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A primeira temporada de Supergirl já chegou ao fim, mostrando um cliffhanger do jeitinho que a gente gosta no final. A série que apresentou uma narrativa bem leve teve uma boa temporada de estreia, mas será foi essa maravilha toda? Claro que não, Supergirl foi boa sim, mas está longe de ser perfeita. A heroína trouxe pontos muito positivos para a sua história e para a maneira como se desenvolveu ao longo dos episódios, porém existem pontos que devem e precisam ser melhorados, algumas coisas que fazem a qualidade perder um pouco de força. Nessa matéria vamos fazer um pequeno balanceamento desses pontos positivos e negativos, que você confere logo abaixo:

O que tivemos de positivo em Supergirl
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Kara Zor-El foi muito bem apresentada para quem não conhecia a personagem. Quem nunca leu uma HQ da Supergirl não sentiu falta, quando se tratou de origem e apresentação da protagonista. A CBS contou sua história de uma forma bem simples, sem buracos e de fácil entendimento para o seu público, que não era nada acostumado com esse gênero de série. Para mim quando surgiu o rumor de que poderia haver uma série sobre a Supergirl, a CBS me parecia a emissora menos provável a transmitir o show.

 

Ao longo dos episódios foi nítido que a emissora não tinha tanto dinheiro para investir na questão de efeitos visuais em alienígenas, lutas, e cenas de ação em geral. O bom disso é que a simplicidade na qualidade desses efeitos se adaptou bem ao formato leve que Supergirl se propôs a trazer. O resultado final foram efeitos aceitáveis e alguns com mais qualidade técnica, lógico que no meio disso entra a forma original de J’onn J’onzz (Ajax, Caçador de Marte Hank Henshaw) que teve um efeito bem sustentável e bem moldado até fosse encontrado o ponto certo dele. Tal ponto foi achado rapidamente (apenas questão de ajuste de tamanho e movimento do personagem na forma de marciano). A história dele também foi bem contada, e o mais legal disso é que o passado de J’onn é pesado e assombra muito o personagem. Assim como é na animação da Liga da Justiça o passado é algo que perturba o marciano quando vem a tona e faz disso a sua grande fraqueza. Mais pontos para o roteiro.

Para finalizar o lado positivo da temporada preciso afirmar que todos nós sabemos que Supergirl é uma adaptação das HQ’s originais da DC Comics, por esse motivo é muito importante a série estar ligada com o seu universo de origem. Com isso quero dizer que para Supergirl dar certo ela precisa resgatar elementos das HQs. A série fez muito bem isso trazendo o próprio J’onn J’onzz para a sua trama principal, a inserção do multiverso com a participação de The Flash/ Barry Allen, que foi muito importante para o crescimento da personagem, o DEO sendo integrado ao plot principal, a relação (básica) com Superman, Max Lord, o Projeto Cadmus, e outros elementos que a produção e os roteiristas inseriram muito bem na história.

O alivio cômico da série funciona muito bem com determinados personagens, pois como Kara e Win são mais nerds, as piadas deles ficam mais acessíveis, e até mesmo os momentos de maratona de Kara e Alex são bem bacanas porque trazem uma certa naturalidade para a série. E tal fato combina muito bem com o formato de Supergirl.

Como fechamento digo que a primeira temporada de Supergirl foi muito equilibrada, apresentou bons momentos, mesmo com algumas oscilações, e com o final da temporada a série se torna ainda mais promissora, mas se comparada as outras adaptações da DC Comics para a TV, Supergirl ainda tem um longo caminho pela frente até cair nas graças do público, pois até o momento as pessoas que assistem ou assistiram tem uma relação de extremos entre amor e ódio pela série.

O que tivemos de negativo em Supergirl
Supergirl - Materia Especial 02
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Como essa temporada não foi uma maravilha de roteiro e produção, agora vou dizer os pontos que deixaram a desejar na série. Vocês podem até achar que estou me contradizendo aqui, mas é a minha pura opinião. Em relação as lutas de Supergirl contra os seus vilões fiquei um pouco decepcionado, simplesmente por conhecermos os poderes da heroína vimos algo que não correspondeu as expectativas. As lutas não tinha uma coreografia tão boa, os duelos eram prolongados durante todo o episódio, que abria muito espaço para dramas pessoas que na maioria das vezes não tinham importância. Quando chegava na hora do confronto ele era resolvido com meia dúzia de socos ou assopros que não condiziam com o tamanho do poder de Supergirl. Por tanto uma luta importante como a que ela teve contra a Astra deveria ser um dos pontos mais altos da temporada, mas acabou sendo uma luta normal como a maioria das outras, a diferença é que ela durou um pouco mais.

Outro ponto fraco é que o trabalho de J’onn J’onzz não era apenas de ser o diretor do DEO, mas também deveria ser o grande mentor da Supergirl nesse início da jornada dela como heroína, mas tal fato aconteceu em pouquíssimos momentos. Em situações como essa, J’onn, se demonstrou um pouco fraco, precisando Barry fazer o seu trabalho em poucas palavras. A participação do Flash com a apresentação do multiverso agregaram de mais a história da série, porém foi algo extremamente singular e que não foi citado de novo, nem questionado. Parece que mesmo sendo um episódio de Supergirl ele foi uma história a parte dentro do próprio núcleo da série. Ponto negativo para a produção que poderia trabalhar melhor algo tão importante como é o multiverso no Universo DC.

Outro problema foi que o normal de uma série desse gênero é que o começo dela seja um pouco ingênuo e inocente por estar descobrindo um novo mundo de aventuras, vilões e tudo mais… O problema é que Supergirl amadureceu muito pouco durante toda a temporada, perdendo pouca inocência, porém nos últimos dois episódios ela deu uma reviravolta (do nada) se tornando até mais inatingível que o próprio Superman. Kara usou o poder da mídia para quebrar os planos do vilões e isso demonstrou uma maturidade dela que eu nem sabia se poderia existir em algum momento, principalmente porque a vida pessoal e amorosa dela interferiu muito durante a temporada. Por exemplo, quando aparecia um vilão ela ia lá, lutava, perdia, voltava para a redação ouvia sermões de Cat, conversava e era xavecada pelo Win, conversava com James Olsen, enfrentava os problemas do dia-a-dia normal de uma pessoa e perto do fim ela buscava uma solução para o que realmente importava. Acho que o roteiro precisa dar atenção aos assuntos de maior importância e valorizar mais o crescimento da protagonistas, se não vai virar quase um Arrow da vida, mas sem um lado sombrio.

Por fim, alguns personagens foram irritantes ao longo da temporada. A decepção fica por conta de James Olsen, personagem muito conhecido das histórias do Superman. Mesmo tendo alguns bons momentos eu não consegui dizer que ele foi um bom personagem, que o ator casou bem com a personalidade dele, acho que ele deveria ser o que o Win estava sendo em alguns momentos. Outro é que as vezes a protagonista não assumia a responsabilidade de algo ou não se comprometia completamente com um acontecimento, parecia (para mim) que ela não tinha coragem de enfrentar algumas coisas, o que para uma heroína não é nada bom.

Antes de finalizar só quero ressaltar que existem alguns fatos na série que me incomodaram, por exemplo, no episódio 19 “Myriad“, Supergirl passa o episódio todo impotente, mostrando apenas fraquezas e não uma busca de solução, sinceramente foi quase um episódio desnecessário. O que ele fez de bom foi apenas nos seus minutos finais onde construiu o arco da esperança e a luta entre as irmãs, que mais uma vez decepcionou um pouco no quesito de ação, mas foi uma luta razoavelmente boa. Já por parte de Indigo não me agradou, a vilã usava sempre as mesmas técnicas (sabendo do que ela e o original Braniac são capazes, foi realmente muito pouco) e tinha uma vestimenta bem precária, parecia uma vilã dos Power Rangers. A luta contra o Non também não foi uma maravilha, e mais uma vez ela se resumiu na “visão de calor” que foi vencida pela Supergirl por dois paços a mais que ela deu. Os brincos que Maxwell Lord deu para Cat Grant e a fizeram ela ficar imune ao Myriad também foi meio grotesco, do nada ela usou esses brincos e sem explicação nenhuma o as jóias protegeram ela. Tudo bem que ele pode explicar isso, mas seria muito melhor a série abrir espaço para começar a explicar esse tipo de acontecimento. Digo isso porque é muito aleatório um personagem como Max aparecer sempre do nada com um problema ou uma solução nova.

Supergirl ainda tem muito o que corrigir e acertar para ter o seu tom 100% no rumo certo, não é nada impossível, mas com o tempo tudo isso pode ser trabalhado de uma forma melhor. E você o que achou da temporada de estreia de Supergirl? Deixe sua opinião nos comentários.

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Sou jornalista, fundador e editor da Matinê Cine&TV. Escrevo sobre cinema e séries desde 2014. No jornalismo tenho apreço pelo cultural e literário, além de estudar e trabalhar com podcasts. Além dos filmes e séries, também gosto de sociedade e direitos humanos.