Imagem: Adoro Cinema
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Um dos filmes nerd mais aguardados do ano está entrando em cartaz no Brasil, Esquadrão Suicida, que reuni alguns dos grandes vilões da DC Comics apresenta um filme divertido e que funciona, mas não é perfeito. O filme tem nuances interessantes, pois seus personagens funcionam muito bem dentro da história, e apesar disso a forma como são explorados deixa a desejar, infelizmente.

Inicialmente o longa tem um ritmo ótimo, onde ele introduz a história, com flashbacks, mostrando onde os personagens estão e desde o início com Amanda Waller no comando. Quando Waller apresenta cada um dos membros da Força Tarefa X, tem uma arte muito legal, que remete muito aos primeiro volumes da HQ do grupo, onde é mostrada a “ficha criminal” de cada um dos membros, e o filme faz isso de uma forma bem legal e diferente para apresentação dos personagens.

No começo, obviamente, alguns tem uma apresentação mais construída do que a de outros, e acredito que até para o desenvolvimento de todo o filme teria sido melhor ter feito algo igual (em tempo) para todos. Lógico que ao longo da história alguns teriam mais destaque do que os outros. Assim como foi com Pistoleiro, Arlequina, Waller e Rick Flag são os personagens com mais foco durante o filme, mas mesmo assim ainda faltou uma garimpada neles. A relação entre Flag e Pistoleiro funciona perfeitamente, ela é bem fiel as HQs, e me agradou bastante a forma como os dois vão interagindo ao longo do filme. O grupo todo tem uma interação bem básica, pouco desenvolvida, e que em alguns momento fica muito forçada, em uma das poucas falas de El Diablo isso fica bem evidente. Este por sinal é mais um que funciona muito bem na história, levanta um conflito pessoal que não é novidade, mas chama um pouco a atenção. O problema foi ele não ter destaque durante todo o desenvolvimento do filme e ser apresentado, de fato, já no terceiro ato da trama.

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É engraçado e até contraditório, todos os personagens funcionam bem no filme e na história, mas a forma como eles são trabalhados ao longo do arco principal do filme é muito básica, muito superficial, eles não tem tempo suficiente de tela, devido a falta de ritmo do filme que não tem uma constância. (Arrisco a dizer que o filme deve ficar muito melhor na sua versão definitiva). Depois que Batman vs Superman não superou as expectativas de bilheteria, nós soubemos que Esquadrão Suicida passou por refilmagens, até aí tudo bem, mas o problema é que essas cenas se destacam por ficarem fora dos padrões que o filme tenta apresentar. Funcionam, como eu já disse, e continuarei dizendo. Com essa questão dos personagens não serem bem trabalhos entram vários pontos que poderiam ser mais desenvolvidos, até mesmo na Arlequina, que é um dos destaques do filmes. A atuação de Margot Robbie é sensacional, ela incorpora muito bem a personagem, é uma adaptação realmente fiel, mas eu senti falta de intensidade dramática na personagem, parece que ela começou o filme com tudo e foi decaindo um pouco ao longo da história. Algo que influenciou isso foi a relação dela com o Coringa, pois ela ficou emotiva até de mais em certos momentos, e o próprio Coringa de Jared Leto (que não ficou bom, nas poucas cenas que apareceu).

Para terminar com a questão dos personagens e das relações, algo que o filme ficou devendo, e que particularmente eu adoraria ter visto, foi a relação entre Pistoleiro e Arlequina, que não tiveram aquele envolvimento/relacionamento, que poderia ajudar até em explorar um arco de libertação da personagem fazendo ela crescer dentro do Universo DC nos cinemas. Um dos grandes problemas da Warner e da DC Comics, que eles precisam arrumar pra ontem, são os seus trailers. Os trailers de Esquadrão entregam as melhores piadas do filme, tem cenas importantes que perdem o impacto, que perdem a graça de serem vistas. O trailer é um dos materiais de divulgação mais importante de qualquer filme, mas ele não pode entregar tanto da história. Isso foi algo que me incomodou, fora que muito do que se viu nos trailers também foi cortado da história, e isso dá uma quebra de expectativa quanto aos arcos do filme.

A história é boa, é típica do Esquadrão Suicida, onde eles tem a missão, um deles sabe que existe algo a mais e por fora temos outro problema que eles irão acabar combatendo. Só que para um único filme foi muita história, pois ele começa em um ritmo frenético, apresenta o arco de um possível vilão e já monta um climax intenso e não para com isso até o fim. Seria muito interessante fazer uma pausa entre os dois grandes momentos do filme, onde o grupo poderia ter uma interação maior e melhor do que a cena deles conversando no bar que ficou super avulsa, assim poderiam explorar melhor os personagens e as suas relações, principalmente do Pistoleiro com a Arlequina.

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Fato é que todo o filme, em um contexto bem geral mesmo, poderia ser bem mais simples, mais organizado e menos preguiçoso. Tem muitos elementos que foram praticamente jogados na história, que foram colocados para tapar buracos. A direção consegue ser boa e ruim ao mesmo tempo, ela não consegue aproveitar bem as cena com os personagens, não dá tempo suficiente para eles se apresentarem em câmera, no caso dos secundários. Por exemplo, Katana é uma grande personagem e tem uma história muito bacana, mas quase não é usada no filme, ela é muito figurante. Então esse foi o grande problema do filme, e isso me perturba um pouco porque você vê bons personagens, vê que eles funcionam e que tem personalidade, mas não foram aproveitados como deveriam. Rick Flag ficou devendo muito como líder da missão, não houve uma estratégia de ação pela equipe, e era algo que eu esperava dele.

Existem elementos que os roteiristas resgataram muito bem das histórias de Esquadrão Suicida, pois em vários momentos o filme assume a sua própria identidade e mostra para o veio. Algo que achei interessante foi que a todo momento eles faziam questão de lembrar que são vilões, mas no filme eles começam como vilões e terminam como heróis. Essa distorção de imagem, quanto ao serem os mocinhos ou os vilões, também ficou muito confusa no filme. Em alguns casos é até justificável, mas uma personagem como a Arlequina não tem sanidade o suficiente para ter certas atitudes como ela teve na longa.

Esquadrão Suicida é um bom filme, tem várias peças e elementos que funcionam muito bem, mas a nível de elaboração de roteiro para a construção de personagens o filme fica devendo. Tem boas piadas, tem ganchos interessantes para os próximos filmes da DC, mas se apresenta de uma forma um pouco problemática. Não pense que sou cri-cri de mais, assim como eu soube reconhecer os defeitos também fui capaz de identificar o que o filme tem de bom. As cenas de ação são ótimas, temos boas sequências de lutas durante o filme e que são bem filmadas por David Ayer. A única cena que achei meio confusa, foi o embate final entre os vilões-heróis contra a vilã do longa.

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Para finalizar, gostaria de ressaltar o visual, a fotografia do filme, que é impecável. Existe uma mescla perfeita entre o “colorido” e o sombrio, o que ficou maravilhoso para o filme, pois você tem ali Coringa e Arlequina (por exemplo) que são coloridos, mas de resto são vilões, personagens noturnos e até mesmo sombrios. Então o visual de Esquadrão Suicida ficou perfeito, pois casou muito bem com o tom dos personagens apresentados na história. As atuações de Will Smith, Viola Davis e Margot Robbie são sensacionais, os dois primeiros já poderíamos esperar algo de ótimo para cima, mas no caso de Margot Robbie a história é outra. A atriz conseguiu dar vida a uma das personagens mais queridas da DC Comics, e mesmo que eu tenha reclamado da sua falta de intensidade, me sinto muito satisfeito com a personificação da Harley no filme.

O resultado é um filme bom, com vários elementos que são bons e cabem no longa, problemas todos os filmes tem, não há como agradar a todos. Mas como adaptação Esquadrão Suicida está ótimo, fiel em vários sentidos, mostra referências ótimas e resgata a essência das HQs. O filme da Força Tarefa X não é um desastre, está longe de ser um, ele só tem potencial para ser muito melhor do que ele foi.

Suicid¹: A história de Esquadrão Suicida é bem posta no começo, o projeto da Força Tarefa X só acontece porque Superman morreu, isso fica bem evidente, mas igual parece que o filme ficará na sombra desse universo que a Warner a DC Comics estão começando.

Suicid²: As aparições do Batman são poucas, eu adoro o Batman do Affleck, mas como o longa tem esse problema em trabalhar os personagens o morcegão ficou muito largado na história, apareceu só como complemento do flashback da Arlequina. E isso é um erro, que começou tirando a ação da Força X de Gotham e por isso Batman não teve tanto envolvimento na história. (As cenas dele são as que estavam no trailer)

 

Nota do autor para o filme:

[yasr_overall_rating size=”medium”]