apostam na diversidade de temas, linguagens, territórios e gêneros, que nos convidam a uma reflexão, são filmes com marcas autorais que provocam, sensibilizam e, acima de tudo, nos representam”, explicou Camila Morgado, a atriz de obras marcantes como Olga (2004) e recentemente na série Bom Dia, Verônica (), também é curadora da mostra competitiva nacional.
Neste sentido, o Festival de Cinema de Gramado busca um olhar sobre o cinema brasileiro em seu momento de destaque. Neste ano, a arte audiovisual realizada no Brasil foi premiada em Berlim, Cannes (com o prêmio de Melhor Ator para Wagner Moura por O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho), além das façanhas de Ainda Estou Aqui no Globo de Ouro e no Oscar, entre outros filmes e prêmios em festivais pelo mundo. “[…] nós recebemos um número recorde de inscrições, que é também fruto de políticas culturais do nosso setor, vimos muitos filmes financiados pela Lei Aldir Blanc e pela Lei Paulo Gustavo, vindos de todos os cantos do Brasil”, destacou Caio Blat, o ator que recentemente fez sucesso na novela Beleza Fatal, também é curador da competição pelos Kikitos.
Assim como Camila Morgado, Blat participou da coletiva por meio de uma mensagem gravada em vídeo, mas não deixou de comentar sobre a seleção de filmes e suas potencialidades. “O nosso trabalho foi no sentido de contemplar essa diversidade de narrativas, olhares, temáticas, filmes muito fortes”, afirmou o curador, que continuou: “tivemos uma dificuldade enorme para fechar essa seleção final, com dor no coração, porque a qualidade e a potência dos filmes do nosso cinema é realmente muito grande”.
Na última quinta-feira, 17, o Festival de Gramado anunciou os demais longas-metragens documentais e curtas-metragens brasileiros que fecham as mostras competitivas da 53ª edição. Ao todo, quatro documentários integram os títulos que concorrem aos Kikitos, são eles: “Até Onde a Vista Alcança” (SP), de Alice Villela e Hidalgo Romero; “Lendo o Mundo” (RN), de Catherine Murphy e Iris de Oliveira; “Os Avós” (AM), de Ana Ligia Pimentel; e “Para Vigo Me Voy!” (RJ), de Lírio Ferreira e Karen Harley.
“Eu sempre comento que a gente escolhe filmes que nasçam em Gramado, não que morram em Gramado”, disse Marcos Santuario para a Matinê. Entre filmes que serão vistos pela primeira vez no mundo e longas-metragens que já estão rodando em outros eventos do cinema, o Festival de Gramado exibirá na serra gaúcha filmes que, independente da trajetória, ainda ganharão outras telas no Brasil e em tantos outros países.
Filmes em competição trazem histórias de todas as regiões do país para o Festival de Gramado
As mostras competitivas nacionais do Festival de Cinema de Gramado possuem um objetivo muito claro: buscar títulos que representam as potencialidades do cinema realizado no Brasil. Com isso, o desafio é olhar para a pluralidade da realização audiovisual de um país de proporções continentais e encontrar filmes que, além de terem a qualidade técnica exigida por um grande evento cinematográfico, também representem a diversidade de olhares e temas que este território é capaz de produzir.
“[…] não existe um único cinema brasileiro, existem muitos cinemas dentro do Brasil”, afirmou Marcos Santuario para a Matinê. Para o curador do festival, “essa diversidade estética e narrativa do cinema brasileiro e sobretudo essa demonstração do talento em olhar para as nossas realidades, olhar para as nossas histórias e poder contá-las na linguagem cinematográfica” é justamente o que o evento procura. Afinal, para o Festival de Cinema de Gramado é importante que a seleção de filmes seja composta de obras audiovisuais capazes de serem exibidas na serra gaúcha e depois ganharem o Brasil e o mundo.
Ao todo, 11 estados e o Distrito Federal estão representados entre os longas de ficção, documentários e curtas-metragens. O Rio de Janeiro é o estado com mais títulos na seleção, cinco. São Paulo teve quatro filmes nas mostras competitivas nacionais. Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul aparecem através de duas obras audiovisuais cada. Além dos citados, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pará, Pernambuco e Alagoas estão representados por um filme cada na competição pelos Kikitos.
Veja os 12 curtas-metragens brasileiros selecionados para o Festival de Cinema de Gramado:
- “Aconteceu a Luz da Lua” (RS), de Crystom Afronário
- “Boiuna” (PA), de Adriana de Faria
- “Cabeça de Boi” (SP), de Lucas Zacarias
- “FrutaFizz” (SP), de Kauan Okuma Bueno
- “Jacaré” (BA), de Victor Quintanilha
- “Jeguatá Xirê” (RS), de Ana Moura e Marcelo Freire
- “O Mapa Em Que Estão Meus Pés” (AL), de Luciano Pedro Jr.
- “Na Volta Eu Te Encontro” (BA), de Urânia Munzanzu
- “As Musas” (PE), de Rosa Fernan
- “Quando Eu For Grande” (PR), de Mano Cappu
- “Réquiem Para Moïse” (RJ), de Caio Barretto Briso e Susanna Lira
- “Samba Infinito” (RJ), de Leonardo Martinelli
Com a seleção de longas, curtas e documentários revelada, o Festival de Cinema de Gramado está pronto para receber o público cinéfilo na serra gaúcha de 13 a 23 de agosto. Um convite para ver o que há de melhor produzido pelo audiovisual brasileiro e para pensar no país através do cinema.
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