As Tartarugas Ninja - Rapha
Imagem: Divulgação/ Paramount Pictures

Em 2014 tivemos a volta das Tartarugas Ninja aos cinemas com um filme horrível, ruim em todos os quesitos possíveis. Realmente não lembro de algo que tenha gostado naquele filme, só posso dizer que como fã dos irmãos fiquei muito decepcionado com o que assisti. Dois anos depois (hoje) estamos com um novo filme: As Tartarugas Ninja – Fora das Sombras. E com isso temos uma obra completamente diferente da de 2014.

Ainda com certos erros, o novo filme das tartarugas é extremamente superior ao de 2014, que estava todo errado. Tudo o que Jonathan Liebesman errou no primeiro filme (tanto visualmente como em roteiro, desenvolvimento, elenco, entre outros quesitos) o jovem Dave Green consegue refazer e trazer um filme muito melhor. A superioridade do novo faz com o que o anterior esteja no mesmo nível ruim do último filme do Quarteto Fantástico.

Dois problemas se repetem no segundo filme, são eles: Destruidor e a premissa exatamente igual a de 2014. Primeiro vamos falar do Destruidor; ele pode não ser o vilão mais poderoso das tartarugas, mas sem sombra de dúvida é o mais icônico e o que mais rendeu a nível de história, por tudo que representa dentro deste universo. O problema de apresentar ele como vilão principal (em um primeiro momento) aconteceu novamente, mas assim como foi no primeiro filme ele foi menos do que secundário. Mesmo assim tivemos duas coisas muito legais no personagem, que funcionou muito melhor dentro da história, que teve seu uniforme, máscara e garras muito mais fiéis com os originais. Mas infelizmente o grande antagonista da obra original foi apenas uma peça no xadrez. (Ah, só um detalhe, desta vez o Destruidor foi interpretado por Brian Tee, mostrando que só sabe fazer papéis do mesmo jeito e afirmando a carência de bons atores orientais em Hollywood.)

O que falei sobre o Destruidor, no parágrafo anterior, já diz que a premissa do primeiro filme se repetiu no segundo, onde temos um vilão apresentado como principal e depois caí para segundo plano, tornando-se apenas uma marionete da história. O bom é Krang foi, de certa forma, um vilão bom para o filme, trazendo perigo em escala mundial e se mostrando forte e ardiloso. Não foi um vilão maravilhoso, mas casou bem com o nível do filme. O problema dele é que Micheal Bay tem grande atração por robôs, e acho que ao invés de ter um robô o vilão poderia ser mais fiel e ter um corpo humano como seu “recipiente”.

Imagem: Divulgação/ Paramount Pictures
Imagem: Divulgação/ Paramount Pictures

Ainda na leva de novos personagens temos Megan Fox como April O’Neil, mas você deve estar se perguntando: “A Megan Fox não estava no primeiro filme?”. Claro que estava amiguinhos, mas aquela Megan Fox estava longe de ser a que conhecemos de filmes como Transformers e Garota Infernal. Em 2014 ela, visualmente, nem parecia ser Megan Fox, poderia ser qualquer atriz, menos Megan Fox. Em Tartarugas Ninja – Fora das Sobras tivemos uma atuação que só Megan Fox é capaz de fazer, sendo linda, sensual e trazendo elementos bem interessantes para uma April O’Neil. Com isso quero dizer que ela acaba sendo uma boa personagem, mas tem uma atuação um pouco travada. Stephen Amell fez aquilo que sabe fazer de melhor: Oliver Queen. Dando vida a Casey Jones, Amell, teve a mesma atuação sem qualquer tipo de expressão que tem em todos os seus papéis, mas desta vez trocou o arco e as flechas por uma máscara e tacos hóquei. Em si o personagem funcionou bem, mas a atuação compromete bastante um dos mais carismáticos que conhecemos das hqs e animações das tartarugas.

A história do filme traz elementos novos na sua narrativa, mostrando melhor Michelangelo, Leonardo, Raphael e Donatello, com os dilemas pessoais que nós conhecemos (tanto sobre a equipe que eles formam, como a aceitação da sociedade e a vontade de saírem das “sombras”). Essa parte, em relação a 2014, foi muito mais completa, pois conseguimos identificar mais a verdadeira personalidade de cada um deles, mostrando aquela “culpa” que o Rapha sempre trouxe com ele depois de fazer uma burrada, a ingenuidade de Michelangelo em relação aos irmãos e aos acontecimentos, a organização e “nerdice” de Donatello e os conflitos de lideranças enfrentados por Leonardo (que foram abordados de uma forma levemente superficial, mas que já representam um grande a avanço dramático para o filme). Outro ponto que melhorou muito foi o Mestre Splinter, o visual (ainda com aquele coque bizarro) está bem melhor e a personalidade do Sensei está ótima, com ele sendo filosófico, aconselhador e sábio como sempre foi.

O roteiro do filme melhorou muito, a forma como a história vai se desenvolvendo é realmente muito boa, parece que a produção de Michael Bay aprendeu muito com os erros de 2014, ainda mais porque ele não perdeu a oportunidade de dar uma bela referência aos Transformers. Falando em referência, Tartarugas Ninja – Fora das Sombras é muito bom em alívio cômico, que tem a cara das tartarugas que conhecemos, boas referências, que aproximam o filme ainda mais da cultura pop em que está inserida, pois eles são de um mundo igual ao nosso, onde Batman e Capitão América são personagens de história em quadrinhos.

Imagem: Divulgação/ Paramount Pictures
Imagem: Divulgação/ Paramount Pictures

Para encerrar sobre os personagens nós também tivemos Rocksteady e Bepop, que foram aqueles dois capangas que nós conhecemos muito bem. Tiveram um espaço bom durante o filme e uma apresentação e desenvolvimento muito bons. Até mesmo o CG que fez eles estava muito bom, o que por parte das tartarugas ainda não ficou. Sinceramente esse visual novo das tartarugas me incomoda um pouco, não consigo gostar de como fica a pele delas, mas a aparência física de cada uma, em suas particularidades, combina muito bem com a personalidade de cada um deles e por causa disso o visual do CG (para mim) acaba sendo mais aceitável, mas mesmo assim não me agrada.

Apesar de ser um filme ótimo se comparado ao de 2014, o novo apresenta elementos muito bobos, mesmo sendo uma característica da obra original. Fica muito nítido que a intenção desse elementos bobos são para atingir o público infantil. Isso é certo e errado ao mesmo tempo, na minha opinião poderiam ter amenizado essas bobices para que fique mais agradável a todos. Outro problema que se repete são algumas explicações meio bizarras que o filme nos apresenta. No primeiro tivemos aquela história, analógica, da origem das tartarugas, e dessa vez vimos como foi a justificativa para Rocksteady e Bepop terem se tornando aqueles dois “humanoides” que vemos no filme.

Tartarugas Ninja – Fora das Sombras é um bom filme, que tem muito mais a cara das verdadeiras tartarugas que conhecemos, trazendo uma história contada de uma forma bem melhor, com personagens bacanas, mesmo que tenham atuações regulares. Só é uma pena Michael Bay ser tão preso aos Transformers, pois a fotografia do filme e outros elementos remetem muito ao dos Autobots. As cenas de ação e perseguição também evoluíram muito, ainda mais porque agora tivemos o caminhão de lixo personalizado.

Apesar de muito elogios (feitos por mim) o filme ainda tem seus erros bobos, grotescos e bizarros, apresentando explicações medianas ou que poderiam ser diferentes sobre alguns assuntos. Infelizmente continuamos sem ver o Destruidor que conhecemos, o que vimos foi um vilão secundário cheio de fanservice (tais serviços prestados para os fãs que foram ótimos) caindo na história mais um vez. Michael Bay precisa de uma vez por todas criar uma independência produtiva fora do mundo dos Transformers porque fica visível que sua produção resgata muitos elementos dos primeiros filmes, principalmente a fotografia. Por fim, o filme foi muito mais completo em toda sua construção e nos trouxe um filme que os fãs mereciam, depois do fiasco de dois anos atrás.

 

Nota do autor para o filme:

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