Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures
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Não é de hoje que temos filmes baseados em histórias reais, e também não é de hoje que os diretores e roteiristas sabem contar muito bem essas histórias. Com Cães de Guerra (War Dogs) isso não é diferente, mas mesmo que o longa protagonizado por Miles Teller e Jonah Hill seja bom, ele ainda é um pouco problemático.

Narrando a história de David e Efraim, o filme mostra dois sonhadores em lados opostos, mesmo sendo “melhores amigos”, David é o certinho, ainda jovem, mas tem sua própria casa, mulher e responsabilidades. Efraim é o esperto, fanfarrão, malandro, sem nenhum tipo de compromisso. A intenção de ambos é uma só: ganhar dinheiro e morar em Miami Beach. Ainda mais para David, que tira o sustento de massagens, mas é aí que Efraim chega com o “negócio” da china e a “venda” de armas faz ambos enriquecerem.

A história, em si – o material bruto – é ótimo e soube ser transmitida para o longa, de fato. O problema é que ele aceita uma condição mediana, e mesmo tendo um bom desenvolvimento, dividido como em atos teatrais, o filme não cresce nos momentos decisivos. Por isso Cães de Guerra não se sustenta por completo e isso compromete bastante o ritmo do filme, que conta calmamente a sua história e por essa falta de “intensidade”, em vários momentos, o longa se torna cansativo, parecendo que não irá acabar nunca.

Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures
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Outro problema é o conceito de algumas cenas, que mostram claramente como serão as soluções futuras da história. Quando se trata de filmes baseados em histórias reais nós sempre esperamos uma virada, um twist, realmente queremos ver algo surpreendente, mas em nenhum momento Cães de Guerra consegue apresentar esse fator, primordial para um filme do gênero. Além disso Jonah Hill é o grande ponto fraco do longa, o personagem é muito mal construído, a combinação entre conceito (na construção de Efraim) com o visual (que irritantemente queria a todo momento ser uma cópia de Tony Montana, já que o personagem adorava o filme Scarface) são terríveis. Ressalto, ainda, a risada dele, que incomoda sempre que aparece, sendo pior do que a gargalhada do Coringa de Jared Leto, em Esquadrão Suicida. Para mim Jonah Hill nunca foi capaz de carregar uma história nas costas, por isso sempre que está em evidência é quando está acompanhado de um outro protagonista, geralmente um bom ator para falar a verdade.

E é nesse gancho que falo da surpresa que Miles Teller (Quarteto Fantástico, 2015) foi no longa, não acho o rapaz lá uma maravilha de ator, mas admito que interpretando David, Miles, está ótimo e graças a ele o longa se torna interessante. A história é mais sobre ele, suas escolhas e atitudes, do que realmente o fato de vender as armas em si. O personagem é ótimo, e Miles soube trazer camadas que agregaram muito para a história, pois em vários momentos o enredo é movido pelos seus conflitos sobre o que é certo e errado(naquele momento), seguir em frente pelo dinheiro, mentir ou falar a verdade, entre outro vários problemas pessoais e “sociais” que pesam nas suas decisões. O único problema do arco de David era a esposa, Iz (Ana de Armas). A personagem funciona no contexto da trama, mas me lembrou muito da série Arrow, que mais parece uma novela mexicana, aprofundando muito conflitos chatos sobre “aí meu deus, Carlos, você mentiu para mim. Eu não posso suportar essa mentira, o que mais você esconde de mim? Oh, Deus, e agora o que faço com minha vida?!“. É irritante, de certa forma.

Imagem: Divulgação/ Warner Bros. Pictures
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Para ser realista esses problemas comprometem o filme, que é bom, mas tinha potencial para ser ainda melhor. A história ainda conta com a participação, e produção, de Bradley Cooper, esse sim um bom ator e soube aproveitar muito bem as suas cenas, interpretando Henry Girard. Aliás, vale ressaltar, que boa parte da equipe criativa e produtiva já havia trabalho junto na trilogia de Se Beber, Não Case. Cães de Guerra não se assume como uma dramédia, mas é sim um drama e tem doses cômicas. Com certeza não iria funcionar se assumisse tal identidade, pois assim seria uma releitura, e a proposta é contar o que realmente aconteceu com a dupla de amigos. War Dogs (Cães de Guerra) traz um boa história, bem contada, cansativa, mas bem contada. Tem problemas, assim como qualquer filme, mas os pontos positivos da história se sobressaem mais do que os negativos, mesmo que estes comprometam algumas coisas no longa de Todd Phillips.

 

Nota do autor para o filme:

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